Capítulo um: 24 meses antes

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Era noite quando James se aproximava do Aeroporto Internacional de Barcelona. Era uma noite fria de dezembro com muita neve. O frio deixava seus braços arrepiados de uma forma que nunca iria sentir no Brasil. O aeroporto estava pouco movimentado, alguns embarques ali, outro voo saindo no portão trinta e quatro, nada que já não estava acostumado.

Seu voo era o próximo. O embarque já havia começado. Porem nunca se dava ao trabalho de ir para uma fila e aguarda sua vez. Era de seu costume esperar e ser o último a entrar na aeronave.

James sempre gostou de literatura. Lia diversas coisas, e, naquela noite estava desfrutando dos contos e histórias emocionantes de George Martin (as crônicas do gelo e do fogo). Enquanto lia, James perdia noção do tempo, e quando se deu conta, todos estavam dentro da aeronave e já chamavam pela última vez para o embarque pelo microfone.

Chegara a hora de ir. James que sempre andava com pouca bagagem - uma bolsa se mão e uma mala média, nunca com maisbde quatro camisas, quatro calças, dois pares de sapatos e dois pares de meias - facilitando suas viagens cotidianas. Sua passagem de primeira classe era sempre bancada pela empresa em que prestava serviços. Claro que James não poderia reclamar, seu trabalho eta considerado de "o emprego dos sonhos" de muitas pessoas.

James nunca gostou dessa afirmação, pouco tempo ele tinha para passar com amigos ou familiares, mas sua renda era necessária, pois assim podia ajudar sua família e aproveitar a vida como sempre gostou. Afinal, quem não gostaria de viajar o mundo sem precisar se preocupar com gastar fortunas em hotéis e passagens?

Ao chegar à recepção, a aeromoça pede seus documentos junto de sua passagem, procedimento padrão. Sem muita demora, James se vê caminhando para a aeronave. Algo muito estanho acontece em seguida, James percebe que uma moça estava atrás dele, uma passageira também. Não tinha notado sua presença até a aeromoça falar com ela.

- Boa noite, poderia apresentar sua passagem e documentos? - perguntava a aeromoça (em espanhol).
- Sem problemas - responde a mulher.

James na tentativa de enxergar seu rosto acaba batendo de frente com o copiloto que no choque faz os dois caírem no chão.

- Me desculpe senhor - diz o copiloto.
- Eu é que peço desculpas, aqui - James se levanta e estende sua mão para ajudá - lo a se levantar - deixe me ajudar o senhor.

A aeromoça que fica na porta da aeronavr ajuda James e o copiloto, em seguida conduz James ao seu assento, na primeira classe.

James incomodado por não ter conseguido ver o rosto da moça que vinha atrás dele, tenta imaginar em que assento ela estaria. Primeira classe? Segunda? Poderia ser muito bem a primeira classe devido a alguns lugares vazios. - os europeus não gostam muito de voos noturnos.

O senhor sentado ao lado de James aparentava estar doente. James chama uma aeromoça e pede para trocar de lugar. Atendendo ao pedido, James passa para o outro lado da aeronave, e senta na janela. No horizonte podia ver as luzes da cidade de Barcelona e se recordava o quanto gostou de sua estadia.

O principal fato para sua boa estadia se chamava Tereza. Uma espanhola de cabelos ruivos e olhos claros que James havia conhecido em um restaurante de comida italiana.

Como de costume, não passou de uma simples noite de prazer em seu de hotel, e se deu ao trabalho de levantar cedo para ir ao encontro de um dos clientes que o aguardava naquela manhã. Ao voltar para o hotel, havia um simpled bilhete junto de um lenço listrado, preto e branco, sob a cama que dizia:

"Querido James, não posso dizer em palavras o quão maravilhosa foi a noite passada para mim. Espero que para você também tenha sido. Entendo que tenha que tratar se negócios hoje, mas sinto w vai me procurar outra vez. Por isso deixarei eu telefone junto do meu endereço no final deste bilhete. Ligue para mim quando puder, acredito que temos muitas coisas em comum. Com grande ansiedade, Tereza"

Logo em baixo seu número de telefone com endereço que havia mencionado antes.

Para James, isso era mais uma história para contar a seus amigos quando voltar para casa. Muitas outras mulheres já haviam se perdido em seu charme. James já havia perdido as contas de quantos bilhetes como aquele ja tinha jogado no lixo. Sempre muito frio e direto.

Ao voltar a olhar para o corredor, James percebe que uma mulher de cabelos pretos, longos, caminhava em sua direção. Vestia uma calça jeans e uma blusa azul, com um moletom por cima.

Logo ele percebe que era a moça da recepção. James se perde em seu olhar enquanto caminhava em sua direção.

- com licença senhor, este é meu lugar. -diz a moça.

James não entendendo o que estava acontecendo fica constrangido.

- perdão, o que disse? -pergunta James.
- este é meu lugar - repete a moça.

Jamea se recorda que havia trocado de lugar devido ao senhor que estava doente ao seu lado.

- há, desculpe me, havia pedido para trocar de lugar por causa do senhor que esta doente ao lado do meu assento. - explica James.

- Bem, ouve jm engano, esse lugar é meu. - a moça falava de forma séria e direta, como se estivesse estressada de um longo dia de trabalho.

James se levanta e pede desculpas novamente, em seguida chama por uma aeromoça e explica a situação.

- senhor, me desculpe, mas o lugar desocupado que havia lhe oferecido para sentar e ao lado da moça, e não o da janela. - explica a aeromoça.

-entendo, tudo bem. Não é problema algum. - responde James.

Ao voltar para o assento ao lado da moça estressada - se é que ele pode chamar ela assim - James tenta esquecer o que aconteceu e pede desculpas a moça.

- Desculpe pelo mal entendido, espero que compreenda.

A moça somente faz um gesto com a cabeça e volta a olhar pela janela.

Será um longo voo de volta para o Brasil, pensa ele.

Após o anúncio do piloto de que estava tudo pronto para decolagem, a aeronave começa a se mover. Mesmo viajando muito, James nunca gostou de decolagens, sempre se sentia como se estivesse numa montanha russa. Logo aeronave estava no ar. James percebe que a moça estava rindo.

- alguma graça? - pergunta ele.

Novamente a mica fica sem dizer uma palavra se quer, o que começava a incomodar James. As mulheres sempre deram valor a sua companhia. O que fazia esta mulher diferente das outras?

Como era um voo noturno, muitos passageiros estavam dormindo. James não consegue dormi em nenhum meio de transporte a não ser ônibus. Já sua nova "amiga" ao lado, estava presa em um grande mundo misterioso de uma ficção ou romance que nunca tinha ouvido falar.

Na capa do livro dizia "The last song", - a última música - de Nicholas Sparks. Autor que ele desconhecia. James não gostava de romances, o único que ja havia lido era "a culpa é das estrelas".

Aproveitou o momento, pegou seu livro e deu continuidade a sua leitura também. Era o segundo livro da saga das "crônicas do gelo e do fogo", e estava totalmente apaixonado pela história.
De forma irritante e vingativa, a moça ao seu lado dispara:

- Rob Stark morre.

Sem palavras, James fecha seu livro, olha para a moça e pergunta:

- por que disse isso?

Sem resposta novamente, James repete, porém dessa vez em tom alto:

- Será um longo voo de volta para o Brasil.

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⏰ Última atualização: May 01, 2015 ⏰

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