#𝟎𝟑 - o demônio chamado Lee Minho

65 11 44
                                    

5 de março de 2020

Se teve algo que eu aprendi hoje, foi que nunca diga que algo não pode piorar, porque sempre acaba piorando, eu digo isto por experiência própria. Eu já deveria estar até acostumando com tanta desgraça, coisas ruins, desastres — e qualquer outro sinônimo que possua esse mesmo significado — na minha pífia vida; porém eu ainda sou pego de surpresa por todos os inoportunos que acontecem comigo e com a minha paz.

Já é um milagre eu poder ficar em paz, mas toda vez que esta dádiva divina acontece em minha vida, sempre tem um filho de uma puta para atrapalhar e estragar toda a minha felicidade e paz.

O motivo das minhas múltiplas reclamações é que o meu querido e amado — mas nem tanto assim — irmão está na cidade e quer ficar esse tempo em minha casa. Você não acha isso uma falta de respeito e senso de privacidade, diário?

Bom, para início de conversa, vou apresentar a peça que meu irmão é. Ele se chama Lee Minho, é o irmão mais velho da minha família e ele é dois anos mais velho do que eu, porém com uma mentalidade de 14 anos. Eu ainda tenho uma irmã mais nova do que eu, porém ela não vem ao caso por enquanto. Eu e ele sempre fomos muito próximos, principalmente durante os nossos anos de ensino médio. Nós éramos inseparáveis e sempre contávamos tudo um para o outro.

Porém quando eu me descobri gay, eu não contei para ele, por medo de ser rejeitado pela pessoa que eu mais amava. O pensamento de ser rejeitado por alguém que você gosta muito e admira foi o que fez com eu me mantivesse quieto sobre esse assunto durante bastante tempo. Me sentia culpado por isso, ao mesmo tempo. Ele sempre me contava tudo, por que eu não podia fazer o mesmo com ele? Essa era uma pergunta que sempre percorria a minha mente.

Lembram quando eu disse que meus pais não tinham descoberto que eu era gay por mim? Então, essa é a hora de contar a história.

Um dia, quando eu tinha 17 anos, eu estava em casa com um garoto que eu estava "ficando" na época. Estávamos no meu quarto aos amassos e eu não tinha me preocupado em trancar a porta do meu quarto, já que meus pais e meu irmão quase nunca entravam lá sem falarem comigo antes ou então sem baterem na porta. Porém, justamente naquele maldito dia e naquele mais maldito ainda momento, meu irmão resolve fazer exatamente o contrário disto, apenas entrando no meu quarto sem bater na porta enquanto o outro garoto estava quase enfiando a sua língua em minha garganta.

Minho bateu a porta com a maior força do mundo e saiu do meu quarto gritando por toda a casa "O Felix é gay e eu sempre soube disto!". Não sabia o que fazer com o garoto que, a minutos atrás, estava com sua boca junto à minha. Se eu fosse um avestruz, pode ter certeza que minha cabeça já estaria enfiada na terra.

Após tudo isso, minha mãe e meu pai vieram conversar comigo. Felizmente eles não eram homofóbicos ou algo do tipo, muito pelo contrário na verdade. Eles agiram bem com tudo isso e até me apoiaram, contudo eles disseram que estavam tristes porque eu não tinha contado nada para eles antes. Me senti muito mal depois disso, pois eu poderia ter evitado toda essa situação antes. Mas meu lado também tem que ser ouvido, até porque qualquer pessoa que se assume — seja se assumindo gay, lésbica, bissexual, panssexual, transgênero, etc — sente o receio de ser rejeitado de alguma forma pelos pais, e não foi diferente comigo.

Depois de tudo isso que aconteceu, eu fiquei extremamente bravo com meu irmão. Ele não deveria ter feito isso, até porque quem deveria ter contado diretamente aos meus pais era eu e não ele. Eu fiquei extremamente chateado. Ele sempre me enchia com suas provocações e eu me cansei dele, por isso que a minha relação com ele não pode ser vista como uma das melhores. Nós normalmente não nos falávamos principalmente para evitar conflitos e chatear nossos familiares.

oh dear diary - hyunlix ࿐Onde histórias criam vida. Descubra agora