Abre a porta

• sem briga •

M A V Í

Desde que pisamos nesse lugar meu coração está acelerado. Tem muito mais coisa por trás do que pensamos. Saímos da van com os fãs gritando por ele como sempre e isso me rendeu lindas fotos. JP elogiou o meu trabalho e isso me significa muito, disse que concertando alguns erros de luz na edição elas ficam perfeitas.

O sorriso que o Lennon está desde que chegou replandece, seu amor pelo que faz sempre será óbvio. Me distancio um pouco tentando comer, ele sempre pede alguma coisa vegana pra mim graças a Deus! Minhas mãos não param de suar entao a seco o tempo inteiro na legging da equipe. Logo somos chamados para o palco.

Brinco com o mesmo da merma forma que brinquei no show passado. O público vai a loucura a desconfiar quem sou, dou risada voltando a ficar com a câmera na mão. Seu momento começa e cá estou eu em volta dele o fotografando, não posso deixar de observar cada movimento afinal...meu trabalho é transforma esse momento em memórias congeladas.

Minha cara concentrada supera a minha de apaixonada, saio, prendo meu cabelo mas volto minha atenção logo a ele que não faz o mínimo de esforço para sair bonitos nas fotos. Todos os seus ângulos são lindos mas ele me pegando de quatro fica mais perfeito ainda. Chacoalho minha cabeça recuperando meu foco.

Tiro algumas fotos do público e cada vez me apaixono mais por acompanhar o L7 em seus shows. Um bom número meninas me reconhecem e me puxam pra algumas fotos. Óbvio que não recuso nenhuma!

Depois de um tempo o show acaba e meu tamanho não me ajuda muito a sair do meio do público. Quando finalmente consigo sair do meio da multidão uma mão segurarem meu cabelo, logo olho para em um homem alto.

- Oi boa noite- tento parecer o mais simpática possível- Estou trabalhando, pode por favor respeitar o meu espaço?- o homem me puxa pra mais perto falando em meu ouvido

- Já que está trabalhando podia fazer um programinha pra mim né?- ele era três vezes o meu tamanho e sua mão segura forte meu braço. Sua boca beija meu pescoço. Procuro o Lennon com os olhos mas ele e sua equipe já tinham saído do palco. Tentava me desvincular dele mas era praticamente impossível!

- Eu não faço essas coisas, por favor me solta- sinto um bolo em minha garganta se formar e meu nariz arder

- Ta surdo caralho?!- Escuto sua voz no ambiente ja sabendo que sairia dessa situação- Minha mulher já mandou soltar!- o homem ri me soltando, corro em direção a ele me acolhendo em seu peito. Lennon se vira ainda queimando o homem com seus olhos caminhando para o camarim.

- A culpa não é minha que sua mulher é uma puta L7!- Vejo o Frassetti como eu nunca vi.

Parece que tudo ao seu redor fica vermelho, ele sai de perto de mim fechando os punhos indo rápido na direção do menó. Quando percebo que a situação saiu do controle corro pro camarim chamando seu segurança que corre de volta junto a mim.

- Quero que tu repita na minha cara nessa porra se tu for homem, fala filha da puta- diz firme o peitando- Chamou ela de que?!- O cara ri debochado fazendo com Lennon reagisse com agressão socando a cara do sujeito que muda a expressão pra surpreso.

- Sem briga!- grito tentando separar os dois. Monstro o segura e manda o homem se retirar já quase expulsando o mesmo do evento, ele leva o Lennon pro camarim que passa bufando por mim. Arrumo a câmera no meu corpo respirando fundo. A multidão em volta do L7 era impressionante.

- Tu sabe quem tu é porra?!- Leo grita quando chegamos no camarim

- Minha vontade era de fazer esse merda engolir a porra da língua dele!- mantém sua cara feia ainda bufando. Nunca tinha visto-o assim tão nervoso, ainda mais por causa de mim. Não queria jamais causar esse estresse. Afinal, eu só estava fazendo meu trabalho. - Da minha mulher ninguém fala assim não!- derruba a cadeira

- Você ta maluco! Esqueceu quem é mermo, só pode!- JP chega gritando

Eu odeio brigas, qualquer tipo de briga me deixa nervosa ainda mais quando eu fui o motivo. Tudo bem que o cara era um bosta, mas ainda sim, fui o motivo. Lennin se distancia de todos indo beber água, resolvo deixar o mesmo no canto dele e quando quiser, vir conversar comigo sobre. Se nos falarmos agora vamos ser ignorantes e pela primeira vez termos uma briga. Prefiro deixar esse número no zero e fé!

O clima está péssimo, muito ruim mesmo. Obviamente não era o que esperava pro meu primeiro dia de trabalho mas agora sim me sinto preparada para muita coisa! A van veio em completo e absoluto silêncio e assim Lennon permaneceu a subida do elevador. Fico no cantinho quieta e de cabeça baixa, nunca vi essa sua personalidade então ainda não sei lidar com ela. Ainda.

Entramos no apê dele e eu tiro meu uniforme colocando pra lavar já que o tanto de bebida que caiu em mim é descomunal e odeio ficar fedendo. Fico com um lingerie branca no meio da sua cozinha, abro a geladeira pegando um vinho branco, que eu mesma comprei pra degustar nos nossos jantares e uma taça no armário. Encosto no balcão olhando pra frente bebericando apenas refletindo como qualquer situação muda de uma hora pra outra.

Nós só enfrentamos o lado negativo das coisas, essa briga parece estragar o dia, e realmente, foi algo muito ruim mas não podemos deixar de ver as partes boas! Minhas fotos ficaram ótimas, preciso passar pro computador e editar pra deixar perfeita e não quero, nem vou permitir, que aquele homem nojento acabe com meu primeiro dia do novo ciclo.

Estou exausta por que obviamente fotografar nos shows é milhões de vezes mais cansativo que costurar, não desmerecendo nenhum dos trabalhos, ainda sou costureira com muito orgulho!

Depois de beber muito da garrafa de vinho sinto um fogo vindo de mim, vinho faz isso querendo ou não. Não é minha intenção fazer nada mas por desencargo de consciência vou até o quarto do meu preto o vendo em sono profundo de toalha com o celular na cara. Nego com a cabeça dando um sorriso entrando, deixo minha taça na cômoda ligando o ar-condicionado e cobrindo ele, sei que o Lennon sente muito frio. Fecho a porta ligando a TV da sala colocando no youtube

Não adianta, depois que vi o quanto ele se esforça e faz tudo praticamente sozinho acho seu trabalho milhões de vezes mais foda. Sento no sofá junto com meu notebook passando as fotos começando a editá-las.

"Muita gente não dava nada, olha onde nós chegou
Se o passado fosse importante, o para-brisa era menor que o retrovisor"