Eu devia estar fugindo, fugindo do FBI, fugindo dos policiais, devia estar fugindo dela, principalmente dela, mas eu sempre acabo voltando para ela, e ela pra mim, sempre vamos ao encontro um do outro. Mas o que eu poderia fazer? Quando se encontra alguém que não se importa com a cor alaranjada da sua pele nem com seus caninos avantajados é melhor que a prenda com você.
Minha história não é tão longa, mas a de nós dois sim; sou fruto de uma experiência malsucedida, tentaram criar um metamorfo, sem sucesso, mas isso me afetou, minha pele ficou laranja e meu dentes ficaram afiados como os de um tigre. Desde que fui modificado, escapei do laboratório do cientista louco que fez isso comigo, assim que me descobriram começaram a me perseguir e agora sou procurado mundialmente. Já visitei inúmeros países, estados, condados, cidades e vilarejos e foi em uma cidade que eu a conheci. Desde criança sempre quis conhecer Miami, poder surfar e curtir a praia, aproveitei que havia implantado uma pista falsa sobre mim na Europa e fui visitar a cidade que tanto sonhava.
Assim que cheguei fui até uma lanchonete no começo da cidade, estava calor então dispensei meu disfarce, até o FBI ser acionado de uma lanchonete quase-beira-de-estrada demoraria algumas horas. Estava sentado, a luz do pôr-do-sol refletia na pele dela, era latina, soube não pela cor de sua pele (porque aparentemente ela não gostava de tomar sol), mas pelo seu corpo, seu corpo era de uma típica latina, ela me serviu, me tratou como se fosse um cara normal, ignorou minha cor e o fato de todos ali não se aproximarem de mim com medo.
-Boa noite senhor, o que deseja? – ela me perguntou com uma voz um tanto fria.
-Tofu e um milk-shake. – ela anota e sai, não antes de sorrir para mim de canto.
-Aqui está, senhor. – ela me entrega meu pedido alguns minutos depois e se vira para voltar para o interior da lanchonete.
-Señorita?
-Sim?
-Sabe onde posso me divertir essa noite? Alguma balada ou algo assim.
-Desculpe senhor, mas não posso sugerir nada disso por aqui, é contra a política da lanchonete. – ela me olha e mexe a boca "espere o fim do meu expediente e te conto" foi o que ela disse, e eu o fiz.
Saí da lanchonete uma hora depois e fiquei perto da minha moto, esperando aquela mulher que tanto me chamou atenção, algumas horas depois chega o fim de seu espediente.
-Desculpe a demora, meu patrão me prendeu lá, me deu uma bronca por não atender os clientes com um sorriso no rosto. Aqui está a balada. – ela me entrega um cartão com um endereço escrito a caneta, parecia ser alguma festa clandestina.
-Obrigado. Não quer me acompanhar?
-Desculpe, mas já tenho companhia pra essa noite. – ela sorri, um sorriso sem muita expressão, monta em uma moto, uma Harley Davidson, mesma marca da minha, mas modelo diferente, ela coloca o capacete e vai embora. Como uma garçonete teria uma moto assim?
Fiquei um tempo parado me perguntando o porquê de uma menina quase sem expressão e com uma voz tão fria mexer tanto com a minha cabeça, mas ao escutar o som de uma sirene, voltei a mim, coloquei o capacete subi na moto e fui curtir essa cidade incrível.
Assim que cheguei no tal lugar, ninguém saiu correndo ou não permitiu minha entrada, parecia que ela tinha pensado no lugar perfeito para mim. Peguei um violão que havia ali e comecei a tocar uma música qualquer, sempre amei tocar e cantar, logo algumas pessoas se juntam a mim, acompanhando minha cantoria. Sinto um olhar diferente sobre mim e o procuro, lá estava ela, em uma roda de amigas, um vestido preto decotado, cabelos negros soltos, salto alto, ela mexe no colar em seu pescoço enquanto me olha. Largo o violão e vou de encontro a ela.
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Señorita
ChickLitVictor fugia do FBI e não queria ninguém com ele, não queria arriscar a vida de ninguém... mas o que pode acontecer quando ele conhece uma garota misteriosa que sabe muito sobre quem ele era e o porque de estar fugindo? Uma história de amor inspirad...