Hoje é dezoito de agosto de dois mil e vinte dois e são seis e meia da manhã, estou em Sobral, na margem, fumando um tabaco e tomando um café. No meu fone está tocando Jão, Última Noite; antes tocava Last Kiss, Taylor Swift. Nunca imaginei que ouviria esse tipo de música por motivos como esse. Fazem cerca de quinze dias que você se foi, e quando eu falo se foi eu não falo de partir pra outro plano. Essa história é sobre a Liv, e eu, o Protagonista. Eu sou Eric, tenho vinte e um anos e sou estudante de Psicologia, sétimo semestre, muita correria. Essa história é sobre como eu me apaixonei pela Liv e aposto que se apaixonarão também pela gente até a parte em que eu acabo com tudo. Tudo tem um fim, não é mesmo? Mas eu não quero dar spoiler, sei como a maioria toda odeia quando tudo é contado em um breve resumo do que em mínimos detalhes com um pouco de sentimento.Eu conheci a Livia no sexto semestre, por volta de março, eu estava em um bar próximo a faculdade e ela chegou, como se fosse alguma espécie de anjo caído. De primeiro momento eu pensei que eu fosse morrer, meu coração começou a bater em uma frequência esquisita que até hoje não consigo entender, ficou difícil de respirar olhando pra ela. Livia tinha olhos solitários, cabelos caídos sobre os ombros em cachos, óculos de grau, sandálias pretas e uma máscara gigante na cara. Época de COVID, não sei se vocês me entendem, talvez aula de história não seja o foco dessa narrativa. Eu já a conhecia de algum lugar, eu tinha certeza. Eu fiquei preso a ela por alguns segundos, mas ela sequer achou relevante a minha presença. Eu fiz tudo pra ser notado, como um bom engraçadinho exibido, as vezes até tímido. Quando eu escutei seu nome ser proferido por alguém naquela mesa, eu consegui associar a pessoa de quem eu lembrei assim que a vira. Lívia, esse era o nome da garota que passaria a habitar os meus pensamentos. Nunca pensei que me sentiria assim tão rápido por alguém, mas passei a me animar para vê-la, era quase como se me causasse ansiedade a ideia e a curiosidade sobre ela. Eu a observava de longe, como uma espécie de musa ou deusa. Por coincidência fazíamos o mesmo curso e eu tinha duas matérias com ela naquele semestre em questão, isso era animador. Ela chegava cedo na faculdade, colocava sua bolsa na sala e sentava na escada do quarto andar, com aquelas camisas que eu particularmente achava que mais pareciam pijamas e jeans surrados. Eu gostava, por algum motivo. Certamente seus cachos eram o que mais me deixavam hipnotizado. Seus amigos eram meus amigos e tudo tornava mais fácil a minha aproximação. Eu comecei a sentar naquela escada com todos os nossos amigos, eu comecei a jantar com todos eles. Cheguei até a comentar com a melhor amiga dela sobre uma possível aproximação que pudesse ser agilizada por ela, como um bom covarde. Eu cheguei a mandar mensagem pra ela no privado, mas ela era tão vaga que eu não conseguia manter uma conversa. Quando a tal amiga me contou que ela aceitaria ficar comigo eu fiquei eufórico, não sabia muito bem o que fazer. Tipo, qual seriam as chances de funcionar? Por que estava funcionando? Por que agora? Por que estou me sentindo assim? Maluquice. Os dias se passavam e nada funcionava, nenhuma aproximação aparentemente positiva, estava começando a acreditar que ela seria minha crush pra sempre. Em um dia totalmente aleatório estávamos no pátio do anexo D, o nosso anexo, acabei confessando pra uma amiga o quanto eu queria beijar a Liv e ela tratou de agilizar tudo, se envolveu onde não deveria. Digamos que ela foi a responsável pelo nosso primeiro beijo e eu não sei se fico grato ou se tento voltar no tempo pra apagar tudo isso.