Love Song | JENSOO

Parte II

O beijo parecia ser um último fio de esperança e nenhuma das duas queria soltá-lo; os rostos não se desgrudavam nem quando precisavam de ar, se afastar seria doloroso e só conseguiriam uma única vez, quando fosse realmente a hora de ir. Jennie envolvia a cintura fina, coberta pelo corpete, com ambos os braços como se segurasse a única coisa que lhe restava; o que não deixava de ser verdade, Jisoo sempre fora o seu pequeno e bonito mundo.

Uma batida na porta fora ouvida e como se esperassem, não reagiram com surpresa, de certa forma estavam conformadas, aquele era o último momento que elas teriam antes que um abismo fosse criado. Os olhos marejados de Jisoo cortavam o coração da maior, que mesmo tendo aproveitado sua última chance de reafirmar seus sentimentos, não queria que aquilo fosse motivo para deixá-la culpada ou angustiada. As decisões foram tomadas e ambas seguiriam suas vidas, mesmo que uma das partes sabia que abrir espaço para outra pessoa, fosse quase tão doloroso quanto aceitar que sua garota, na verdade, não era sua.

Mesmo antes de perceber que era apaixonada pela melhor amiga, Jennie sabia que ela era sua pessoa, aquela com quem poderia viver qualquer coisa, enfrentar tudo e todo o mundo, algo que vai além do amor romântico, além da posse; abdicar de sua própria felicidade para aceitar a decisão da outra pessoa, esperar pelo tempo que precisasse ou aceitar que em tempo algum, ela iria até si, são coisas que ela fará por Jisoo. Por respeito, por lealdade e por amor.

Terminaram de arrumar o vestido da noiva, todos os botões foram fechados e enfim ela estava pronta. Não se olharam mais enquanto saiam do quarto e encaravam os familiares dos noivos, todos animados, proferindo infinitos elogios para ambas; se separaram quando a noiva foi levada pelo pai, para o local de entrada dos dois e Jennie foi conduzida por outras madrinhas ao seu local correto, entraria depois dos casais de padrinhos e antes da noiva.

O salão estava tomado por pessoas bem vestidas e emocionadas, o clima de um casamento sempre agradou a Kim, mas aquele não poderia, era um dia estranho e pesado; seu peito parecia carregar o peso do corpo todo, os olhos queriam fechar a todo momento. Mas se manteria em pé até o último momento, faria isso por si mesma e por Jisoo; quando tivesse certeza de que tudo acabara, iria embora. A cerimonialista deu o sinal para que os padrinhos entrassem e não demorou para que a garota estivesse sobre o tapete vermelho, caminhando com um falso sorriso e recebendo olhares doces de todos os conhecidos.

Subiu os degraus do altar e ficou ao lado da senhora Kim, esperando para segurar o buquê de lírios que Jisoo lhe entregaria. Quando a marcha nupcial começou a tocar, uma súbita vontade de chorar lhe subiu e o rosto ficou quente, queria deixar as lágrimas caírem, mas ainda não era hora; se deixasse que elas saíssem ali, não conseguiria contê-las por um bom tempo. Não ousou olhar para Donghyun, não queria ver seu rosto iluminado e alegre, não queria sentir raiva dele. Quando Jisoo e o senhor Kim apareceram na ponta do tapete, Jennie não conseguiu ver outra coisa que não fosse ela, inevitavelmente, ali só haviam as duas.

Despertou quando o noivo foi até os dois e recebeu a mão da noiva; os dois subiram ao altar e se ajoelharam em frente ao padre. O buquê foi passado da noiva para a dama de honra, e os olhares se cruzaram pela primeira vez desde o último toque; desviaram rápido e seguiram em seus papeis. As palavras ditas na cerimonia não faziam sentindo algum na mente de Jennie, queria que o tempo passasse mais rápido, suas forças não durariam muito e o local parecia cada vez mais quente. Seus pais lançavam olhares questionadores, de onde estavam podiam vê-la muito bem, mas não entendiam o que causava sua expressão de cansaço e talvez demorassem anos para descobrir; ela nunca fora uma garota aberta e não dividia suas questões com ninguém além de Jisoo.

O "sim" foi dolorosamente dito quase uma hora depois do início da celebração; o beijo dos noivos foi tão rápido que a maior pensou ter piscado por tempo demais. Era sua função devolver o buquê, antes que os noivos saíssem do altar; assim ela o fez, mas sem encarar a noiva, fingiu prestar atenção na barra do próprio vestido, para não tropeçar e com os olhos baixos e um sorriso largo no rosto, deixou que as flores fossem levadas. Tudo que viu depois disso, fora as costas dos noivos, acenando para os convidados e seguindo para a área externa, para que fotos fossem tiradas dos recém-casados.