Coccinella

Anisoptera

— Me chamou de que?

— Nada não. Suas bochechas coradas e o olhar vacilante que me olhava com um brilho intenso diziam o contrário, mas mal o conhecia não iria falar nada.

— Bom como disse vim aqui através da sua pesquisa, meu pai quer uma solução saudável para controle de pragas e gostou do rumo que sua pesquisa está indo.

— Fico feliz, quero muito mostrar ao mundo que insetos não são pragas ou objetos de tapas e pisões, eles são incríveis, tenho uma aula hoje a noite sobre anisoptera, quer comparecer e acompanhar?

Lembrei que tinha uma foda marcada com um cara.

— Tenho um compromisso não poderei ir.

— Sem problemas, se quiser sabe onde me achar.

— Park a sua pesquisa envolve o que exatamente, não sei os detalhes. Na verdade não sabia nada, meu pai disse algumas coisas mas ignorei pra variar, sabia só que se tratava de controle de pragas.

— Estou estudando métodos de controlar pragas naturalmente através de uso de insetos para nos livrarmos das infestações e não danificar as plantações, tenho uma horta em casa e estou fazendo uns testes e está indo bem, mas em relação a preservação do alimento estou estudando bem isso, pois senão usar algum químico os alimentos naturais estragam muito rápido e assim ocorrerá muito desperdício de comida.

Como seu sorriso fica lindo quando fala de algo que lhe agrada.

— Incrível. Falei enquanto olhava seu sorriso.

— E não é, por isso adoro biologia.

— Biologia claro. Forcei uma tosse pra me desfocar daquela boca que parecia tão macia e quente.

— Quer ir na minha casa conhecer meus insetos? Perguntou e na hora pensei em uma cantada e comecei a rir e sua face duvidosa deu mais graça.

— Desculpa pensei em uma piada.

— Eu sei várias piadas legais quer ouvir? Neguei.

— Ah que ótimo, o que é verde, mas fica vermelho?  Me encarou e continuei quieto.

— Um gafanhoto envergonhado. Gargalhou como se fosse o máximo.

— Espera que tenho uma melhor.

— Agora é com você kookie qual besouro pode pular mais alto que uma árvore? Estava sério e carrancudo de braços cruzados me olhando, pensei, pensei e nada.

— Não sei qual é o besouro?

— Qualquer besouro pode pular mais alto que uma árvore, as árvores não podem pular. Sua expressão foi de emburrado pra debochado rindo e batendo na mesa, gargalhando alto e me fazendo passar vergonha.

— Para com isso está me fazendo passar vergonha.

— Porque você não ouviu a piada do animal mais antigo do mundo.

— O dinossauro?

— Não a zebra.

— Ueh e porque a zebra é a mais antiga? Não entendi e chegou a faltar o ar de tanto que esse fiasquento ria.

— Porque ela é em preto e branco.

— Preto e branco sacou?

As piadas eram tão bestas que ficaram engraçadas, ainda mais acompanhadas de sua gargalhada alta e os tapas que dava na mesa, parecia que iria ter um derrame.

— Eu vim aqui pra falar da pesquisa, ficamos conversando o tempo passou e já deu minha hora e não falamos do que deveríamos.

— Desculpe é que você é uma excelente companhia, ninguém gosta de me ouvir falar de insetos e nem das minhas piadas toscas. Sorriu tímido e adorei causar isso nele.