09. Surprise!

72 11 2
                                    

— Tia Nayeon, tia Nayeon! — Jungkook gritou, correndo até as pernas da mulher com metade de seu algodão doce no palito e a outra metade grudada nas bochechas. O sorrisinho que deu para ela foi de pura alegria. — Achei uma pessoa!

Nayeon, que tinha se levantado do banco de madeira onde tinha passado os últimos minutos assistindo Jungkook brincar no playground, se ajoelhou diante do menininho, curiosa.

— Quem você encontrou? — Perguntou com carinho, tirando da bolsa alguns lenços e limpando o rostinho sujo de Jungkook. Deu uma risada, balançando a cabeça. — Olhe para você, como acabou com tanto doce grudado assim?

— Estava gostoso — defendeu-se ele com um biquinho nos lábios, balançando o palito de algodão doce para cima.

— Oh, imagino que sim.

— Ali, encontrei um outro menino — Jungkook quase a interrompeu virando-se para apontar o playground. Seu indicador mostrava um garotinho, da mesma idade dele provavelmente, com dois homens velando-o com sorrisos felizes enquanto o mesmo subia a escada de um escorregador. — Ele era meu coleguinha na casa. Ele ganhou dois papais.

Enquanto assistia, Nayeon viu um dos homens ajudar o menino a descer o escorregador enquanto o outro se agachava no final da descida, esperando por ele com os braços preparados e o mesmo olhar de ternura. A mulher sorriu, comovida.

— Que bom — disse, olhando de volta para Jungkook que enfiava uma ponta branca de algodão na boca. — Você ficou feliz por ele?

Jungkook assentiu.

— Uhum — resmungou, fazendo outro biquinho. Sua testa ficou marcada por uma ruguinha pensativa. — Eu não sabia que podia ter dois papais. Achei legal. Soo Ho achou estranho.

Nayeon ergueu as sobrancelhas. 

— Soo Ho? 

— Ele — Jungkook apontou o menino de novo que agora ria enquanto era abraçado por um dos dois homens. — No dia que os papais novos foram buscar ele, ele chorou e se escondeu. Eu fui lá e dei um tapa nele.

Nayeon, que até então estava entretida olhando para a pequena família e ouvindo Jungkook ao mesmo tempo arregalou os olhos e encarou o menor, surpresa. 

— Você o quê? Jungkook...

— Eu não fiz dodóis nele! — Prometeu antes que acabasse recebendo uma bronca. Jungkook precisava admitir que as vezes, mesmo sendo tímido, tinha umas reações espontâneas bem chocantes. O garotinho respirou fundo, franzindo o nariz. — Eu bati de levinho. Dei um tapinha na cabeça dele e disse: "Bobão, você não quer ter papais? Eu quero ter papais, mesmo dois papais, mas não ganhei igual a você. Vou pegar os dois para mim se não for com eles!".

A expressão de Nayeon foi de incredulidade para admiração em segundos. Jungkook era tão novo. Tão novo para entender como funciona a vida no orfanato e tão novo para pensar que, para uma criança nessas condições, negar uma família disposta a amá-la apenas por não serem o padrão "comum" é inaceitável... mas ele era assim. 

Jungkook tinha uma mentalidade madura demais e isso a impressionava. 

Nayeon esticou a mão para afagar os cabelos do menino, abrindo-lhe um sorriso. 

— Você — disse ela, enternecida com a expressão fofa de atenção que Jungkook tinha no rosto, a forma como os olhinhos dele brilhavam. — é um menininho muito, muito especial, Jungkook. 

Ele sorriu, os lábios cor de rosa com rastros açucarados de algodão doce se esticando e revelando seus dentinhos singulares. Nayeon sentiu o peito se aquecer como sempre acontecia junto de Jungkook. Era um efeito quase mágico que a fazia se sentir acolhida com aquela criança.

Hyung | t.kOnde histórias criam vida. Descubra agora