CAPÍTULO 07.

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∿ʾʾ CAPÍTULO SETE . . . 𓍢 . ࣪ ˖
LANCHE TARDIO

AFRODITE, MESMO APÓS uma semana, ainda sentia uma imensa falta da sua verdadeira comunal.

Para começar, a sua tinha cheiro de cravo e camomila, ao contrário da comunal da Grifinoria, que cheirava a chamas da lareira ━ e o quarto de James e seus amigos, que tinha um cheiro de cachorro molhado impregnado.

Em segundo lugar, a comunal da Lufa Lufa tinha gatos e sapos, enquanto, pelo que parecia, os grifinorios só tinham corujas, que obviamente não podiam ficar nos quartos. Era uma tristeza imensa para Afrodite não ter nenhum animal para acariciar.

E em terceiro, último e mais importante lugar: a comunal da Grifinória, ao contrário da Lufa Lufa, ficava em uma torre alta longe da cozinha ━ longe da cozinha!

Isso era um sacrilégio.

Afrodite não era conhecida por sua disposição a subir e descer escadas, mesmo no corpo de um atleta.

Mas a fome falava mais alto.

Silenciosamente, a garota descia as escadas em direção ao quadro que ela achava que daria acesso a grande cozinha do castelo ━ a última vez que usara a passagem secreta (uma das muitíssimas que existia em Hogwarts) fora em seu segundo ano, por acidente.

Agradecendo a todos os bruxos famosos que conhecia, se empolgou quando parou em frente ao quadro de frutas. Cutucando cada fruta, uma delas se transformou em uma maçaneta. Afrodite girou e entrou.

E então sufocou um grito.

James, no corpo dela, debruçado sobre um banco de madeira, com duas tortas na sua frente, a viu e sorriu. Como ele conseguia dar o mesmo sorriso, mesmo em um corpo que não era seu, era um mistério.

Afrodite sentia que o sorriso que James dava a todos, inclusive a ela, não era seu verdadeiro sorriso; era bonito, claro (James Potter era todo magnífico, mesmo fora de seu corpo), porém não parecia algo espontâneo.

O sorriso que James dava era charmoso, como se estivesse sempre preparado para galantear alguém. Mas tinha algo que não se encaixava, e não era apenas o rosto trocado...

Balançando a cabeça, Afrodite, a passos largos demais que ainda não se acostumara, em pantufas de leão ━ que ela amou desde o momento em que viu (James Potter tem pantufa de animal!?) ━, se sentou ao lado do garoto.

━ Ei, o que está fazendo aqui?

James a olhou. Será que era estranho para ele, igual era estranho para ela, se olhar?

━ O mesmo que você.

Afrodite riu. Estava aprendendo que era muito fácil rir na presença dele.

━ Você gosta de bolo de nozes?

━ Na verdade, sou alérgico ━ James respondeu. Afrodite engasgou com o ar. O bolo que ele estava comendo era cheio de nozes! ━ Antes que surte, devo lembrar que você não é alérgica, portanto...

━ E se eu for?

James parou de falar e arregalou os olhos.

━ Você é?

Ela negou. James bufou e continuou a comer.

Pensando agora, era bom saber que James é alérgico a nozes ━ Afrodite é doida por tal, e odiaria morrer.

Ela diz isso a ele, que ri.

━ Sinto muito por minha alergia lhe privar desta torta. Por falar nisso, você tem alguma alergia que eu deva saber? ━ A menina nega novamente. ━ Ah, que bom, porque eu estou comendo um monte de comida e odiaria morrer ━ A imita.

De algum jeito, essa frase na voz dela ━ a de verdade ━ ficava melhor que na voz dele. Ou era só o jeito que James falava, em qualquer corpo, que tornava tudo mais cômico.

━ Sabe, acho que devíamos nos conhecer melhor ━ De repente, os dois ostentavam bochechas rosadas. ━ Não! Não, não. Quero dizer que devíamos saber mais um sobre o outro para passarmos despercebidos ━ O que Afrodite descobriu ser uma tarefa árdua já que, pelo que parecia, toda Hogwarts, com uma grande exceção dela, conhecia muito bem James Potter.

━ Entendo ━ James pensou por alguns instantes, e a garota se perguntou se ela fazia essa cara quando pensava, ou se era só mais uma coisa que Potter fazia em qualquer corpo e que ficava adorável. ━ Qual sua cor favorita?

━ James, que tipo de pergunta é essa?

━ Responda, temos que nos conhecer.

Afrodite suspirou. Não era bem isso que ela estava falando quando sugeriu a ideia.

━ Lilás. A sua?

━ Vermelho, mas também gosto da cor dos seus olhos. Tipo, os seus de verdade. Desse corpo aqui ━ James parecia estar sendo sincero, sem perceber que parecia muito que estava flertando com ela.

Subitamente, Afrodite sentiu as bochechas esquentarem novamente.

━ Tá, minha vez. Animal não mágico favorito?

━ No três, falamos juntos.

Ela concordou. No três, descobriram que ambos tinham uma grande preferência para gatos. Também descobriram que, por mais que amassem, nenhum deles tinha um gato.

━ Hum, James? Seus amigos Remus e Sirius namoram?

James se engasgou com um pedaço de bolo de laranja.

━ Não. Porque?

Ela não sabia como dizer a ele que havia visto os dois grifinorios aos beijos em um corredor. Afrodite achou melhor não dizer ━ afinal, não cabia a ela lhe contar.

Mas era um pouco deprimente pensar que os melhores amigos de James escondiam isso dele. Afrodite ficou subitamente irritada por eles nao confiarem em alguém como o Potter (que ela já havia percebido ser alguém leal e nem um pouco igual a sua aparência ━ arrogante? Sim, mas com um coração puro), e então percebeu que não cabia a ela ficar, também.

Afrodite tinha a inclinação a se envolver em assuntos que não eram da sua conta.

Mudando o rumo da conversa, para grande gratidão da Crawford, ou nem tanta assim, James começou a falar sobre como o corpo feminino era estranho, que amava seu cabelo pois conseguia fazer coque, e que gostaria de saber o trançar.

━ Eu posso trança-lo, se quiser ━ Ela sorriu.

James desatou a assentir. Levantando-se, ficou atrás dele ━ de si mesma? ━ e agarrou os fios de cabelo da sua antiga cabeça. O garoto reclamou em todo o momento que durou o trançar, ou Afrodite puxava muito, ou puxava pouco; ou estava demorando muito, ou ela estava trançando muito rápido...

Afrodite sentiu vontade de fazer alguns nós, porém sentiu pena de seu cabelo.

No fim, James amou o resultado (para grande surpresa dela, que não fazia nenhuma trança direito), dizendo que dormiria com o cabelo daquele jeito. Afrodite riu.

Os dois parceiros de duelos permaneceram na cozinha, conversando, até o primeiro raio de sol surgir.

No outro dia, o Potter ainda estava com o cabelo trançado, um pouco embaraçado, porém bonito, mostrando que o que ele disse era verdade, e não só uma fala educada.

Quando James fora perguntado por Steve quem havia feito-lhe o penteado ━ o menino tendo o prazer de falar sobre como a Crawford não sabia trançar o próprio cabelo (informação que James guardou para a caçoar mais tarde) ━, repondera que fora uma amiga.

Afrodite, que escutava a conversa no corredor, descobriu que gostava dessa palavra quando se referida de James para ela.

Amiga.

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THE EXCHANGE, james potterOnde histórias criam vida. Descubra agora