Capítulo 1

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Marceline

Cara Srta. Ravnos,

É com grande pesar que gostaríamos de lhe informar que seu pedido de transformação foi, por ora, rejeitado pelo Comitê de Relações Vampíricas. Contudo, não fique triste! Caso tenha vontade de ajudar a comunidade, temos vagas de trabalhos divulgadas nos murais das praças da cidade...

Amassei o papel antes de terminar de ler.

Rejeitada.

Pela TERCEIRA vez.

Por que a comunidade de vampiros me odiava tanto?

"Não te aceitaram de novo?" Raymond exclamou da cozinha ao ver minha cara. "Poxa, Marcy...".

Suspirei e joguei a carta amassada no lixo.

Tudo bem. Eu sabia que meu contexto não me ajudava muito. Vampiros eram criaturas que sempre queriam ter alguma vantagem, precisavam ter algo a ganhar na situação. E, sendo uma menina que foi abandonada pelo pai, criada por uma mãe com problemas de dinheiro, que veio para cidade grande sozinha para morar junto com seu amigo em um apartamento minúsculo e velho, sem grana, trabalho ou conexões... não ia ajudar em nada.

Fora o histórico de brigas na escola e de sessões de "terapia" com uma pedagoga resultando em um diagnóstico de 'adolescente depressiva e impulsiva que tem dificuldade de fazer amigos'.

"Eu ainda acho que se você pegar algum job e tentar conhecer as pessoas certas como eu fiz, você provavelmente vai ter seu pedido aprovado" Raymond surgiu na sala, comendo um salgadinho.

Raymond aplicou somente uma vez para o pedido de transformação para vampiro e já foi aceito pelo comitê, sua transformação iria acontecer daqui a dois meses, durante a Lua de Sangue.

Acredito que era uma das vantagens de ter saído com um dos baby vamps famosinhos.

Raymond era uma pessoa muito fácil de fazer amizade e tinha uma lábia ótima para fazer as pessoas comprarem sua história, humanos ou não. Além de ser atraente: sua pele marrom-clara junto com seus olhos verdes chamava bastante atenção. Ele tinha um porte não muito musculoso, mas também não era muito magro.

"Estou pensando em meu nome de vampiro," lá ia ele de novo com essa história, "que tal Remus?" Revirei os olhos.

"Ray, por que diabos você quer mudar de nome?"

"Porque, Marcelita minha querida, Raymond não é um bom nome para um vampiro."

"Quem disse?"

"O senso comum." Ele me olhou exasperado.

"Não sei se Remus é um nome legal. Que tal... Raoul?"

"Hm... Gostei, vou adicionar na minha lista de possíveis nomes" ele adicionou uma anotação em seu celular e se virou para ir para seu quarto.

O apartamento que tínhamos descolado era barato por ser velho, mas a localização era boa. Ele tinha aquela decoração 'sou um apartamento velho e meio mofado', com as paredes e portas com cores questionáveis e os banheiros cheios de azulejos (que não faziam nenhum sentido) decorados, mas o espaço era aconchegante. Tinha duas suítes, uma sala e uma cozinha. A lavanderia era uma área compartilhada no térreo da residência.

A inquilina era uma senhora de sessenta anos que gostava de tirar de dinheiro de 'idiotas que ficavam atrás dos vampiros'.

Simpática, não?

Revirei os olhos ao lembrar de nossa conversa. Como se ela fosse muito superior aos vampiros que basicamente impediram que nós, humanos, acabássemos com o planeta setenta e cinco anos atrás.

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