tons gelados.

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Rosé vivia em tons gelados

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Rosé vivia em tons gelados. Mãos, pés, pernas, rosto, sempre parecia que ela havia dormido em uma geladeira. Hoje entendo o motivo disso tudo. Nunca vi ela jantar, tomar café da manhã ou até mesmo almoçar, sempre estava com um chá de camomila com morango em uma de suas xícaras decoradas com tinta guache que ela nunca lavava.

Sempre gravei cada ato, frase, poesia ou música escrita por ela na minha memória, mesmo que as vezes no meio da noite me pego pensando que ela só foi mais uma paranóia para aliviar a dor da minha mente doente, as vezes penso que eu sou só uma criação da mente insalubre e criativa dela.

Realmente, talvez nós só existimos na sua cabeça.

O mundo decide pelas pessoas influenciáveis, e Rosé só queria se misturar mais com todos, e para fazer isso fazia qualquer coisa. Ela nunca estava satisfeita, seja com a fama, os pais, nada nunca a satisfaz. E eu admirava isso. Por mais que as pessoas insistissem, mentindo que a conformação e a generosidade eram o caminho, eu e ela sabíamos que ninguém chega no topo com isso.

Má, escandalosa e maluca. Em 1995 tudo mudou, ela foi internada. Foi como um tiro no meu peito, como eu continuaria com a banda quando a vocalista estava sendo perseguida e vivia com o nariz branco?

No dia que ela foi pega estava cheirando no capô do carro, no estacionamento de um shopping, por conta do suor um pouco de pó grudou na pontinha de seu nariz sem querer, por mais que ela cuidasse para cheirar todo pó com aquela nota de 100, como no dia em que nos conhecemos. Para todos, aquilo foi uma afronta, um pedido de socorro. Por alguma razão, sentiam pena da voz da nação. Pelo menos conseguimos mais fama no exterior graças a esse deslize.

E continuaria tudo bem se aquela cadela não estivesse mentindo para todo mundo que tinha parado de se drogar. Bem, com a cocaína ela realmente parou de vez depois de falarem que o nariz dela ficaria feio se ela continuasse cheirando e como ela era inocente e vaidosa como uma criança, parou, foi aí que o crack voltou a ser uma opção, injetava nos calcanhares todas as manhãs.

Até que no dia 6 de abril de 1998 ela me fez usar preto como Kurt Cobain fez Courtney Love usar em 1994.

Naquele dia, tendo que fazer discursos e dar entrevistas explicando a razão de sua morte, percebi que fui egoísta e talvez realmente a amasse, mas não ache que estou arrependida, só inconformada por não ter a dito sobre todas as músicas que fiz pensando nela.

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⏰ Última atualização: Jul 15 ⏰

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