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Já fazia uma semana que o garoto dormia.

Em meio a febres, pesadelos, gritos e choros, ele ainda dormia. Wei Wuxian sempre estava ao lado do alfa o acalmando com o seu próprio cheiro, talvez se arrependesse depois, mas não deixaria de cuidar de alguém que estava naquele estado, já que ele mesmo sabia como era. E nunca teve ninguém que cuidasse dele. Teve que superar tudo na marra e se pudesse evitar que alguém ficasse tão marcado quanto ele próprio era, ele o faria.

O ômega refazia os curativos do alfa como instruído e não saía de seu lado. Queria estar ali quando ele acordasse. Foi quando viu as pálpebras dele tremer e ele abrir os olhos devagar. Wei Ying se deparou com um um par de olhos dourados diante de si que o olharam com medo, mas logo viraram desespero quando ele se aproximou mais.

_Não tenha medo. Não vou machucar você.

Ele se encolheu na cama com os olhos cheios de lágrimas.

_Você está seguro. Está tudo bem. Como você se chama?

O garoto apenas desviou o olhar com cara de quem queria fugir dali, mas seus músculos não permitiam ele se mover, já que tudo doía muito, principalmente suas mãos.

_Eu me chamo Wei Wuxian, se preferir, Wei Ying. Eu encontrei você ferido e trouxe você para a minha casa para cuidar de você. Volto a dizer, não vou lhe machucar. Você é livre para ir embora ou ficar se quiser, caso não tenha para onde ir quando se recuperar. Mas preciso apenas de seu nome para saber como chamá-lo. Se não quiser dar o nome completo, pode ser só o primeiro, ok? – o alfa percebeu vagamente que conhecia aquela voz gentil e suave. Ela estava em meio aos seus pesadelos e delírios.

_Wangji. – falou ele e Wei se surpreendeu em como a voz do garoto era grave.

_Wangji. Quantos anos tem?

_Dezesseis e meio.

_Quer falar o que houve?

Ele fez que não com a cabeça e seus olhos se encheram de lágrimas novamente.

_Tudo bem. Tudo bem. Não precisa. Você tem pais? – ele fez que não com a cabeça, não era mentira, os pais dele já haviam falecido. – Alguém de sua família que se preocupe?

_Ninguém. – ele mentiu. Sabia que o irmão se preocuparia assim que soubesse do sumiço dele, mas não queria voltar pra casa. Não queria voltar para as obrigações da seita e os anciãos o pressionando a cada dia, o fazendo ter crises de ansiedade cada vez piores.

_Eu vou pegar algo para você comer e beber ok?

Wei Wuxian se pôs de pé e ao se virar ouviu:

_Não vá por favor... – a voz dele abaixou devido ao choro que se iniciou – Não me deixa sozinho...

Aquilo quase partiu o coração de Wei Wuxian e ele teve que respirar profundamente para limpar a mente de lembranças inconvenientes.

_Wangji, aqui não tem ninguém. Sou apenas eu. Ninguém vai te fazer mal algum, eu lhe prometo. Eu só vou abrir a porta, - ele a abriu – caminhar pelo corredor até a cozinha e lhe trazer algo para comer e beber ok?

Wei Wuxian voltou um tempo depois com uma bandeja na mão com tigelas de sopa e uma jarra com chá e água. Ele colocou a bandeja numa mesa baixa e ajudou Wanji a se sentar.

_Como você ainda não pode usar as mãos, vou te ajudar a comer.

_Obrigado.

Wei Wuxian colocou algumas mechas dos cabelos de Wangji atrás das orelhas dele e tendo o cuidado de assoprar a sopa, começou a dar para ele colheradas e ouviu o outro tossir.

Marcas [Concluída - Revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora