CAP.02 | SANGUE BRANCO, SANGUE VERMELHO.|

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-Athalar... – ouço meu irmão Hunter me chamar.

Hoje não estou com vontade nenhuma de interação. Hoje o dia é pesado. Dia de apresentar as oferendas na casa do Grande.

-Athalar! – o grito vem sem paciência.

-Fala, porra! – grito de volta, irritado. Se ele quer dizer algo que venha aqui e diga o que quer,porra!!!

Ouço os passos mastigando a vegetação por onde ele passa, suspiro pesadamente levando o olhar na direção do som.

Ele me olha com olhos de ódio contido, mas respira fundo fazendo aquela cara de santo e digno que me irrita tanto e vem despejando.

-Logo cedo e já com esse humor do limo? Ah, Athalar, nem parece que é meu irmão mais velho, não era você que deveria ser o exemplo, o grande exemplo para todos da terra? O primeiro filho, deveria ser o mais louvável, inclusive as suas ofertas ao Grande deveriam ser aceitas.

Aquele assunto de novo.

Viro o rosto indo de encontro com a minha responsabilidade. Começo a escolher o melhor, o melhor, a melhor oferta para aquele dia importante. Todo primeiro dia do mês, o mês para pedir as bênçãos e proteções dos deuses para uma boa lavoura e para um bom rebanho.

Eu cuido das lavouras, a terra e eu somos ligados, tudo o que eu cuido cresce com facilidade e produz o melhor das verduras nessa terra. Não falta nada, tudo a terra me dá e eu sempre me atento em devolver algo em troca. Não que minha forma de vida seja aceita pela minha família, o que eles tomam, nunca devolvem. Tudo é deles, já ouvi milhões de vezes essa história, em como eu não deveria me preocupar em sempre deixar algo em forma de agradecimento para aqueles que estão comigo todo dia, no trabalho árduo com a terra.

-Serviço de mulher – gritou Hunter logo atrás de mim.

-Se fosse mesmo qualificado estaria comigo quebrando pescoços e tirando as tripas para fora, mas fica ai, com essa cultura de vegetais. – ele cospe as palavras como um veneno, mais uma vez, mais uma vez.

Trinco meus dentes tentando conter a ira que mais uma vez ferve meu sangue. Um soco, só um soco na cara desse verme e me sentiria mais feliz.

-Vai lá levar uma cenoura para a mamãe preparar um suco pra você – ele riu baixo. – É mais fácil do que ver os olhos de um animal perder a vida diante de você, aquele vazio a falta da respiração, isso - ele cospe – não é serviço digno para a oferta ser aceita. Derrame seu sangue em cima, quem sabe dessa vez o Grande aceite a sua oferta.

Meu corpo começa a tremer, minhas mãos soam e eu me levanto, perdendo todo o sentido e avanço contra meu irmão caçula, o passo foi tão rápido que ele nem teve tempo de se antever a mão que encontrava o seu nariz. O soco atravessou seu rosto, levando o nariz para o lado esquerdo e o baque de ossos quebrando enfim fazendo um som delicioso ao meu ouvido após escutar aquele verme dizer o que disse pra mim.

Ele vai direto para o chão, mas se recupera rapidamente colocando-se em pé.

Firmo meu pé esquerdo no chão, e viro para acertar mais um soco em seu rosto antes que ele consiga encontrar o equilíbrio em sua perna de luta.

-Vou te mostrar o que tipo de sangue que vai ser aceito nesse dia!

E com isso vou pra cima dele, todo ódio de anos sendo humilhado vindo à tona. O ódio de toda humilhação , mês após mês, vindo em torrentes de ira, de cansaço, de indignação. Não era menos homem e nem menos guerreiro só porque não matava animais mensalmente para oferecer ao Grande.

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⏰ Última atualização: Aug 29, 2022 ⏰

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