Don't Blame Me; Wantasha

blood pact

Natasha Romanoff

Só se vive uma vez. Esta é uma das frases que mais ouvi em toda a minha existência. Talvez as pessoas a digam para evitarem as críticas quando agem de maneira imprudente. Ou quando cometem loucuras das quais mais tarde com certeza se arrependem. Mas tudo isso é algo que não cabe no meu mundo. No mundo onde vivo não há lugar para arrependimentos. Você fez o que fez, com um bom motivo. E é isso. Aprenda a viver com as consequências dos seus atos.

Toda sexta-feira à noite tenho endereço certo. A boate Hell. Lógico que o nome remete ao inferno por uma razão específica. Não há limites lá dentro. Tudo é permitido. Bom, talvez quase tudo. Acho que matar ainda não. Pelo menos é o que o irmão de Steve sempre fala. Só não há solução para a morte. O resto a gente conserta.

Entro no salão já lotado como sempre, encontrando Thor escorado em uma das grandes pilastras, perto da boate. Meu amigo está com sua companhia inseparável: o copo de whisky. Ele sorri de lado quando me vê e nos cumprimentamos.

"— Os outros já chegaram?" - Pergunto, tentando não deixar transparecer que estou fodidamente nervosa.

"— Steve e Lola sim, estão ali dançando. As duas madames ainda não chegaram." - Me responde, apontando para a dupla que bailava ao som latino de um reaggeton.

Não era difícil reconhecer Steve e Lola em meio a multidão. Com certeza sua forma um tanto excêntrica de dançar era bastante peculiar aos demais. Me lembrava aquele filme tosco Ritmo Quente, acho que é este o nome. Steve mantinha as mãos coladas ao traseiro de Lola. Não que ela se opusesse, muito pelo contrário, a morena segurava os fios de cabelo de Steve com as mãos como se dependesse daquilo para sobreviver.

Eles eram estranhos, mas eu nunca liguei muito para isso. Não haviam rótulos na relação deles. Não eram namorados. muito menos tinham algum tipo de compromisso ou fidelidade. Essa coisa que eles tinham nem podia se denominar. Eles mesmos não deram um nome. Um rolo? Um caso? Parceiros de foda? Amizade colorida? Só deus sabe o que se passava na cabeça desses dois ali. Eu que não perderia meu tempo tentando descobrir.

Fui pegar uma bebida, sabe como é, a garganta seca pelo calor da boate me sufocava às vezes. Quando isso acontecia geralmente eu ia para o terraço mas havia acabado de chegar e ainda havia algo mais importante a ser feito. O pacto.

"— Finalmente as noivas chegaram!" - Thor me tirou de meus devaneios, me fazendo prestar atenção às duas garotas que vinham na nossa direção.

Carol sorria, acenando para todos como uma candidata à presidência. Quando a conheci pensei que fosse pura falsidade, mas quando comecei a conviver com ela descobri que era mesmo a mais pura e velha falsidade. Ela não tinha nenhum remorso. A loira apenas ficava lá fazendo cara de paisagem e sorrindo como uma miss, para mais tarde mostrar sua verdadeira face de demônia. Isso mesmo. Eles existem. Não me julgue. Talvez eu seja um pouco exagerada sim mas Carol poderia ser facilmente confundida com uma parente perdida de Lúcifer.

Mas o que mais me deixava intrigada era a outra morena. Aquela cara de poucos amigos. O olhar frio e distante. Sempre esnobe. Uma expressão gélida digna de Morticia Adams. Wanda era a verdadeira pedra filosofal em carne, osso e saltos. Talvez a única coisa que a mantinha como uma mulher normal aos meus olhos seja sua fenda no vestido preto, colado ao corpo, perfeitamente moldando suas curvas perfeitas. Bom, eu não sou cega. Ela é linda, tanto quanto irritante.

"— Boa noite damas!" - Andei ao encontro das duas mulheres, as cumprimentando com um beijo no rosto.

"— Quem vê realmente você é decente Romanoff." - Carol e seus comentários ácidos.

"— Não vai dizer nada também?" - Perguntei à Wanda, já esperando o deboche costumeiro.

"— Não. Você não vale a pena Natasha." - Me olhou de cima a baixo com aquela cara de poucos amigos e andou calmamente até Thor, lhe dando um abraço, ao qual ele retribuiu logicamente.