namora comigo.

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Eu tava nervoso, andando de um lado pro outro debaixo da arquibancada do campo de futebol gigantesco da escola, que agora se encontrava completamente deserto, as mãos suando, pernas tremendo, boca seca, estava chegando a um ponto em que eu não sabia se era nervosismo ou um infarto. Eu tinha jurado pra mim mesmo que de hoje não passava, já faziam meses que eu me encontrava preso nisso,  sentia que se eu passasse mais um dia sem resolver essa situação eu surtaria.

Não lembrava como foi que aconteceu mas quando percebi, eu já tinha um caderno inteiro de músicas escritas pra ele. Talvez tenha sido quando ele me deu a última bala do pacote sem pestanejar, ou quando eu disse que não queria ir pra aula e ele disse pra eu ficar tranquilo que ele marcaria minha presença, pode ter sido também quando ele me beijou pela primeira vez ali naquele mesmo lugar, mas eu tinha quase certeza que foi quando eu vi o sorriso dele pela primeira vez. Amor a primeira vista? Talvez.

Tava tudo pronto, eu tinha o violão, a letra da música decorada e também um discurso perfeito pra convencer ele de que me namorar era sim a escolha certa. Eu gostava dele e ele de mim, o que poderia dar errado?

Mas se eu tinha tanta certeza assim, por que minha barriga não parava de borbulhar? Por que minha mente não parava de tentar me sabotar dizendo que eu devia ter ensaiado mais? Eu ensaiei por duas semanas e eu sempre fui bom tocando violão, que insegurança boba é essa do nada? É assim que funciona quando a gente está apaixonado?

Eu tava doido pra cantar pra ele, escrevi a música pensando no futuro que podíamos ter juntos, o futuro que eu sempre imaginava antes de dormir.

— Oi Ji, desculpa a demora, é que eu encontrei o Chan no caminho e ele começou o discurso sobre o quanto matar aula é errado — Ele tinha um sorriso lindo no rosto, então eu cai na real, o sorriso havia sido mesmo a causa.

— Oi hyung…. Você nem demorou tanto assim, tá tudo bem.

— Pra quê o violão? você tava ensaiando alguma música da banda ou algo assim? Olha se for, eu te deixo sozinho, acho que aqui eu só vou atrapalhar, a gente se encontra no almoço e… — Ele começou a argumentar se levantando do banco que havia sentado pra fazer o caminho de volta.

— Namora comigo? — eu perguntei alto e claro cortando a frase dele, que tipo de idiota eu sou? Tudo bem que eu tava nervoso mas isso não justifica tamanha burrice, passei semanas ensaiando pra que fosse tudo perfeito e estraguei tudo em questão de segundos, eu tinha potencial pra ser mais conquistador do que isso, eu só conseguia pensar que quando chegasse em casa bateria minha cabeça na parede 15 vezes.

— Namoro — ele respondeu tão alto e claro quanto eu.

— Que?

— Que o que?

— O que você disse?

— Eu disse que namoro com você.

Silêncio……

— O que foi? Você não quer mais? — Minho questionou com a sobrancelha levemente arqueada.

— Não quero mais o que?

— Namorar comigo? Mudou de ideia?

— Claro que não, eu quero muito namorar você.

— Ok, então vamos namorar — Mais um sorriso, a causa era com certeza o sorriso.

— Fácil assim?

— E por que seria difícil? Eu já disse que gostava de você.

— Eu preparei uma música e um discurso pra te convencer que namorar comigo não é uma ideia tão terrível assim.

— Não precisava, eu já queria namorar com você faz tempo, mas fiquei com medo de falar algo, você sempre fica todo estranho depois que a gente se beija ou que eu digo que gosto de você.

— Eu fico nervoso.

— Por que?

— Porque eu gosto de você.

— Eu também gosto de você — Ele caminhou com os olhos brilhando e um sorriso de canto até estar bem perto de mim — Toca pra mim.

— O que? — Perguntei espantado.

— O violão Hannie, você disse que preparou uma música.

— Ah, tocar o violão — disse aliviado, eu era mesmo um idiota.

— Isso…. — parou pensativo — Espera ai, do que você pensou que eu tava falando?

Um silêncio muito constrangedor pairou no ar, eu tava namorando a 2 minutos e já tava passando esse tipo de vergonha, pelo amor de Deus, como o Minho aceitou namorar com um idiota desse.

Ele começou a rir alto e eu fiquei vermelho.

— Deixa isso pra lá, agora toca….

Eu ainda tremia um pouco de nervosismo, a presença de Minho fazia coisas estranhas comigo, eu já tinha esquecido toda a letra da música, tudo havia acontecido muito rápido porém mesmo assim, peguei o violão que estava encostado no banco ao lado.

— Jisung, eu não to mais falando do violão.



fim.

idiota | minsung.Onde histórias criam vida. Descubra agora