Bunny boy

No armário do zelador

 Em um mundo onde 80% da população nascia predadora, logo eu, nasci presa.

Filho mais novo de uma ninhada com nove filhotes - de coelhos, pra variar - cresci em uma fazenda que cultivava, mirtilo, morango cereja e amora, passei minha infancia toda correndo pelo campo e ajudando meus pais com as plantações e alguns animais que tinhamos lá. Estudava em casa, e só tinha meus irmãos como amigos, e todos os oito, são alfas. Ou seja, sempre fui o mais protegido da família 

- Não aceito que você ja vai pra faculdade, você é apenas um filhote 

O meu irmão, mais velho de todos, com as orelhas baxinhas, e o nariz trêmulo, me ajudava com as malas, mesmo não concordando com a ideia de eu me afastar dos abraços protetores deles, meus irmãos sempre me apoiavam

- Akira, eu vou sempre vir nas datas comemorativas e feriados! Não é como se eu  fosse arrumar um alfa e traze-lo comigo! - Ditei enquanto dobrava uma blusa, guardando-a na mala, de forma organizada e cuidadosa

- Akira está certo, Takemichi, você sempre será nosso filhote, não queremos que você vá - Hiromi, a alfa mais velha, disse largando meu all star amarelo, vindo me abraçar. É incrivel o quanto meus irmãos, sendo alfas, são extremamentes manhosos e carinhosos.

- Deixe meu menino em paz, ele ja está crescido, vocês estão ensebando ele com esse cheiro de alfa suado - Aoi, o segundo alfa mais novo reclamou, tacando um exemplar de Reino Gelado em direção a Momo, que segurou o livro antes de atingi-la. Maldito sejam os alfas e seus ótimos reflexos. Eu sorri em meio ao caos que havia se tornado meu quarto, a gritaria das alfas, e o chororô dos alfas.

- Akira, Arata, Atsushi e Aoi, parem de discutir entre si - cruzei os braços e olhei para os quatro alfas citados, vendo as orelhas felpudas abaixarem com o sermão e as alfas rirem, zombando dos mais velhos - Hiromi, Hiroko, Hisako e Hiro, vocês quatro estão rindo de que?!

  Fingi uma feição raivosa, e de repente todos rimos. Eu amava meus irmãos, todos eles 

- Amamos você coelhinho! Mais que toda cenoura do mundo!

80% predadores, 10% presas, 10% não predadores (animais que pelo seu tamanho não tem muitos predadores, esses são: elefantes, girafas, hipópotamos, rinocerontes adultos)

  A cidade era realmente grande, movimentada e tinha mais predadores do que eu ja tinha visto na vida. No momento eu estava andando pelo campus, procurando uma cafeteria que vendesse torta de morango e leite de amora, coisas que eu estava acostumado a comer a fazenda. Os predadores me olhavam como se eu fose um bicho de sete cabeças, sussurrando e rindo.

 Caminhei rápido com as orelhas baixas e os punhos junto ao peito em direção a cafeteria com aparência vintage chinesa, dos livros que eu lia, que costumavam ser sempre meu entretenimento a tarde na fazenda, quando eu sentava debaixo das cerejeiras, e ficava lendo, ou observando meus irmãos jogando futebol ou se sujando na lama 

  Passo pela porta e ouço o sininho soar, e o cheiro de bolos e chás me atinge, fazendo minha calda chacoalhar, caminhei alegre até o balcão, vendo as diversas tortas e bolos de aparência deliciosa expostos, me lembrando os que minha mãe fazia na fazenda

  - Olá! Seja bem vindo, como posso ajudar? - um menino dos olhos verdes puxados e cabelo bicolor me atendeu, suas orelhas felpudas no alto da cabeça se mexendo fofamente, seu sorriso fofo não coincidindo com sua aparência punk, com piercings na orelha humana, e lápis de olho extremamente escuro

- Oi, hm, você pode me dar uma fatia de bolo de morango e leite de amora? - perguntei deslocado e tímido, vendo os olhos fecharem ao que ele riu. Li no crachá que estava em seu peito: Chifuyu