ATENÇÃO: essa história contém insinuação a transtornos mentais; TAG (ansiedade), Depressão e possíveis assuntos gatilhos.
Espero que tenham uma leitura confortável!
13 de setembro de 2021.
"Neste mundo, somos apenas nós"
— Yeonjun? Choi Yeonjun? — uma voz suave ecoava em segundo plano, como se meu subconsciente tentasse me avisar sobre algo. Achei que ela fosse cessar, mas não. Ela continuava, e só então me dei conta: era minha vez de falar. Suspirei fundo, finalmente saindo daquele transe.
— Estamos todos te ouvindo, querido. Você pode começar a falar quando se sentir confortável, aqui é um lugar seguro para desabafos. — a moça, que segurava uma prancheta cheia de papéis e tinha uma postura perfeitamente ereta, proferiu. Ela sorria gentilmente e isso, de certa forma, me confortou. Encorajado pelas doces palavras da psicóloga, observei cada pessoa presente antes de abrir a boca e dizer:
— Oi, boa tarde! Sou Choi Yeonjun, concluí o ensino médio no ano passado e hoje é meu aniversário de dezenove anos. Bom... Pelo menos, deveria ser isso. — dizia tudo compassadamente, perdendo um pouco da coragem no final. Em uníssono, o restante dos adolescentes presentes naquela sala responderam educadamente minha breve introdução.
Então, algo me chamou a atenção: um menino com cabelo ondulado e olhos tão brilhantes quanto um cometa me encarava. O garoto possuía uma feição de dúvida estampada em sua face, e como se pudesse ler minha mente, ele próprio saciou meu interesse, não demorando para questionar:
— Como assim "deveria ser isso", Yeonjun? O que houve? — seu tom parecia ser carregado de inocência e curiosidade, algo nele me lembrava ingenuidade. Talvez eu o estivesse julgando demais antecipadamente. É, eu tinha essa mania de rotular exageradamente as pessoas antes mesmo de conhecê-las de fato. Péssimo.
— Ninguém lembrou de mim, ninguém nunca lembra. Nem mesmo minha mãe me mandou felicitações. Eu não tenho amigos, não há com quem contar. Então, eu não tenho aniversários, estou apenas completando mais um ano de vida. — um pequeno sorriso adornava meu rosto desanimado, sem vida, não havia nada ali dentro.
O moço, que antes aparentava estar confuso, agora parecia triste. Os lábios formavam um bico descontente, foi tão espontâneo e natural, que me pegou totalmente desprevenido. Estaria ele comovido com a minha história? Eu havia dito algo errado? Não saberia dizer, todavia, aquela fora uma imagem dolorida de se assistir.
— Eu também me sentia assim. — um jovem bastante alto, com madeixas azuladas e covinhas adoráveis, falou. — Era como se faltasse algo... Como se, como se... — ele parou por um instante, sua cara estava apreensiva, abria e fechava a boca em busca de palavras, mas nunca concluía. Acho que aquele era um assunto delicado para a sua pessoa. — Era como se algo dentro de mim havia morrido. Eu não tinha ânimo e nem razões para continuar. E então, eu encontrei Hueningkai, meu melhor amigo. Ele me convidou para essa terapia em grupo e agora estou melhorando. Pelo menos, é o que eu acho.
Ouvir aquilo deixou meu coração quentinho, era bom saber que certos problemas tinham resoluções acessíveis.
— Você pode ser nosso amigo, Yeonjun. Estamos todos aqui pelo mesmo motivo, obrigado por confiar em nós e nos contar. — um loirinho — que mais tarde descobrir se chamar Taehyun — complementou.
E assim seguimos até o final da sessão. Todas aquelas pessoas presentes tinham experiências de vida muito parecidas com as minhas, todos nós tínhamos feridas expostas, cicatrizes e sequelas que um passado recente poderia ter causado.
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Cartinhas De Conforto (Yeongyu - Beomjun)
RomanceYeonjun resolve entrar para uma terapia em grupo e acidentalmente - ou não - passa a receber cartas de apoio anônimas. ❝ Sentia meus olhos lacrimejarem, um grande nó se fazia presente na minha garganta. Eu queria gritar, espernear, mas nada era sufi...