WARRIOR (Guerreira)

1.

Uma chuva fraca preenche o dia de hoje, ela está cobrindo um pouco das pequenas lágrimas que saem de meus olhos.

R conseguiu trazer meu pai até nós, Jolene o limpou e o vestiu com roupas acinzentadas. Insisti em ajudá-la em algo, mas ela me disse para não me preocupar.

- Ele não iria querer que você o visse desse jeito. - disse ela.

O corpo de meu pai está em uma caixa de madeira escura com a tampa aberta, ao redor dela tem lenhas e palha. Crema-lo vai ser melhor, Logan e eu havíamos concordado com isso.

Meu pai parece estar dormindo, mas sei que não irá acordar. A imagem dele morrendo na minha frente não sai da minha cabeça.

- Como está, Emma? - Jake pergunta ao se aproximar de mim, não olho para ele.

Meus olhos estão fixos nas pessoas acendendo a fogueira.

- Eu não sei dizer. - respondo devagar, minha voz parece não querer sair. - Só dói.

- A dor não passa, você se acostuma com ela. - diz ele para me confortar. - Não tem problema chorar, você me disse isso.

- Se eu começar, não sei se vou conseguir parar. - minha voz está trêmula, mas respiro fundo. - Estou bem, Jake.

O fogo começa a queimar devagar e logo o corpo de meu pai é consumido pelas chamas. Logan está ao meu lado, em silêncio e segurando a minha mão.

Nossa família está menor e ainda estamos preocupados com o Jared e com a nossa mãe. Eu nem tanto, ela deveria estar conosco agora, mas não está.

Jolene se aproxima de nós com algo nas mãos.

- Encontrei isso no bolso do Victor. - ela abre as mãos, é o colar da nossa mãe.

A pedra está preta e fosca, não há brilho nele.

- Por que ele estaria com isso? - Logan pergunta, mais para si mesmo do que para Jolene.

- Eu não sei, querido. - diz Jolene.

- Fica com ele, Emma. - diz meu irmão. - Ficará mais seguro com você.

- Eu não quero. - digo, ríspida. - Mantém essa coisa bem longe de mim.

Me afasto deles, indo para a nave. Não quero aquele colar, ele só servirá para me lembrar que minha mãe nos abandonou quando mais precisávamos.

Só vai me lembrar de que ela é uma mentirosa.

Entro na nave com passos firmes que fazem a estrutura dela tremer. Preciso me acalmar.

Respiro fundo.

- Um. - começo a contar. - Dois.

Cecil me disse que isso ajuda a dissipar um pouco a raiva.

- Três.

Talvez seja uma bobagem, mas ele disse que contar o ajudou por anos.

- Quatro.

Ele deve ter chegado a um trilhão pra ser tão calmo.