Do fundo do coração

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Estava acabado, Fyodor estava morto.

Sigma se levanta de onde está e olha deu corpo caído no chão, se ajoelhando ele lhe dá a misericórdia de fechar seus olhos. Ele se senta ao lado do corpo de Fyodor e não sabe o que sentir. Ele, Fyodor e Nikolai eram os Anjos Caídos, os causadores de caos, e agora, ele era o último.

Ele sobrou. Nikolai havia morrido no combate de algumas horas antes e agora Fyodor. Ele levanta o olhar para os olhos do assassino de Dostoiévski.

Dazai está parado olhando para longe, respeito ao luto.

- Dazai, Dazai. - Ele grita, perdendo a paciência. Ele se sente meio vazio sobre as mortes, mas ao mesmo tempo, eles eram o que ele tinha no mundo. - Por que o matou? Anda, responde. Por que eles estão mortos?

Sigma chora, mas não importa, ele está com raiva e acabar com Dazai seria muito satisfatório, além de ele querer algumas respostas.

- Por que você o matou?

- Isso importa? Ele ia destruir o livro, isso ia matar você, ia desequilibrar o mundo em que vivemos.

- Ele não... - Sigma ia dizer algo, mas o que havia para ser dito? Era a verdade, esses eram os verdadeiros planos de Fyodor. - Ele se importava...

- Se ele se importava, como você diz, por que ele te tratava como uma arma para conseguir o Livro?

- Quem é você para dizer algo? Você o odiava, mas no fundo é igual a ele, não, não igual, pior, porque ele era abertamente ruim, e você, você é só um assassino escondido no grupo dos heróis, tentando ser algo que não é.

Ele não tinha nada, nada. Este mundo não tinha nada para ele e nem ele para este mundo.

Ele acaba perdendo a percepção de tempo e quando volta a ficar totalmente consciente, ele está deitado em uma cama. Ele se levanta, o quarto em que ele está é uma bagunça. Tem bandagens jogadas para todos os lados, algumas roupas na cadeira da escrivaninha e uma pilha de papéis bagunçados na dita escrivaninha.

A única coisa que decorativa que ele pode ver é um vaso de flores azuis, que por alguma razão o faz sentir nostálgico, além da própria parede ser de um tom azul e haver vários livros de poesia espalhados.

É o quarto de Dazai, ele sabe, desde que Dazai tinha se mudado há algumas semanas ele não teve a chance de vir aqui.

Ele se levanta e vai olhar o resto da casa. Ele entra na cozinha, para encontrar um Dazai com um avental branco de babados preparando alguma coisa no fogão, antes que pudesse dizer alguma coisa, ele colocou uma xícara na sua frente.

- É cappuccino, pensei que fosse gostar num momento como esse.

O platinado não diz nada, mas se senta e bebe. Dazai parece concentrado no que está fazendo.

- O que você está fazendo aí?

- Curry.

Eles caem em um silêncio desconfortável.

- Sinto muito, pela minha explosão. - Sigma diz.

Dazai dá de ombros.

- Eu não deveria ter dito o que eu disse.

Dazai não o olha, quando fala.

- Eu sei, eu matei Fyodor, ele era importante pra você. Você deve me odiar agora.

- Sinto muito. - Sigma diz, sem poder negar.

Novamente, seus sentimentos sobre este homem estão confusos, eles se conhecem há anos, são amantes há dois anos e agora que Dazai matou ambos os seus amigos, ele pode dizer que o odeia, mesmo que já esperasse por um resultado parecido. Eles nunca falaram sobre, mas ambos sabiam.

- Está tudo bem. - Osamu diz a ele. 'Eu mesmo me odeio também', o moreno completa em pensamento.

Eles permanecem assim, Sigma resolve ficar na casa de Dazai por um tempo. Nos primeiros dias, eles mal se falam e parecem estranhos um ao outro.

Sigma não o olha, é doloroso de mais. Com algumas semanas, eles voltam a se falar, apenas o necessário ou um cumprimento, parece menos frio e machuca menos do que antes. Com o passar do tempo, ambos criam novas relações em seus trabalhos e lugares que frequentam.

Eles passam alguns meses assim, criando relações que não sejam um ao outro e se reaproximando de maneira lenta, até que Sigma inicia uma conversa aleatória sobre o jantar e eles acabam invadindo assuntos a fora, como trabalho, amizades e outros.

Em mais alguns meses, as piadas e brincadeiras que eles tinham quando juntos voltam. Com isso o primeiro beijo depois de pouco mais de um ano vem.

Finalmente eles se beijam de novo, e parece que um peso do ombro dos dois foi tirado. Eles se amam, mas as coisas não estavam bem, agora eles podem finalmente respirar sem sentir como cinzas nos pulmões ou como uma cobra enrolada no estômago.

Depois do primeiro beijo, as coisas estão quase normais, eles até saem para o restaurante favorito deles de novo.

O amor e o tempo conseguiram curar o laço danificado que eles tinham, trazendo de volta o brilho nos olhos e a cor nas bochechas.

Depois de dois meses de encontros normais, eles saem para dançar, eles sentem a leveza e a força de seus sentimentos. Eles se importam um com o outro, mesmo que isso tenha ficado confuso por um tempo.

Tempo de mais se você perguntar a Dazai.

Na noite em que eles dançam, eles voltam a ser o melhor casal dançando na noite, eles bebem e quando chegam em casa terminam o caminho de reconquista e reconstrução do relacionamento, que percorreram até aqui, fazendo sexo pela primeira vez em quase um ano e meio da morte de Fyodor.

Ao fim, quando Sigma se encosta no peito de Dazai, eles respiram fundo e sentem toda a intensidade do momento.

- Desculpe, Osamu. Eu demorei. - diz Sigma.

- Tudo bem, eu acho que demoraria pra voltar também. - diz Dazai. - Quer ir deixar flores nos túmulos amanhã?

- Pode ser.

No dia seguinte, Sigma compra jacintos, que significam "Me perdoe" e lírios do vale que representam "Volta da felicidade".

Ele deixa os jacintos no túmulo de Fyodor e os lírios no túmulo de Nikolai, já que o platinado queria apenas que ele fosse feliz.

Depois de terminar suas orações para seus amigos, ele vai com Dazai até o túmulo de Oda Sakonosuke, uma das pessoas que Dazai mais amou. Dazai tem seu próprio buquê constituído de centáureas que queria dizer "Esperança no amor".

Quando Dazai deixa o buquê em frente ao túmulo, Sigma observa surpreso enquanto ele se ajoelha e abre uma caixinha.

- Sigma, aqui, em frente ao túmulo de Odasaku, eu te peço que case comigo, porque eu te amo e gostaria de oficializar o que temos.

E o que Sigma poderia dizer se não...

- Sim, sim eu me caso com você.

Amor e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora