2 - A silhueta

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O pânico tomou conta de todos e tentavam a todo custo arrombar a porta e as janelas, pois estavam trancadas e os empregados não encontravam as chaves.

Naquele momento, Takahashi olhou para Richard e o viu ler uma carta. Aproximou-se dele e a pegou da sua mão. Abalado, Richard nem ligou, apenas continuou a olhar para o tio.

Takahashi passou os olhos brevemente pelo conteúdo, tirou sua arma da cintura e atirou para o alto.

Queria acalmar a todos, mas acabou causando mais pânico. Viu até mesmo o detetive Blue pegar uma cadeira para jogar na janela.

Decepcionado, Takahashi murmurou:

— É… Os filmes mentem.

Ao vê-lo querer apaziguar o caos, o sargento percebeu que precisava agir e, após afastar todos da porta, gritou:

— PAREM AGORA MESMO! — Sua voz imponente fez todos se acalmarem. Com todos calados, ele continuou: — Ninguém sai daqui até eu dizer que podem sair. — Ajeitou o seu uniforme e foi até Takahashi. — O que foi?

Takahashi olhou para a carta e a leu em voz alta:

— “A polícia é ineficiente e corrupta, o povo está infectado pela doença mais perigosa: a ganância. Essa doença é transmissível e tem sintomas perigosos. Tenho o remédio e vou usá-lo, mas se alguém ousar sair desta casa, uma bomba explodirá e todos morreremos”. — O detetive virou a carta e nela havia um horário: 20 horas e 5 minutos. — Hã… O relógio tocou nesse momento.

Takahashi olhou para o baú, mais cartas estavam ao lado do prefeito. Ele foi até lá, olhou brevemente para o rosto abatido de Richard e pegou as cartas. Todas possuíam horários.

— O que faremos? — Blue perguntou ao jogar a cadeira no chão.

Takahashi olhou por um segundo para ele, depois para Richard, que ainda olhava com tristeza para o corpo do tio.  Encarou todos aqueles apavorados: Linda Taylor, Samuel Evans, Jessie Hale (a herdeira de uma grande fábrica têxtil), Terry Baker (o dono do jornal Now), Daniel Tompson (o jornalista), Henry Parker (o banqueiro) e Ava Parker (a filha do banqueiro). Pedro Gomez (o faz tudo da mansão) e Frederick se mantinham juntos e não demonstravam tristeza pelo acontecido, muito menos pavor pela situação. Por fim, Takahashi olhou para o sargento Christopher Campbell, o homem estava sério e olhava para o chão.

Com um sorriso macabro, o detetive disse:

— Parece que teremos que colaborar com o dono das cartas para sobreviver.

— Mas… — O sargento se interrompeu ao ouvir o som do relógio cuco.

Takahashi abriu a carta com o horário em que o relógio tocou: 20 horas e 10 minutos. Uma fotografia polaroide caiu no chão e, ao se abaixar para pegar, o sargento Campbell foi mais rápido e a pegou. Olhou atentamente para a foto e franziu o rosto.

Takahashi leu a segunda carta em voz alta:

— “Já repararam que não importa o quanto a polícia se esforce para apreender cargas de drogas? O traficante Big J foi preso, mas as drogas circulam cada vez mais pela cidade. Os responsáveis pela queima das drogas se encontram mensalmente com uma pessoa. Revele os seus crimes ou você e mais uma pessoa morrerão às 20 horas e 15 minutos”. — Takahashi olhou para o relógio e disse: — Duas pessoas serão assassinadas em menos de 4 minutos. Sargento, pode me dar a foto?

O Sargento pegou a carta da mão de Takahashi e revezou o olhar entre ela e a fotografia.

— Tem algo de errado nisso aqui. Ele está brincando conosco. Encontra-se nesta mansão, arriscando ser morto se sairmos. Quem se mataria dessa forma?

O Jogo do Detetive: Relógio CucoOnde histórias criam vida. Descubra agora