único

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Changbin espreitou através da penumbra do corredor, vendo somente a luz da cozinha sendo emitida. Precisava chegar ao quarto de chan sem que jisung ou hyunjin visse.

Não devia passar de duas horas da madrugada quando o castanho despertou de súbito de mais um sonho angustiante. Ele sentou na cama e abafou seu grito abrupto, encolhendo o corpo em meio aos lençóis. Vinha tendo esses pesadelos há tempo suficiente para que o líder do grupo em que era integrante começasse a ficar acostumado com suas repentinas visitas no meio da noite. E pode parecer bobeira, mas christopher era o único que conseguia acalmar aquele medo irracional que preenchia o mais novo quando seus pesadelos se tornavam quase impossíveis de lidar.

Com um ímpeto de coragem, changbin se arrastou para fora do seu próprio quarto, se esgueirando pela parede até chegar a porta do bang. Depois que eles se mudaram e ganharam a tão almejada privacidade com os quartos separados, o castanho ficou surpreso que ainda assim o destino deu um jeito para que ele e chan ficassem próximos. Seus quartos eram praticamente grudados um no outro. Isso ajudava changbin em suas fugas, mesmo que seu estômago ficasse uma bagunça pela ideia que um dos mais novos o vissem fazendo isso. Não que tivesse vergonha, longe disso, mas não queria admitir que tinha pesadelos com o dia em que o grupo iria se separar e todos os garotos tomariam rumos diferentes, onde ele acabaria sozinho.

Girou a maçaneta cautelosamente, hesitando antes de entrar de uma vez, a movimentação do han no cômodo próximo o fez quase tropeçar na barra da calça do pijama que vestia.

O quarto de christopher estava silencioso e calmo. Changbin vagou brevemente os olhos pelo ambiente, as luzes de led na parede estavam acesas em um azul fraquinho, que dava contraste à cabeleira do homem deitado de costas na direção do menor. Chan nunca foi o maior fã de escuro. O notebook em cima da escrivaninha estava aberto, mostrando que o mais velho tinha pegado no sono há pouco tempo. Ou pelo menos esperava que ele estivesse mesmo dormindo, sabia da dificuldade do rapaz em dormir. As paredes do quarto eram brancas, possuía uma televisão em frente a cama de solteiro larga fora o guarda roupa próxima a janela. Nada além disso e algumas fotos de chan com felix grudadas na parede perto da porta.

Changbin se arrastou para perto do corpo adormecido, procurando uma brecha para invadir a cama. Parou de andar em círculos quando achou uma fresta no lençol, subiu no colchão com toda a delicadeza que possuía, entrando debaixo do cobertor de chan, o abraçando por trás. Quando fez isso pela primeira vez, um mês atrás, chan tomou um baita susto e quase o chutou da cama, mas atualmente as aparições de changbin tinham se tornado algo comum, então quando o menor o abraçou, ele apenas se acomodou em seus braços e ficou quieto, a respiração amena e o corpo encolhido.

- hoje era meu dia de ser a conchinha maior. - brincou o mais velho, se virando para encarar o rosto de changbin iluminado parcialmente pelo led em cima da cabeceira da cama. - outro pesadelo? - indagou docemente, a palma acariciando o rosto macio e livre de qualquer maquiagem do seo.

Changbin apenas balançou a cabeça, escorregando um pouco para o meio do colchão, até que ficasse com a testa na altura do queixo do australiano. Chan apenas o acomodou melhor em seus braços, trazendo o rapaz para perto, até que seu corpo estivesse encaixado no dele, como peças de um quebra cabeça. Acariciando os fios da sua nuca, chan depositou um selar meigo na testa de changbin, o confortando da melhor maneira possível. Sabia sobre os pesadelos do rapaz quanto a separação do grupo, não queria que ele tivesse esses devaneios, tinha noção o quanto aquilo o deixava mal. Se pudesse, tiraria toda a dor que changbin vinha sentindo com esses sonhos ruins.

- isso é tão ruim. - o castanho relatou baixinho, se encolhendo o máximo que podia. - e tão realista.

- estamos bem, binnie, e perto de você. Nenhum de nós vai embora.. - acariciou o cabelo do rapper.

- promete? - ergueu o rosto, os olhos escuros analisando o homem mais velho. Chan devolveu o olhar, sorrindo bobo por vê-lo tão inofensivo.

- prometo, bin.

Num impulso, changbin voltou a ficar da sua altura na cama, virando-se de costa, para que o maior pudesse abraçá-lo por trás: era realmente o dia dele ser a conchinha de fora. Chan riu fraquinho, sonolento e cansado, arrastando os braços longos pela cintura fina e bonita do menor, até que o corpo dele estivesse encaixado no seu. O azulado depositou um selinho singelo em sua nuca, arrepiando o garoto.

- vou dormir aqui hoje. - avisou, fechando os olhos e alisando os miúdos pelinhos que cresciam pelo antebraço do bang.

- você sabe que não precisa nem pedir, a cama é praticamente nossa. - changbin riu, os fios roçando no rosto do australiano logo atrás. Ele aspirou o cheiro de menta no cabelo do seo e o apertou mais um pouquinho. - gosto quando você dorme aqui, ajuda na minha insônia.

- é uma troca de favores então?

- digamos que sim. - chan suspirou, fechando os olhos. - boa noite, bin.

- boa noite, chan hyung.

Changbin também fechou os olhos, aproveitando do calor bom que emanava do corpo do australiano. Ele logo pegou no sono, dessa vez sem pesadelos para atormentá-lo, por mais que soubesse que na noite seguinte faria o mesmo percurso até o quarto do seu líder e primeiro amor.

FugidinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora