No tempo errado

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Se Deus ama as gays, por que continuamos perdendo? Boa leitura babies ;)

Talvez aquilo fosse uma espécie de inferno que imitava a vida ou algo do gênero, pensava Lisa porque tudo doía constantemente, mesmo que ela recebesse medicamentos para melhorar suas dores o que a fazia pensar que se doía daquela maneira estando medicada, sem medicamento algum ela morreria.

Em meio ao inferno e a normalidade, um pedaço do céu soprou para perto da sua existência, Jennie estava finalmente ali, diante dela depois de toda aquela confusão que a deixou atordoada.

Jennie olhava para os lados, os balões dos alunos e coisas do tipo que haviam sido deixadas lá quando eles a visitaram ainda em sua inconsciência, ela juntava os dedos uns nos outros e olhava para o próprio ato como se houvesse esquecido de agir em sua companhia.

— Não vai dizer nada? — Lisa a perguntou finalmente pondo fim a mudez que imperava entre as duas.

Fora também a primeira vez que Jennie a olhou diretamente sem desviar seu olhar no segundo seguinte.

— Eu não sei exatamente se há algo que eu possa dizer, tudo parece um grande pesadelo.

— Você tem que ver as dores. — Lisa brincou e recebeu um olhar censurador. — Ei eu estava brincando! Eu vou ficar bem.

— Lisa você está toda quebrada.

— Toda não, apenas alguns dedos, um braço e uma costela.

Jennie revirou os olhos.

— Você acha que isso é engraçado?

— Você quer que eu chore?

— Eu quero que você fique em paz, é isso que eu quero.

— Pode parar, não foi culpa sua.

— Não foi, mas o idiota que mandou fazer essa covardia me teve como pretexto.

— Jennie você não pode ir lá e quebrar a cara dele sabe disso, e se denunciá-lo não dará em nada, o pai dele é um puto influente e mesmo que dê em alguma coisa, você acha mesmo que ele pagará?

— E você está bem com isso? Eu vou denunciá-lo e...

— Tudo bem, você pode fazer isso, se é o que quer e não, não é que eu esteja bem, eu queria estourar algumas balas no rosto dele, e eu estou com tantas dores que eu nem consigo dormir direito, mas já aconteceu, não aconteceu?

Ela não a respondeu, nem a disse nada, apenas se aproximou mais e beijou-a os lábios rapidamente, se afastou outra vez e a olhou pensando em quantas coisas ruins aconteceram na vida de Lisa desde que elas começaram a se envolver e sabia que a culpa não era sua, contudo, todas aquelas coisas ruins vinham da sua parte da vida.

Sua mãe falando coisas estúpidas e a ameaçando, agora aquela agressão física, o que mais viria se elas continuassem insistindo? O que seria a próxima coisa? Por que diabos ela tinha de ser uma pessoa tão perseguida? E por que as coisas não recaíam sobre ela já que vinham da sua parte da vida? Estavam sempre atingindo Lisa.

— Cale a boca, é hora da sua comida. — Jennie simplesmente disse, entretanto, seu olhar ainda estava distante, quase frio, não de indiferença, mas de uma opacidade pensativa.

— Ei amor, nós vamos ficar bem. — Lisa disse sem saber exatamente o que ela estava precisando ouvir e a viu dar um pequeno sorriso enquanto pegava a comida para dá-la na boca.

Aquele simplório e ligeiro sorriso a aqueceu o coração, mas o de Jennie estava coberto por uma neblina espessa, completamente alheia a tal detalhe Lisa apenas tinha em mente que as coisas logo melhorariam novamente, ela se recuperaria, sairia da SADA e começaria a namorá-la publicamente e finalmente tudo seria como Jennie sempre quis.

A professora de dança • JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora