1. Um pouco demais

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  Calor, estava quente demais, muito quente para aguentar, sentia o suor escorrendo pelo pescoço enquanto todo seu corpo queimava em chamas.
  Sabo tentou correr, sair da cama que estava deitado após voltar exausto daquela missão bem sucedida, mas duas pernas falharam e ele caiu no chão de joelhos.

  Ele tentou respirar fundo, mas só engasgou com todo ar e começou a tossir desesperado, as lágrimas começavam a escorrer pelo rosto enquanto sentia a garganta fechando.
  Camadas, tinha camadas demais, ele sempre achou que quanto mais roupas usassem, mais protegido ele se sentiria, menos se incomodaria com os toques em si e com a temperatura dos ambientes, mas agora essas mesmas camadas que o protegiam pareciam lhe sufocar.

  De forma desesperada começou a tentar retirar todas as roupas, os botões, cintos só atrapalhavam tudo, logo já estava chorando desesperado por falhar no seu objetivo.

— Sabo?

  De joelhos e se sentindo extremamente cansado ele olhou para a mulher que entrou no cômodo, ela parecia nervosa e surpresa de o encontrar daquele jeito.

— Você está bem?

  Ela fechou a porta e tentou se aproximar, mas ao vez o rapaz recuando sobre seu toque ele imediatamente soube o que estava acontecendo, Sabo estava tendo outra crise sensorial e precisava de ajuda.
  Olhando em volta ela rapidamente achou os dois itens que salvariam o dia, uma tesoura e uma coberta felpuda que estava guardada para o clima gelado da noite.

  Se aproximando com cautela ela teve que segurar as emoções ao ver o rapaz se encolhendo, sabia que ele ficava extremamente frágil durante essas crises mas precisava se aproximar para lhe ajudar.
  Com cuidado ela puxou as camadas de roupa para cima, as afastando da pele e cortou com a tesoura, ele a perdoaria pela gravidade da situação, logo os pedaços da roupa foram caindo o deixando com o torso nu.

— Eu vou te enrolar na coberta, tá bom?

  Sabia que ele estava suado, mas a textura suave da coberta era o que ele precisava naquele momento e ela estava feliz em ajudar.
  Com cuidado e tentando se manter o mais distante possível, ela o enrolou na coberta e então o abraçou, trazendo com cuidado para seu colo. Foi instantâneo o relaxamento do rapaz, logo estava mole e deitou cansado no colo da mulher.

— Tá tudo bem, já passou — sussurrou para não lhe assustar

— Obrigado...

  A mulher apenas sorriu se sentindo realizada de poder ajudar aquele homem por quem tinha tanta admiração, crises assim eram ruins e se sentia grata de que ele confiava bastante em si.
  Eles passariam a tarde assim, presos em seu pequeno mundinho apenas aproveitando as boas sensações.

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