Nós e o gelo ( Em revisão. Novas capítulos a partir do dia 15/12)

Capítulo 2 - Ilusão quebrada

Wooyoung

Desço do carro e, como sempre, sou cercado por rostos que mal conheço. Pessoas que nunca trocaram mais que um "oi" comigo se aproximam, sorrindo como se fossemos melhores amigos. Não consigo decidir se é desconfortável ou apenas irritante. Será que algum deles gosta de verdade de mim? Ou estão aqui só porque querem um pedaço da minha popularidade?

Talvez, se eu pudesse dar toda a minha popularidade para eles, finalmente me deixariam em paz. Porque, no fundo, para muitos, eu não passo de um trampolim para algo maior. Chaeyoung é a prova disso. Nunca vou entender como saímos de algo bom para sermos inimigos mortais. Mas o que está feito não pode ser desfeito.

Me sento no banco em frente ao prédio principal, esperando pela Yuna. Minha melhor amiga tem um talento único para se atrasar. Parece que enrolar é sua segunda natureza.

— Vazem! — a voz do Jay corta o ar, alta e autoritária. Ele é o capitão do time de basquete, um dos alunos mais populares, além de ser estrangeiro. Só isso já faz as pessoas ao redor o obedecerem sem questionar.

Ele caminha até mim com um olhar sério.

— Podemos conversar sobre ontem? — pergunta, sua voz mais baixa agora.

Eu já esperava por isso. O que me surpreende é que o colégio inteiro ainda não está falando sobre o assunto. Assinto e sigo ao seu lado até a sala do treinador, um lugar vazio onde podemos conversar. Assim que entramos, o silêncio dele me irrita.

— Vai ficar mudo? — pergunto, impaciente.

Jay passa a mão pelos cabelos e me encara.

— Won, eu só não consigo entender. Essa decisão... não faz sentido.

— Desde quando términos precisam de sentido ou motivo? — digo, cruzando os braços.

Ele suspira, frustrado, e revira os olhos, se encostando na parede.

— Cadê sua responsabilidade emocional? — Ele me olha com indignação.

— O quê? — Dou uma risada debochada e reviro os olhos. — Jay, eu não tenho que me responsabilizar pelas suas emoções. São suas, não minhas.

— Mas nós temos uma história. — Ele dá um passo à frente, segurando meus braços, tentando me prender em suas palavras.

— Sim, temos. Uma história que chegou ao fim. — Me solto do seu aperto e dou dois passos para trás. — Você sabe tão bem quanto eu que isso não está funcionando. Estamos fazendo mal um ao outro, Jay.

Abro a porta, pronta para sair, mas olho para ele uma última vez.

— Essa decisão não foi fácil para mim, mas era necessária.

Antes que eu possa subir as escadas, ele me alcança, segurando meu braço com força.

— Me solta, Jay. — Minha voz é firme, mas contida.

— Você sabe que isso não vai mudar nada. — Ele me encara, os olhos cheios de algo que não consigo decifrar.

Depois de alguns segundos, ele me solta, e eu corro para a sala de aula. Entro apressado, sentindo o olhar insatisfeito da professora por causa do meu atraso.

♦

Minutos depois, Yuna entra, também atrasada. Ela se senta ao meu lado, despejando palavras sobre a viagem que fez no fim de semana, os lugares que viu, as comidas que experimentou. Nada realmente importante, como sempre. Yuna viaja tanto que suas histórias já perderam o encanto para mim.