O vento frio da noite dançava pelos cabelos soltos de Da Kyung, enquanto ela caminhava com passos suaves, quase imperceptíveis, pela rua pouco iluminada. O casaco que ela usava, uma peça grossa e masculina, envolvia seu corpo pequeno de uma maneira que deixava claro que não lhe pertencia originalmente. Jeong Woo havia insistido em lhe dar, temendo que ela passasse frio na noite que prometia ser gelada. Ela aceitou, como sempre, sem dizer uma palavra, apenas assentindo com a cabeça.
A música que ecoava em seus fones de ouvido, "Die With A Smile", criava uma atmosfera contrastante, melancólica e serena, acompanhando o ritmo de seus passos pela calçada vazia. Os olhos dela, normalmente inexpressivos, estavam levemente semicerrados enquanto ela observava a rua à frente. Era raro que alguém visse Da Kyung fora da escola, e mais raro ainda vê-la sozinha, sem Jeong Woo ou Ha Neul ao seu lado. Mas naquela noite, algo a impelia a caminhar sozinha, talvez a busca por um momento de paz, ou apenas o desejo de se afastar de tudo por um breve instante.
Ela desceu o pequeno morro que dava acesso à parte mais movimentada do bairro, embora, àquela hora, a maioria das lojas já estivesse fechada. O único estabelecimento ainda iluminado era uma pequena loja de conveniência, localizada em uma esquina. O letreiro piscava fracamente, como se estivesse prestes a apagar. Não era um lugar que frequentava normalmente, mas, como qualquer outra pessoa, tinha suas necessidades ocasionais.
Kim empurrou a porta de vidro com uma leve pressão, e o som do sino pendurado acima dela anunciou sua chegada. O cheiro familiar de produtos baratos e desinfetantes invadiu suas narinas, mas ela não fez caso. Seus olhos estavam voltados para o chão, perdidos em pensamentos momentâneos, até que um barulho alto chamou sua atenção.
Ao levantar a cabeça, ela se deparou com uma cena inesperada. Jin Sung, um dos rapazes mais conhecidos da escola, estava de pé no meio da loja, com as mãos agarrando firmemente a gola da camisa do funcionário, um jovem visivelmente mais fraco e assustado. Ao redor, três garotos que ela não reconhecia estavam sentados perto de uma mesa cheia de garrafas de bebida e cigarros. Eles pareciam à vontade, como se aquele fosse seu ponto de encontro habitual, mas a presença de Da Kyung imediatamente fez o ambiente mudar.
— É a Deusa Da Kyung… — Um dos rapazes, magro e de topete, gaguejou ao vê-la entrar. Ele se escondeu rapidamente atrás de um amigo maior, os olhos arregalados de nervosismo. Era evidente que não esperavam ser pegos por alguém como ela.
Lee Jin Sung, por sua vez, soltou o funcionário no mesmo instante, seu sorriso nervoso e desconcertado se revelando enquanto ele dava alguns passos em direção a ela, levantando as mãos em um gesto que tentava mostrar que estava no controle da situação, mas sem intenções hostis.
— Senhorita Da Kyung, não sabia que morava por aqui! — Ele começou, a voz um tanto trêmula. — Nós só estávamos batendo um papo… Nada demais. — Ele tentou sorrir, mas o olhar fixo da mesma, sem demonstrar nenhuma reação aparente, o fazia suar frio. Mesmo sem falar, o desprezo nos olhos dela era evidente, e isso o fez hesitar por um momento.
A morena manteve-se em silêncio, mas havia algo na maneira como ela o encarava que deixava claro que não estava interessada em ouvir desculpas ou explicações. Ela inclinou levemente a cabeça para o lado, um gesto quase infantil, mas carregado de desdém, como se estivesse avaliando se aquele rapaz insignificante merecia sequer um pouco de sua atenção.
Jin Sung percebeu que a tensão no ar estava se tornando insuportável. Ele tentou manter a calma e deu mais um passo à frente, estendendo a mão como se fosse tocar o ombro de Da Kyung, na tentativa de guiá-la para fora do ambiente, talvez na esperança de amenizar a situação. Mas antes que pudesse fazer contato, um som seco ecoou pelo pequeno espaço.
Da Kyung havia levantado a mão rapidamente, e o tapa que desferiu contra o rosto de Jin Sung ressoou pela loja, fazendo os outros rapazes saltarem de seus lugares. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Jin Sung ficou parado, o rosto virado para o lado, uma marca avermelhada começando a aparecer onde havia sido atingido. Seus olhos estavam arregalados de surpresa e, por um momento, ele parecia não acreditar no que acabara de acontecer.
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𝙢𝙖́𝙨𝙘𝙖𝙧𝙖𝙨 𝙦𝙪𝙚𝙗𝙧𝙖𝙙𝙖𝙨 ✶ 𝘭𝘰𝘰𝘬𝘪𝘴𝘮 ( )
Random。゚☆ ━━━━ 𝗞𝗜𝗠 𝗗𝗔 𝗞𝗬𝗨𝗡𝗚, apelidada de "Deusa Kim da Escola Jaewon", era a personificação da perfeição: a mais bela e inteligente, cobiçada e adorada por quase todos. Sua vida parecia um conto de fadas, mas essa imagem impecável gerava inveja...