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Através da janela do quarto o Park conseguia ver um risco atravessando a noite. Aproximou-se para ver melhor e seus olhos arderam com lágrimas presas. Em uma noite tão triste e fria, aquele momento era de lhe sufocar... Uma estrela cadente transpassava o céu.

Sunghoon abriu a janela e pulou para seu telhado, encolheu os ombros devido o frio e caminhou pela beira, observando o céu absolutamente escuro. A estrela se destacava e não pôde deixar de lembrar de dois pares de olhos castanhos lhes encarando com ternura, com um brilho inexplicável e mentiroso.

Conforme a estrela se desfazia no horizonte, suas lágrimas escorreram por seu rosto, pensou em fazer um pedido, mas conseguiria se concentrar mesmo com aquela dor rasgando seu peito?

Sunghoon fechou os olhos e sentiu aquela insuficiência dilacerante. Pensou que fosse a dor das memórias, não sabia definir, o corpo pesado, como se estivesse se afundando mais na escuridão. Abriu os olhos de repente e as estrelas pareciam mais distantes. Era essa a sensação de ter o coração partido que faziam os homens do romantismo tirarem suas vidas? O Park se questionou ao descer as pálpebras e o rosto do seu melhor amigo aparecer sem convite. Seus olhos se abriram tão rápido quanto no momento em que a melancolia se tornou parte do seu ser. Fechou as mãos em punho e inspirou fundo antes de se sentar sobre as telhas e fechar os olhos novamente. Era claro que o rosto de Jake não lhe deixaria em paz, mas dessa vez o Park se permitiu encarar aqueles olhos de volta.

As risadas costumeiras, os olhares carinhosos e preocupados, as noites dividindo uma cama como se fossem um só, o primeiro beijo tão esperado... Todas as memórias com seu melhor amigo invadiam sua cabeça e contribuíam para os soluços descompassados que agora saim de sua garganta, o aperto forte de suas mãos que tremiam e a dor da rejeição lhe tomando conta do coração.

Naquele momento ele desejou estar abraçado ao garoto que lhe dava borboletas com um simples sorriso, queria segurar sua mão e nunca mais soltar, queria aprender a controlar seus sentimentos e ter seu melhor amigo de volta, aquele que sabia tudo sobre si e que lhe prometeu uma eternidade juntos, traçando seus caminhos um ao lado do outro.

Quando finalmente abriu os olhos, a estrela cadente já havia sumido e o Park suspirou, seu pedido foi feito.

[...]

Jake como costume estava deitado na cama de sunghoon, ambos de barriga para cima enquanto o céu lá fora se desmanchava em uma chuva forte.

- Acha que a chuva vai demorar de passar? - Jake questionou e se sentou. Seu corpo coberto pelo moletom emprestado do seu melhor amigo.

- Não sei, mas você pode dormir aqui se demorar muito, já está bem tarde - este se levantou, inquieto e com seu coração batendo forte dentro do peito.

Jake encarou seu amigo e balançou a cabeça em confusão, não pela fala do rapaz, mas pela sua inquietude.

- Quer conversar sobre o que está acontecendo? - sua preocupação era quase palpável, Sunghoon sentiu isso e encarou seu amigo de volta.

- Não tem nada acontecendo, Jake - confessou em voz baixa.

O Australiano negou com a cabeça, com o olhar fixo no rosto do Park ao se levantar e apoiar a mão no seu ombro, numa massagem amigável.

- Sung... - foi interrompido.

- Não quero conversar.

Os garotos estavam de frente um para o outro, se encarando com a apenas a iluminação da lua os observando. Minutos de passaram até que Park pegou a mão de Jake e entrelaçou seus dedos nos dele. Jake por outro lado se sentiu nervoso, pensou em recuar, mas não conseguia se mexer, seu corpo não obedecia.

estrela cadente - jakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora