Para: KUm corpo miserável entregue a qualquer um
Falsos prazeres, único desejo incomum
Peito vazio
Alma enriquecida
Fraca e feridaImunda dizia a si mesma
Vadia, ouvia-se a mesa
Gostosa, assobiavam na rua
Puta, sussurravam-lhe quando estava nuaNão era dona de si
Negava o auto controle sem remota ilusão
Vivia de açoite imaginando algo que não fosse solidão.As mechas de cabelo emaranhadas
Como ousas deixar que a abusem?
Os hematomas de longas madrugadas
Envolvida na própria ferrugemNão sente saudade
Não sente necessidade
A maior carência adquirida foi a falta de um coração
Ao qual lhe foi arrancado, sem a digna atenção
Pelo primeiro homem que a condenou,
O único que ela amou.Corpo feito sob medida pra atrair olhares maliciosos,
Falas tendenciosas
Pensamentos sexistas com intenção de partir a imagem de moça doce que jamais deixou por virGarota de risadas falsas e unhas de plástico
Maquiagem borrada e dinheiro preso num elástico
Meia arrastão, corpete e saia jeans
Não cobra, mas permite que lhe vejam assim.Ela se tornou miseravelmente o fruto da degradação crescente
Uma alma negra girando no vazio de entorpecentes
Seu corpo preenchido pelo de outro alguém
E nas memórias a figura de ninguém.₵ⱤɄɆ₲ɆⱤ
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PATÉTICO
PoetryColetânea de textos, contos e poemas pessoais. 1° no Ranking Autobiográfico. (05/2023)