Confusão

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Will se pergunta o que havia acabado de acontecer. Hannibal pareceu... ofendido. Quase pareceu uma piada. Será que ele havia ferido o ego do canibal? Impossível.
      Pensou se deveria arriscar chamar pelo nome do psiquiatra ou esperar que ele saísse do quarto por vontade própria.
      “Ele pareceu, se é que é possível, desnorteado. Será um jogo?”, pensou Graham. A reação de Hannibal foi mais emotiva do que Will acreditava que o outro era capaz.
      - Hannibal! – decidiu por chamá-lo.
      Nada de resposta.
      Tornou a gritar seu nome por mais umas duas vezes, e a última adicionou:
      - Preciso de ajuda – parou – por favor!
      Só então ouviu a porta se abrir.
      - Com o que? – questionou Hannibal
      - O que?
      - Com o que precisa de ajuda?
      Will parou para analisar a pergunta, porque ele não sabia o que dizer. Falou que precisava de ajuda somente para ver se Hannibal se compadeceria, e assim foi. Agora, o que ele falaria?
      - Eu preciso ir ao banheiro, mas minha perna dói demais, não consigo levantar sozinho – ele sequer havia tentado.
      - Tem certeza que já quer levantar? Você precisa de repouso... – afirmou Hannibal, parecendo realmente preocupado com o outro.
      - Hum – pensou por um instante – tudo bem, eu espero um pouco.
      Will agradeceu em pensamento a fala de Hannibal. Ele não precisava ir ao banheiro, de qualquer forma.
      O psiquiatra já se dirigia para o quarto novamente, mas foi interrompido pela voz do professor:
      - Me desculpe.
      - Pelo que?
      - Fui presunçoso e prepotente, aparentemente. Percebi que se ofendeu com o que eu disse sobre você não ter coração. Porém, você sabe que não pode me culpar por eu achar isso, não sabe? Você não é bem um exemplo de anjo da guarda, Hannibal...
      - Bom, tenho que admitir que você está certo em duvidar das minhas intenções, mas garanto que não estou interessado em lhe fazer mal. Não tenho nenhuma motivação para isso.
      - E das outras vezes? Qual foi a motivação? – perguntou Will, buscando olhar nos olhos do psiquiatra.
      - Eu te considero uma pessoa extremamente interessante, Will Graham. Me intriga saber como as coisas acontecem, e quem você se tornaria.
      - E teve alguma resposta sobre essa mudança, por acaso?
      - Você, para falar a verdade, se tornou exatamente quem eu esperava.
      - Se estivesse na escola, eu teria então me tornado um dos maus garotos...
      - Tudo bem, é uma forma de se colocar.
      - Então você aprova essa insanidade, não é, Hannibal? – indaga Will, encarando-o.
       - Bom, de forma explícita: sim, você se tornou um garoto mau, e eu aprovo isso. – respondeu Hannibal, com uma expressão que Will jamais presenciara. Era algo diferente, havia um fogo em seus olhos, luxuria.
      Graham fica estático, praticamente paralisado com a resposta inesperada. Ainda assim, diz a Hannibal que quer descansar um pouco e pede para que ele pegue mais um cobertor, se possível. O psiquiatra assente, e concorda que é uma boa hora para um descanso, para ambos.
      Hannibal volta para o quarto ao lado, deixando Will sozinho com seus pensamentos.
      “Hannibal está apaixonado por mim?”. Essa pergunta volta a rondar a mente de Will, o deixando perplexo e interessado ao mesmo tempo.

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