1 - De volta as noites de comédia.

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O vento cortante de fim de verão na Califórnia faz meus cabelos cheios esvoaçarem quando desço do carro junto a Sabina.

Em um tentativa frustrada de arrumar meus cachos, percebo Sabina rejeitando outra ligação de Sean.
Troco o peso para outra perna e encaro a morena.

- Ele ainda não se ligou que foi um beijo e não um pedido de casamento? - pergunto rindo.

Ela faz que não com a cabeça e guarda o celular.

- Me ligou pelas últimas 3 semanas desde a festa de fim de verão que o Jason deu na casa dele, que foi aonde a gente se beijou.
- ela entrelaça um dos braços no meu e me leva para dentro da cafeteria que frequentamos desde os 7 anos de idade - e, me mandou uma mensagem hoje me perguntando quando meu irmão vem pra cá.

Deslizo sob o sofá confortável, seguida de Saby, e aprecio as pessoas passando apressadas pela janela da cafeteria, começando a rotina depois das férias.

- E então, seu irmão vai finalmente sair de Los Angeles e vir pra cá? - ela faz que sim com a cabeça, parecendo desanimada.

- Parece que nosso pai quer que ele tentar alguma faculdade em Stanford. - ela explica soltando o cardápio, e pegando um guardanapo, enquanto eu distraidamente separo meus cachos um dos outros - bom, não vai fazer mínima diferença pra mim, já que ele nunca fez questão nenhuma de querer me conhecer ou até mesmo sequer fingir que sim.

Minha amiga termina com um suspiro exasperado, enquanto faz dobras aleatórias no papel.

- Mel me convidou pra uma outra festa que o Jason vai dar na casa dele, nesse sábado, que tal se eu te tirasse um pouquinho lá da sua casa? - eu pergunto com um pouco de esperança de que ela aceite.

Desde que Sabina terminou o seu relacionamento de anos com Caleb, um menino que morava no mesmo bairro que a gente, ela não gostava mais de sair pra conhecer outras pessoas, só de ficar com caras aleatórios e fingir que nada aconteceu no dia seguinte.

Talvez seja a forma dela de lidar com a traição.

O garçom chega a nossa mesa e pedimos dois frappucinos pra viagem, sem deixar algumas bombas de chocolate de fora.

- Não sei, Blake chega nesse sábado, e papai quer que eu faça um almoço de boas vindas ou alguma merda do tipo, já que a mamãe vai estar muito ocupada fazendo consultas pra ver como o bebé está. - Minhas esperanças não se vão tão fácil.

Nosso pedido é entregue rápido.

Eu pego o meu copo e a sacola de papelão com os doces enquanto Sabina caça as chaves do carro na bolsa.

- Tá, mas e se, hipoteticamente, eu te ajudasse a fazer o almoço de manhã, fazer sala pro garoto, e depois irmos pra minha casa pra se arrumar pra festa? - falo me lenavantando e ela me encara pensando nas possibilidades - Qual é Saby?,é uma Pool Party a tarde e uma baladinha de after a noite, nunca vi ninguém morrer por não ter tido uma baita festa de boa vindas. - eu falo isso lançando sobre ela um olhar de quem diz "eu sei que você tá sem argumento".

Passamos pela porta de saída da cafeteria, chegando de uma manhã de compras pras voltas aulas, e agora voltando pra uma típica noite de filmes de comédia na casa da Saby.

- Se der tempo eu vou, eu juro, mas não posso te prometer nada. - cede, derrotada.

- Eu sabia que você ia aceitar, tá na hora de partir pra outra linda, água parada é boa por um tempo, mas depois faz mal, fica tóxica. - digo entrando no carro, bebendo meu frappucino e colocando Lana Del Rey no som enquanto Sabina dá partida no carro.

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Escutamos batidas nervosas na porta do quarto.

Eu abaixo o som, e a voz da Lana Del Rey cantando Dealer desaparece no ar, enquanto Sabina quase tropeça umas 4 vezes pra tentar abrir a porta.

É culpa do álcool.

O que melhor do que uma noite das garotas com muita vodca pra começar o 3° ano do ensino médio? Foi oque ela me perguntou umas 6 horas atrás, depois de uma maratona de filmes de comédia.

Eu obviamente não discordei, se uma mulher me chama pra beber não seria eu que negaria.

- Abaixe já a porra desse som! Eu sei que estão comemorando e tal, mas já são 5h da manhã meninas! A Ella precisa dormir, faz mal pro bebê! - eu arranco o som da tomada com um puxão, sei que nossa música não estava nada absurda de alta ou algo do tipo, tava no 20, só que acaba ficando alta em uma casa tão silenciosa e tão grande.

- Já entendi pai, desculpe, vamos desligar. - Saby diz com a cabeça baixa, tentando evitar que ele perceba que ela não está em seus momentos de sobriedade agora.

- E parem de beber essa vodca de péssima qualidade, da próxima vez que quiserem ficar bêbadas me chamem pra eu beber algo que preste com vocês. - ele sai e fecha a porta atrás de si.

Sabina me encara, vermelha, segurando a risada enquanto escutamos os passos pesados do pai dela pela casa.

- E é assim que se começa uma segunda feira porra! - eu levanto a garrafa de vodca, que Sabina logo toma da minha mão pulando em cima de mim.

Términos a noite assim, no carpete do quarto dela, ensopadas de álcool, uma em cima da outra, e rindo para as paredes.

Ignorando que amanhã teremos que encarar os assuntos pendentes que deixamos há dois meses atrás.

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- Eu já te falei que vermelho é a sua cor? - Sabina aparece arrumada, se referindo ao meu batom vermelho, quando eu abro a porta do meu quarto, dando passagem pra ela passar.

Hoje, umas 10h da manhã, quando eu a acordei jogando água na cara, pra ela se arrumar pra escola, Sabina havia me xingado de todos os nomes inapropriados possíveis no mundo.

E então, quando eu a avisei que ia atravessar a rua pra ir pra minha casa me arrumar também, ela levantou, me encarou, e me mandou ir pela sombra.

Enquanto eu atravessava a rua, fedendo a vodca, e com uma blusa de St que ia até meu joelho, segurando meu allstar do dia anterior, Dona Mérida, uma velhinha da nossa rua me cumprimentou falando " Oi minha filha!, já tava até estranhando esse último mês sem ver você voltando pra sua casa as 10h da manhã parecendo que foi atropelada".
Eu voltei pra casa ignorando completamente que uma velha tinha acabado de me chutar verbalmente.

- Já, tipo, umas trezentas mil vezes. - eu a lembro. - e quem te deixou entrar, imunda?
A lanço um olhar de deboche, que a mesma retribui.

- Foi teu pai, aquele gostoso. - ela se joga na minha cama bagunçada, enquanto eu pego minha mochila.

Me dou uma última olhada no espelho, e Sabina se intromete atrás.

Me encaro, com os cabelos cacheados longos e volumosos, o batom vermelho carmim se destacando nos meus lábios cheios, e o meu vestido longo preto que era colado na cintura com fendas depois do quadril, deixando uma parte das minha pernas fora quando eu andava, e nos pés meus coturnos vermelhos, que combinavam com os pretos de Sabina.

Sabina, esta que parece que não estava muito afim de escolher uma roupa para o primeiro dia, já que a calça jogger preta e o cropped vermelho que combinava com os meus coturnos eram a mesma roupa de ontem.

- troca. - falamos juntas, e então trocamos os coturnos, eu agora com o preto, e ela com o vermelho.

Acabou que passamos toda a primeira semana frequentando só aulas que gostávamos, e cabulando as outras pra ir ao cinema, parque ou outros dos nossos roles de pessoas de meia idade.

Saby estava feliz que não teria que encarar Caleb tão cedo, já que ele só chegaria na próxima segunda, junto dos outros meninos do time de futebol, que haviam ido fazer um treinamento em uma cidade vizinha no verão.

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(N/A): eu sei que está horrível, desculpem-me :/ .

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⏰ Última atualização: Aug 29, 2022 ⏰

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