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Não é que estivesse morando com um Lan por livre e espontânea vontade, longe disso. O caso é que dividir um apartamento era muito mais viável financeiramente falando, do que pagar tudo sozinho. Além disso, havia todo o tipo de vantagem a ser levada em consideração, tal como higiene, educação, se o colega era tipo barulhento ou encrenqueiro, se gostava de fofocas, se tinha responsabilidade suficiente para pagar contas e não transformar a casa inteira num puteiro...

Cheng tentara antes. Xichen não fora exatamente sua primeira opção de colega de quarto, mas depois de dois meses morando com Wuxian e Huaisang, ele acreditou que acabaria gastando seu réu primário e terminou "cedendo" sua vaga para um tal de Shang Qinghua, aspirante a escritor.

Como o cara conseguira silêncio o suficiente para escrever naquela baderna, era um verdadeiro mistério, mas pelo que ouvia do irmão, a convivência estava sendo o mais pacífica possível (dentro do que consideravam pacífica, claro).

Em seguida, o Jiang tentou morar com três colegas de uma vez: Xie Lian, Mu Qing e seu não-assumido-namorado, Feng Xin. Inacreditavelmente, mesmo sem a presença de Wuxian, fora um verdadeiro inferno.

O casal não parava de discutir e faziam muito barulho de madrugada. Xie Lian tentava apaziguar os problemas (e num geral até conseguia), só que era muito desastrado. Vivia se machucando ou quebrando algo. Cheng fugiu na primeira oportunidade que teve, não ficando nem mesmo um mês com eles.

Na terceira tentativa estava convencido de que se fracassasse novamente, moraria sozinho. Ele daria um jeito. Pegaria um lugar menor, talvez dois cômodos pequenos. O suficiente para comer, dormir e estudar em paz.

Não é como se tivesse algum vínculo forte com Lan Xichen. Conhecia-o, é claro, mas não o suficiente para chamá-lo de amigo.

O apartamento era grande, como esperado de algo vindo dos Lan, e impecável. Os tons claros não incomodavam o Jiang, nem mesmo a quantidade absurda de plantas espalhadas, ou os chás estranhos que Xichen tomava.

Suas conversas, de esporádicas, se tornaram frequentes e comuns o suficiente para deixar aquele gostinho de saudade quando não tinham interações o suficiente. Aquilo era novo para o Jiang, e estranhamente confortável.

Se sentira tão bem acolhido pelo Lan que inconscientemente baixou sua guarda perto dele. Passaram a maratonar séries juntos, irem ao cinema, shows, e até mesmo esperar que o outro chegasse para jantar. Um acordo mudo. Praticamente um namoro sem pegação.

Xichen gostava de fazer cafuné, abraçá-lo por trás enquanto lavava a louça e ouvia atentamente sobre toda e qualquer coisa que Cheng lhe dizia, desde o mais frívolo detalhe do dia, até a fofoca mais absurda que Sang lhe contara durante o segundo período.

Eles reclamavam da burocracia ridícula da faculdade, e também da pressão que a sociedade criava em cima do jovem adulto. Debatiam política, bebiam vinho e planejavam o que fazer nas próximas folgas, juntos, é claro.

Wuxian brincara que os dois estavam namorando, coisa que fez com que ambos rissem, sem que, todavia, negassem nada.

E foi assim que os flertes começaram. Tudo na brincadeira, muito leve, descontraído, engraçadinho até.

Xichen fazia com que Cheng se sentisse bonito e desejado, era uma brincadeira gostosa, ele não viu mal em responder às investidas com provocações do mesmo nível.

Logo, beijos começaram a ser deixados nos pescoços quando se abraçavam. Os abraços se tornaram mais frequentes e mais fortes. Haviam carícias que talvez não devessem ser na parte interna da coxa coberta por apenas uma samba-canção, ou cafunés que puxavam o couro cabeludo com um pouco mais de força do que deveriam.

Eram olhares trocados, frases de duplo sentido, convites em tom de piada, mas que se levados a sério, seriam uma tremenda oferta.

Isso, até que o no fap september chegou.

Xichen sabia que o Jiang era competitivo, isso estava praticamente estampado em sua testa. Jiang Cheng odiava perder. Ele, contudo, não se importava tanto com a vitória, gostava mesmo era da adrenalina da competição, e aquela decididamente seria uma deliciosa.

A sugestão foi lançada ao ar como se não fosse nada importante, sendo seguida de uma frase curta sussurrada ao pé do ouvido: "Duvido que consiga".

Cheng riu em alto e bom som. Lan Huan claramente nunca convivera com sua mãe. Um mês sem "bater uma" era fichinha perto de 18 anos perto da sra. Jiang. Ela desconhecia o conceito de privacidade e era moralmente tóxica.

Um mês sem se masturbar? Fala sério. Cheng conseguiria muito mais do que isso facilmente. Ele só precisava focar a mente em outras coisas que não sexo.

Os primeiros três dias foram fáceis. Cheng estudou muito por causa das provas e estava exausto. Ele tomava um banho rápido, lia um pouco e dormia. O jantar se tornara opcional. Comia o que tinha fácil à mão e curtia o conforto da cama. Quem disse que vida de universitário era fácil, mentiu.

O problema veio na quarta noite, e a culpa era inteiramente de Xichen, que decidira fazer flexões na sala. Cheng estava preparado para muita coisa vivendo com Lan Huan, mas vê-lo suado, subindo e descendo, usando apenas um calção de tecido mole não estava no planejado.

Arrumando qualquer desculpa, o Jiang correu do cômodo e se trancou no próprio quarto. Excitado e envergonhado, constatou que aquele seria um longo mês e que se não fizesse algo logo, perderia o desafio.

Na quinta noite, decidiu que comeria com o Lan. Xichen não poderia estar mais feliz com isso, principalmente depois de sentir o pé do Jiang passeando debaixo da mesa.

Ele arrastou-se na barra de sua calça, subindo pela perna e se alojando na virilha, acariciou em movimentos circulares, empurrando um pouco, sentindo-o ficar duro em poucos minutos.

Cheng estava corado, mas falava sobre as provas como se não estivesse fazendo nada.

Xichen arfou e arqueou as costas ao senti-lo empurrar com um pouco mais de vontade, sentia a cueca úmida. Em um impulso segurou o tornozelo alheio, fazendo com que o rapaz perdesse o rumo da conversa.

"Você joga sujo, Wanyin"

Cheng deu de ombros, ajeitando a postura na cadeira. Não fora ele quem começera aquilo. Não era sua culpa.

///Continua~ :)

Parafusos soltos (Xicheng)Onde histórias criam vida. Descubra agora