Capítulo 2 - Pior que lixo reciclável

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 Com dificuldade, a coreana jogou a mala de cima para baixo, fazendo-a cair na grama alta. Em seguida, se equilibrou na quina da janela, respirou mais uma vez e pulou. Assim que caiu no chão, em pé, sentiu uma dorzinha começar em seu tornozelo esquerdo, mas isso não foi o suficiente para fazê-la desistir. Já tinha tudo planejado: ia pegar o voo às 23 horas e teria uma nova vida, em um lugar bem distante...

 Com as duas mãos, pegou a mala do chão e o casaco. Vanessa sabia que precisava ser rápida na fuga. Um dos seguranças havia saído para sua pausa de dez minutos, enquanto Song, o mais novo da equipe, permanecia em seu posto. Escondida atrás de uma das colunas do jardim, ela usou o celular para acionar o alarme de movimento, através do aplicativo de segurança que a família usava, alertando o guarda-costas Song de que havia um movimento na área dos fundos da mansão. O plano funcionou, Song recebeu o alerta em seu rádio e abandonou temporariamente seu posto para verificar a suposta invasão.

Às pressas, aproveitando o momento de descuido dos seguranças, ela andou rumo ao portão principal.

Dez minutos é o suficiente, vai dar tempo, pensou ela.

Durante a fuga, Vanessa teve que passar ao lado da porta principal da mansão, onde havia um pé de cerejeira. O vento fez as flores na cor rosa se soltarem de alguns galhos, cobrindo o chão com mais pétalas. Vanessa Kim deu atenção a esse detalhe e admirou as pétalas voando por alguns segundos. A única coisa que ia sentir falta era daquela árvore. Mas, como estava sem tempo para chorar encostada no tronco da cerejeira, como fazia, continuou andando rápido.

Enfim, parou diante do enorme portão de ferro, colocou a senha na fechadura para que ele abrisse e sentiu-se mais leve quando a sola do All Star branco pousou fora do perímetro da casa em que viveu até aquele momento.

Finalmente ia poder escapar daquele inferno, que muitos insistiam em chamar de lar.

Ela foi dando um passo atrás do outro em direção ao ponto de ônibus, que ficava fora do condomínio de mansões. O coração estava acelerado, e seu único pensamento era:

Deu certo? Deu certo mesmo? Estou livre?

Não, não tinha.

Quando Vanessa estava a dois metros afastada do portão principal, ouviu pisadas atrás de si. Ela começou a correr, pois já sabia que eram os seguranças do pai. Mas, por causa do tornozelo torcido, correu com dificuldade.

— Acha mesmo que eu não sei quais são seus passos, Nari? — Yeong-gi perguntou, parando ao lado do portão da casa.

Vanessa até pensou em parar, a fim de descansar, mas, quando ouviu os gritos do pai, voltou a correr sem olhar para trás.

— Levem ela para o meu escritório! — ordenou para os seguranças.

Os homens, que mais pareciam portas ambulantes, correram em direção à coreana. Assim que a alcançaram, um deles a segurou pela cintura, levantando-a no ar.

— Me solta, seu idiota! — gritava, à medida que se debatia nos braços do homem.

— Senhorita Kim, só estou cumprindo ordens! — Yung-ji, segurança pessoal de Vanessa, respondeu.

— Me solta agora! — ela voltou a gritar.

Desta vez, o homem não respondeu. Ele a levou para dentro da mansão em seus braços. Quando parou de frente para a porta do escritório de Yeong-gi, ele a colocou no chão. Vanessa tentou correr de novo, mas sentiu o tornozelo torcido doer e deu um grito, caindo no chão.

— Senhorita Nari! — Yung-ji gritou, preparando-se para ajudá-la. — Se continuar assim, você vai morrer. Por favor, pare de lutar contra ele! A senhorita sabe que ele é poderoso — o guarda-costas disse, fazendo-a ficar de pé. Depois, ficou de joelhos para analisar o tornozelo dela e viu que já estava inchado. — Vou trazer gelo.

(ATUALIZANDO) Woori - Série Médicos Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora