único: romance hipotético

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fanfic também postada no spirit.


Um suspiro de ar quente empalidece o ar. Era um dia cinzento de inverno e uma corrente gélida cerca Jisung, o fez apertar e esfregar as mãos enluvadas. Quem era o louco que cede o conforto de casa para sofrer nas garras da neve cruel quando está desempregado e tem a opção de não sair debaixo do cobertor? Ah, espere, ele mesmo, Han Jisung.

Mais especificamente três loucos: Han Jisung, Kim Seungmin e um senhor sentado confortavelmente na cafeteria do outro lado da rua, trajado num casaco pesado, com poucas rugas de idade no canto dos olhos e um sorriso positivo que partia o coração de Jisung sempre que o senhor olhava para os lados esperançoso.

Lee Sandeul era seu nome. 58 anos, cirurgião chefe do hospital da região. Bonito feito um cinquentão de k-drama, carente feito um adolescente de filme. Aparência: ainda em forma, viúvo, gosta de gatos e frases de efeito com fotos de paisagem. Por que Jisung sabe tudo isso? Fácil, ele quem é dono do perfil nomeado "Kim Bokjoo, 52 anos, professora de filosofia" e que, supostamente, deve encontrar Sandeul naquela tarde fria para um agradável encontro num café seguido de um passeio a dois.

Agachado ao lado de Jisung e escondidos atrás de uma moita, Seungmin observa a cena com um olhar apático.

"Manda mensagem," diz Seungmin. "Fala que ela tá presa no trânsito."

Jisung ouve, mas sequer consegue mover um músculo para alcançar o celular. Seus olhos são os olhos de alguém que quer sair correndo dali sem virar-se para trás. Estão escondidos faz trinta minutos e ele não aguenta mais um segundo. E não é só por isso que Jisung está cansado.

No café em que o senhor espera sozinho, a garçonete se aproxima novamente para perguntar se ele quer fazer mais um pedido. Sandeul já pediu dois cafés, por isso abre um sorriso sem dentes para a moça e ela se afasta após um sorriso gentil. Jisung sente o coração afundar no peito. Instantes após a partida da garçonete, uma mão toca o ombro do senhor. Ele olha para cima, para o garoto alto de sobretudo e bolsa carteiro que acabou de chegar e seu dia parece se iluminar ao vê-lo. O senhor e o garoto são parecidos, não é difícil para Jisung presumir: o jovem é tão bonito quanto o pai. O garoto sorri, se senta e eles conversam animadamente até o senhor ir ao banheiro.

Deixado sozinho na mesa, o garoto da bolsa carteiro deixa a cabeça cair nas mãos. Seus ombros tremem levemente. Assim que ele ergue o rosto, Jisung nota o quanto ele está vermelho e chorando. E ele faz o melhor para disfarçar quando o senhor volta, sorrindo como se nenhuma lágrima tivesse rolado por aquele belo rosto nos últimos segundos.

"Enviou a mensagem?" pergunta Seungmin, apertando as pálpebras para ver o que acontecia. "Chegou um garoto para atrapalhar... Não, espera, isso é bom, vai distrair o velho."

"Não precisamos disso, cara." Jisung suspira pesado, desiste de vigiá-los e dá as costas, visivelmente desconfortável. "Já temos o dinheiro, vamos embora."

"O quê? Esse velho é uma mina de ouro! Você conhece a sequência: a gente marca um encontro, dá bolo, diz que tá com problemas financeiros e pede dinheiro, marca um encontro, dá bolo, mais dinheiro..." Seungmin lista nos dedos. "Tenho certeza que conseguimos mais umas duas vezes, ou até três se ele estiver desesperado o suficiente!"

Jisung abre e fecha a boca várias vezes, o ar lhe falta e as palavras também. A única coisa que não falta é a certeza de que tinha chegado ao limite de tudo aquilo, de toda a farsa. Ele fica de pé e limpa a neve em sua calça com batidinhas leves, e Seungmin faz gestos contínuos para ele se esconder de novo, sibilando "abaixa, cara!" como se a dupla na cafeteria pudesse ouvi-los.

Café & Match | minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora