Prólogo🥀

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Minha primeira flor é para papai.
Meu amor,
Que se foi.

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Violetta

O badalar do sino da igreja, anuncia que já são 17:50. Percebo o quão rápido entardeceu. Todos que vieram velar papai já se foram. Só estamos eu e Benjamin, em frente ao seu túmulo, que agora carrega a energia pessada de todos os outros. Logo ele, que fazia ser leve a vida das pessoas que o conhecia. Ele realmente foi muito querido.

Este momento está sendo bem difícil para mim e para Ben, que inclusive, está a minha frente, de olhos vidrados no túmulo. Ele não esboça nenhuma reação, ao contrário do que pensei, por ele ser uma criança de 8 anos. Sua expressão é neutra, mas é visível a dor em seus olhos de jabuticaba madura.

Papai veio a falecer ontem ao entardecer, mas só pudemos o velar hoje às 14h00. Tenho que agradecer a Deus pelo padre ter se juntado com os outros fiéis, para pagar o caixão e ter resolvido todos os outros assuntos desse meio, coisas que eu não teria condições de fazer. Ao menos uma despedida digna papai teve.

Me movo para frente de meu irmão que mantinha seus olhos grandes no túmulo.

— Ben, sei que quer ficar, eu também quero. Mas precisamos ir agora, temos que descansar- Digo calma para ele, que continua do mesmo jeito.

Sinto seus pesares... Oh Deus! Ele é apenas uma criança.

Estou pronta para repetir o que acabei de falar, quando ele se pronúncia.

— Ele não voltar. - Diz com sua voz trêmula. Era a primeira vez que o ouvi falar desde que o velório começou.

Me curvo um pouco para encará-lo e pego em suas mãos.

— Ben, eu sei que-

—  Não diz que está tudo bem, ou que vai ficar tudo bem, ele se foi, mamãe não vai mais voltar, está tudo errado Violetta. - Sua boca fez um leve biquinho, e seus olhos marejaram. Conti minha forte vontade de desabar ali mesmo.

-— Eu sei, 'tá tudo errado né? Não vou dizer que está tudo bem, sei que não está. Mas a parte de que não vai ficar tudo bem é uma tremenda mentira! Vai ficar bem sim! Eu te garanto.

Foi só aí que ele me olhou, e eu continuei.

— Nós não estamos sozinhos Ben, temos um ao outro. E você sabe que eu te amo mais que tudo no mundo. Por isso, te suponho um acordo.

— Que acordo? - Ele diz depressa, Benjamin sempre foi curioso.

— Eu prometo cuidar de você, se você colaborar e cuidar de mim também.

E então, ele me dá um olhar confuso.

— Eu sei que sou grande, sabe? Mas supondo que você seja somente um pouquinho maior que eu, como posso cuidar de uma garota como você Vivi? - Acho que estou conseguindo descontrair o momento, pelo menos um pouco.

Dou uma leve risada e lhe aperto as bochechas.

— Ora, gente pequena também curam feridas grandes.

Passo a mão pelos seus cabelos ondulados e castanhos.

— Só me promete isso, hum?

Por um momento ele me olha, seus olhos tinham esperança, coisa que a tão pouco tempo tinha sumido, e finalmente ele sorrio e me abraçou.

— Eu prometo Violetta, vou cuidar de você mesmo não sendo tão grande.

O abracei mais forte ainda, e falei bem perto seu ouvido.

— Sendo assim, também prometo te cuidar, para sempre.

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As dúvidas e incertezas da vida, te matam e te destrói aos poucos. O abismo em que o eco da sua voz é a única coisa que se pode ouvir, será o mesmo que irá te afundar.

Se você não ser ainda mais escura e fria que ele.

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