Meu Primeiro Amor.

Dois.

   Ouviu a porta de frente se conhecer que ele tinha chegado ao presente pelo jeito. Josh tem esse efeito nas pessoas: quando entra em um ambiente, é como se as luzes ficam mais brilhantes de repente.
    Ele se segura e a mão no ombro. 
   "Lolla, sua trouxa", disse ele (afetuosamente , claro). "Nunca tome o café do Ernie sem um donut". Ele se inclina e sussurrou : "Essa coisa vai abrir um buraco gigante nas suas entranhas" .
   Em seguida, se sentou no banco alto ao meu lado, com as pernas esguias na calça Levi's desbotada.  Estava uma camisa de flanela, embora fosse final de maio e apenas 24 graus lá fora. 
   "Ei, Ernie" ele chamou, "sabe o que os Timbers mandaram embora? E pode nos dar uma rosquinha chocolate?"  "Futebol !", ele reclamou. "O Oregon é um tempo profissional de beisebol verdade. Esse é um esporte de verdade." Ele colocou o donut em um prato velho e lascado, e disse: "Por conta da casa". 

   Josh se virou para mim, sorrindo e apontando o polegar para Ernie. "Adoro essa cara".
  Dava para afirmar que o sentimento era mútuo. 
"Então",disse Josh, voltando toda a atenção para mim, "que ideia maluca é essa? Você finalmente vai se inscrever para tirar uma carteira de habilitação provisória? Você decidiu beber uma cerveja inteira? Vai parar de fazer o dever de casa tão religiosamente?"

   Ele sempre pega no meu pé por ser uma boa menina.
Josh acha ─ e meu pai concorda ─ que ele é um menino mau porque largou o ensino médio, que ele achava "insuficientemente convincente" e "povoado por cretinos" (sendo cretinos uma palavra que eu ensinei a ele, é claro). Pessoalmente, acho que ele tem razão.
   "Provavelmente vou reprovar em tudo, menos em inglês", disse eu, e não exagerava. Minha média de notas estava prestes a despencar, porque logo seria o período das provas finais e, com sorte, eu não estaria por perto para fazê-las. Uma semana antes, saber disso teria me mantido acordada à noite. Mas consegui parar de me importar, porque, se esse plano funcionasse, a vida como eu a conhecia estava com seus dias contados.
"Conhecendo você, isso parece altamente improvável", disse Josh.
"E daí se você estiver um pouco distraída e, Deus nos livre, tirar um B+ em alguma coisa? Você está ocupada escrevendo o grande romance americano... ai!"
Eu havia dado um tapa no braço dele. "Por favor. Entre a escola e cuidar do meu querido e velho pai, não tive nenhum tempo de escrever." Meu pai havia enfrentado uma crise alguns anos atrás e tentava sair dela bebendo. Desnecessário dizer que a estratégia não ia bem. "Podemos nos concentrar no assunto em questão? ", perguntei.
"Que é... ?"
"Eu vou fugir" , disse eu.
Josh ficou de queixo caído. A propósito, ao contrário desta que vos escreve, ele nunca usou aparelho e tem os dentes perfeitos.
"E, para sua informação, você também vem", acrescentei.