O despertador marcava as 7:30am confirmando que o primeiro dia de aulas iria começar. Estava agora na universidade no meu primeiro ano e tudo iria mudar a partir de agora. Todo o meu passado iria ser esquecido.
As escurecidas calças com pequenos rasgões que eu frequentemente usava deslizaram sobre as minhas pernas ficando justas a estas. Uma sweat bordô entrou sobre o meu tronco e as botas estilo selvagem sobrepuseram-se nas minhas meias. O meu cabelo havia sido agora libertado e as pequenas ondulações caíam pelos meus estreitos ombros. Um pouco de eyeliner coloquei por cima dos meus olhos, dando-lhes volume e sorri para o espelho sentindo-me minimamente preparada para enfrentar a universidade. Muitos boatos deste estabelecimento se faziam ouvir por todos os lados. Eram "só festas e rapazes misturados com raparigas nos seus quartos enquanto que asneiras eram praticadas", por outro lado era "apenas um local de trabalho, onde se é dividido o lado feminino e masculino e proibidas as misturas". Hoje seria o dia que todas as minhas dúvidas iriam terminar.
Bem, com tanta coisa nem me apresentei. Eu chamo-me Elizabeth Rivers, os meus amigos tratam-me por Beth. Tenho 18 anos e consideram-me uma rapariga divertida. Não costumo ter muitos medos, também não sou nenhuma rapariga que está sempre colada aos livros, mas gosto de me empenhar para ser bem sucedida e por isso vim para aqui, para ter um futuro melhor. Tenho um carinho enorme por animais, principalmente gatos.
Os meus pés moviam-se pelo chão daquele enorme edifício procurando pela sala 28 como indicava o meu horário. Como distraída que sou, o meu corpo embateu contra alguém. Alguém que tinha, de facto uma forte estrutura e uns bons centímetros a mais que eu. O meu olhar rapidamente subiu ao rosto de tal pessoa mas nuns instantes tinha desaparecido. Aliás, eu via-o mas movia-se demasiado rápido e parecia também estar ao telefone e a falar de uma forma um pouco enervada. A sua voz era rouca e bastante intensa, era do tipo de rapaz que provavelmente qualquer rapariga cairia aos seus pés.
A sala finalmente foi encontrada e "gravei" na minha mente o caminho que tinha feito até aqui. Entrei dentro da sala e já bastante pessoas se encontravam nas suas respetivas mesas, ou as que tiveram escolhido e por isso fiz o mesmo, uma mesa que ficava mais ou menos a meio da sala, e ainda vazia. Bingo. O ambiente encontrava-se ligeiramente mais calmo até que ouvimos a porta da sala se abrir novamente e lá estava ele. Tinha as características exatas e o seu rosto era deveras atraente. Harry, pensei ouvir o nome vindo da boca do professor que agora falava com aquele aluno que pelos vistos já estava a repetir o ano pela segunda vez, ou seja, conhece isto de trás para a frente. Observei discretamente o seu andar até uma das mesas que se encontrava no fundo, vi também que mal ele se aproximou da mesma, um dos alunos que lá se sentara havia-se levantado logo e sentado noutra mesa o que me surpreendeu pois pelos vistos ele já era conhecido aqui mas como não pertenço a esta cidade, nunca ouvi falar e não faço a mínima ideia de quem seja ou do que faz. Rolei a minha cabeça para o professor ouvindo com atenção o que ele proferia mas ao mesmo tempo os meus pensamentos se encontravam noutro lado. Olhei ligeiramente para trás e ele encontrava-se a olhar para mim, com um olhar sério e sombrio, aparentemente arrogante e severo. Todo o meu corpo foi invadido por arrepios e olhei de novo para o professor, engolindo em seco. "Elizabeth Jones Morgan Rivers" dizia eu aos meus colegas depois de o professor nos pedir que nos apresentássemos pelo nome completo.
Finalmente a aula acabou e o meu material era arrumado à pressa para dentro da minha mala numa tentativa de ainda apanhar Harry para me lamentar do encontrão. Corri um pouco de modo a ainda o apanhar fora da sala e toquei-lhe no braço fazendo-o virar-se de uma forma brusca e me olhar de novo daquela forma, sem dizer nada. "Só me quero desculpar de.. hm, à bocado fui contra ti." Murmurei ficando um pouco intimidada com o olhar dele e o mesmo se desvaneceu, vendo-o virar-me as costas e pegar no telemóvel de um modo apressado. E a voz áspera fez-se soar de novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Psycho.
Dla nastolatków"Ao chegar ao meu quarto, toda a minha roupa ensanguentada foi removida do meu corpo. O sofrimento, a voz que implorava vida por entre aqueles choros de uma pobre, inocente e vulnerável alma invadiam a minha mente e o sorriso orgulhoso aparecia no m...