Da menina que morreu por si

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A tanto tempo venho segurando o choro.
Já tapei minha boca para impedir que os outros ouçam meus murmúrios tantas vezes que ficou difícil contar.
Sei que algum dia as gotas de dor vão transbordar, um corpo não pode aguentar tanto.
Sei que algum dia as minhas súplicas por socorro não vão mais serem abafadas, um par de mãos não pode conter tanto.
Sei que em algum dia vou explodir, sei que vai chegar um dia que não vou aguentar mais.
Mas enquanto esse dia não chega, enquanto eu não morro afogada, enquanto eu ainda estou sã, enquanto eu ainda estou aqui, eu vou aproveitar a minha queda.
A coisas que não podemos controlar, apenas lidar.
Porque sinto como se estivesse afundando, sem escapatória, sem mas, apenas o fim.
O ar faltando aos meus pulmões, meu celebro parando por falta de oxigênio, meus pés cansados de tentar, minhas pernas tremendo, meus braços sem fluxo de sangue. O gosto amargo das lágrimas disfarçadas de água.
Minha vó sempre disse que não se segura o choro, e agora eu entendo. Não podemos conter um mostro que a dentro de nós, não se ele vai continuar crescendo...

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