I Want Her Back pt. 1

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Saia do trabalho ouvindo música, tentando esconder a dor que sentia desde que André Navarro resolvera terminar comigo duas semanas antes.
Ao pisar na calçada fora da empresa, o vi. Usava sua camiseta da Play9, shorts e seus óculos de grau. Nas mãos tinha um buquê pequeno, um cartão rosa e um ursinho.
Atravessei a rua, tirei os fones:
- Oi, Ellie.
Disse ele com a voz rouca:
- O-O que você tá fazendo aqui, André?
Indaguei surpresa ao mais velho. Estendeu o ursinho, o buquê de jacinto. Inevitavelmente sorri, segurei as coisas:
- Vim pedir desculpas.- Antes que pudesse abrir a boca, ele se apressou- Eu estava tão estressado com meu trabalho; magoado com as palavras da sua mãe contra mim e minha família que não raciocinei direito e simplesmente joguei fora o meu verdadeiro amor. Eu fui realmente egoísta e sinto muito, mas também me estressei um pouco quando você nem ao menos quis me compreender. Aquela decisão foi... A pior de toda minha vida.
Era perceptível seu arrependimento e tristeza na voz. Suspirei, com uma mão segurei meus presentes e com a outra peguei em seu braço:
- Vamos conversar em outro lugar, Navarro.
Fomos ao pontilhão que ligava um lado ao outro da rodovia. Encima dele, falei:
- Navarro, eu te desculpo pelas suas "grosserias" que você falou quando terminou comigo.- Seu silêncio parecia ser de quem estava inquieto- Só isso? Posso ir agora?
Fiz menção de me afastar, porém sua mão segurou meu pulso delicadamente:
- Não. Eu gostaria de saber se você me aceitaria como namorado novamente? Eu sei que não mereço, mas eu te imploro.
Queria beijar sua boca, mas não sabia se devia confiar naquelas doces palavras. Parecia muito surreal ver alguém tão orgulhoso voltar atrás:
- Você realmente me ama ou só está arrependido?
Perguntei mantendo a guarda alta, pela primeira vez vi aquele homem calmo se exaltar:
- Eleanor, não teve um maldito dia em que eu não pensasse em você. Quando, no sábado, nossos amigos foram em casa, nunca senti falta de algo ali como senti falta de você. Eu nunca pensei que nem ao menos conseguiria dormir de saudades, arrependimento como foram essas semanas. Não conseguia nem focar no trabalho. Quando percebi que você me bloqueou, me senti tão mal que nem comi naquele dia. Eu te amo, Eleanor! Eu quero tentar novamente. Sinto falta de você; das suas loucuras; dos seus momentos doces... Céus, eu nunca estive tão louco por uma mulher quanto por você.
Sentia minha cabeça girar. Me apoiei na grade para não cair:
- Navarro...
Balbuciei:
- Então, aceita?
Assenti emocionada:
- E-Eu aceito, mas...
As palavras pareciam se embaralhar em minha mente então o homem me incentivou à continuar a frase:
- Mas?
- Mas tenho algumas condições para isso. Relaxa que não são coisas tão absurdas.
Suspirou:
- Primeiro: Não vamos nunca mais deixar ninguém se intrometer na nossa relação. Somos só nós dois.- Assentiu concordando- Segundo: Sem postar nas redes sociais. Um namoro low-profile para não atrair mal-olhado. Terceiro: Não quero mais a Graziela no nosso círculo de amizades. Ela é bacana? É, mas também muito intrometida e isso me deixa muito desconfortável.
Seu risinho de canto me deixou boba por alguns segundos:
- E também não vamos mais esconder o que estamos sentindo um do outro. Diálogo. Se você quer que eu confie em você, você tem que confiar em mim. Sem mais esconder sentimentos.
Concordou e falou:
- Mas também não quero você reclamando de tudo, Ellie. Isso me deixa inseguro.
Dei um sorriso sabichão:
- Por isso, se você me provar durante essa semana que é merecedor, vou morar com você.
Os olhos castanhos saltaram da órbita:
- Mas e sua mãe?
Questionou um pouco amedrontado:
- Ela vai ter que aceitar. Não sou mais uma criança, já sou maior de idade. Ela não pode interferir na minha vida para sempre.
Seu olhar orgulhoso me fez soltar tudo e beijá-lo. Seus lábios com os meus, suas mãos me segurando como antigamente. Ri feliz:
- Descobri que tenho 1,56.
Contei assim que separamos um pouco os lábios:
- Minha smurfette.
Rimos, voltamos a nos beijar cheios de saudades.
Estava magoada ainda? Sim, mas sabia que a gente iria superar aquele momento juntos.
Minha mente não focava mais no ônibus, mas ali, naquela minha segunda chance.
" Obrigada Daniele", pensei.

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