Sunghoon, cresceu em lares provisórios , sempre certo de pessoas, mas ao mesmo tempo solitário. Mas depois que a pessoa que ele julga ao o abandonado volta a estar em sua vida, tudo muda.
Já Wonyoung tem uma vida perfeita, porém só é perfeita nos...
Sento à mesa para tomar café com minha mãe. Ela, completamente absorta no celular, nem percebe que estou ali. Sei que os últimos dias têm sido difíceis para ela, assim como para mim. Ver meu pai sair de casa foi algo devastador, mas, no fundo, sei que ele vai voltar. No entanto, jamais será como antes. O relacionamento deles nunca mais será o mesmo, e isso me corrói por dentro.
Quando finalmente entro no carro, pego o celular, que, como sempre, está abarrotado de notificações. A maioria delas de pessoas que fingem ser meus amigos, marcando-me em fotos irrelevantes e postagens sem sentido. Mas, o que posso fazer? Esse é o preço da popularidade.
Algo, porém, chama minha atenção: a página de fofocas da escola me marcou em uma publicação.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O ódio que sinto por aparecer nas redes deles é indescritível. Quase sempre sou alvo de ataques e julgamentos sem sentido. Como quando o time de basquete perdeu, e, em vez de apontarem a falta de habilidade dos jogadores, disseram que eu estava "desconcentrando" o Jay. Patéticos.
Eu já esperava que isso fosse virar notícia, porque, sinceramente, nada naquela escola é mais interessante do que fofocar sobre a vida dos outros.
Assim que piso no colégio, sinto todos os olhares voltados para mim, mais intensos do que o normal. Os meninos, agora sabendo que estou solteira, não conseguem esconder os sorrisos maliciosos. Ouço risadinhas e algumas frases baixas, algumas até ofensivas, enquanto caminho pelos corredores.
Tudo isso é ruim, mas não chega nem perto do que venho recebendo nas mensagens. "Por que terminaram? Vocês eram tão perfeitos juntos."
Perfeitos?
Arfo com deboche, reviro os olhos, pensando comigo mesma. Perfeitos... se eu e o Jay éramos perfeitos, o céu é pink. Nunca fui realmente feliz com ele. Nosso namoro começou por influência e, ao longo do tempo, foi se arrastando, sendo empurrado com a barriga, sem sentido.
— Cheguei mais cedo hoje. — Yuna se junta a mim, com uma expressão curiosa. — E então, por que terminaram?
— Você sabe.
— Mas por que agora? Por que só agora?
— Porque eu estou cansada. Cansada de tudo. Não quero viver a mesma rotina, os mesmos erros. Não quero mais ser a pessoa que sempre tem que se sacrificar.
Hyejin
Saio do banho, a água ainda escorrendo pelos meus cabelos, e vejo a cena na frente do espelho. As meninas já prepaearam todo, cama , água, até deixaram algumas frutas. Mas o vazio é imenso, e não vai embora nunca.
Toc-toc.
A porta se abre, e Naeun entra. Ela me observa por um instante, tenta entender o que estou pensando, mas logo desiste. Se senta na beirada da cama e me encara com seriedade.
— Comeu algo? — Ela pergunta, com uma leve preocupação.
Assinto, embora tenha comido pouco, apenas o suficiente para não desmaiar.
— Hyejin, você está pálida.
— Fale algo que eu não saiba. — Respondo com sarcasmo, não querendo admitir o quão mal estou.
— Me encontrei com seus pais hoje, com o advogado também. — Ela se levanta e pega alguns papéis da bolsa. — Ambos vão colaborar. — Minha atenção se volta para ela. — Sua mãe me deu o nome do orfanato onde ele foi colocado.
— Joosarang. — O nome ecoa na minha mente, e algo dentro de mim aperta.
— É o mesmo orfanato no qual você tem ajudado financeiramente por anos.
— Que poético. — O sarcasmo é nítido em minha voz. — Devo ter feito milhares de doações para o meu filho sem saber.
— Eu já tomei a liberdade e abri uma liminar para derrubar a entrega legal dele.
— Entrega legal?
— É o papel no qual sua mãe forjou sua assinatura. Basicamente, o documento que foi assinado no momento da adoção, que legaliza a entrega dele. Porém, há brechas. E é exatamente isso que vamos derrubar. Somente assim você poderá ter seu filho de volta.
— Isso demora? — A ansiedade me consome.
— Com a confissão do seu pai e a comprovação de que a assinatura foi forjada, será relativamente fácil derrubar.
Será que isso significa que, em algum momento, eu estive perto do meu filho e não sabia? Será que já o vi, talvez em alguma visita que fiz ao orfanato?
— E se ele já tiver sido adotado? — Pergunto, com o coração apertado de medo.
— Se ele foi adotado, a adoção se torna ilegal, e os pais adotivos serão obrigados a devolvê-lo.
— Naeun, eu preciso de tudo. Todos os documentos que possam estar relacionados ao nascimento dele. Preciso de provas de que meus pais e os médicos armam tudo. — Minha voz está firme, a raiva agora misturada com a urgência de ter meu filho de volta.
Ela assente.
Sunghoon
Sento na calçada, o olhar perdido na rua escura e vazia. Hoje há uma pequena festa na casa da esquina. O aniversário de alguém. Aniversário. Um evento tão simples, mas carregado de significados. O dia em que você nasceu, em um mundo cruel, cheio de desafios, mas com momentos de beleza e alegria. Para a maioria, é um motivo para sorrir, comer bolo e cantar parabéns.
Para mim, é apenas mais um lembrete da solidão. Meu aniversário está chegando, e sei que vou ganhar um bolinho e alguns parabéns. Mas essa data só me faz lembrar que fui abandonado. A segunda data mais dolorosa, só perde para o Dia das Mães, a comemoração que mais me faz sentir o vazio da minha vida.
— O que está fazendo? — A voz da Dona Jeon me tira dos meus pensamentos.
— Pensando. — Desvio o olhar do horizonte, sem querer que ela veja a tristeza nos meus olhos.
— No que pensa?
— Em como odeio o Dia das Mães e meu aniversário. — Respondo, a sinceridade pesando nas palavras.
— Sunghoon...
— Eu sei o que você vai dizer. Mas é simples. Vou completar 15 anos em poucos meses. E, quando eu fizer 20, vou sair do sistema de adoção. E vou estar sozinho. Sem família, sem nada. Só no mundo, sem ter onde cair morto.
— Sunghoon, eu sei que não é fácil. Sei que deve doer muito achar que foi jogado fora. Mas busque a felicidade, tente encontrá-la em algum lugar. — Ela diz, com um tom suave. — Você é uma das pessoas que mais quero ver feliz, mas sempre parece tão triste, com esse olhar frio para o mundo.
— Como posso ser feliz, se todos me olham como se eu fosse lixo?
— Não busque felicidade nos outros, busque em você mesmo. Apenas em você. — Ela se levanta e volta para dentro da casa.
Eu passo a mão nos cabelos e levo os dedos à boca, tentando controlar a raiva. Um sorriso amargo surge no meu rosto. Ser feliz comigo mesmo? Talvez se eu puder, mas quase todos nós nos odiamos por dentro.