Único;

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Seus passos dentro daquele lugar tinham um único destino: os aposentos dela. Nunca a Fortaleza Vermelha lhe pareceu tão vasta e a distância tão grande. Mal conseguia ver as pessoas que cruzavam seu caminho; os servos que o reverenciava, os conhecidos da Corte que lhe prestavam alguma saudação. Seguia numa direção apenas, enquanto ouvia as batidas aceleradas de seu coração pulsando em seus ouvidos. 

O príncipe Daemon Targaryen veio de Pedra do Dragão montado em Caraxes apenas para vê-la, torcendo que a presença dela agisse como um bálsamo em suas feridas não visíveis. Lhe trouxesse alguma paz - ela que era a maior ameaça ao maior de seus desejos. Lançou algumas palavras ríspidas para o cavaleiro da Guarda Real que protegia a porta dela, mandando sor Criston Cole para os sete infernos ao então irromper como um temporal que assolava Ponta Tempestade aos aposentos dela.

― Tio Daemon? 

Indagou a princesa Rhaenyra Targaryen, o deleite do Reino. A verdadeira herdeira do Trono de Ferro. Não, ele era o herdeiro por direito. Viu-se aturdido pela visão dela, usando o vermelho do estandarte da linhagem do Dragão naquele vestido longo. Fitou o rosto dela através do espelho, e ela abriu um sorriso antes de se virar para ele. Observou, um pouco acima do discreto decote do vestido, a peça que adornava o pescoço dela. 

O colar que a deu de presente muitos anos atrás - um símbolo de ancestralidade entre os dois -, destacando a pele leitosa. A encarava fervorosamente, percebeu, ao ver as feições dela se vertendo em confusão. A princesa sequer imaginava o tormento que significava para ele o simples gesto de fitá-la. 

Havia a satisfação que uma parte dela, aquela parte, era somente dele. Havia a realização que era seu principal obstáculo ao maior de seus objetivos. Havia uma dualidade que entrava em conflito quando se tratava dela, tornando-o quase incapaz de fazer qualquer coisa contra ela. Qualquer coisa que pudesse aborrecê-la. 

Essa era a parte que odiava de si mesmo.

― Príncipe? ― ouviu-a lhe chamar novamente, com aquela voz doce e calorosa.

Alheia a angústia que ele carregava consigo. Alheia ao poder que exercia sobre ele de uma forma quase sobrenatural. Queria dizer o quanto ela era bela, a donzela mais linda de todo o Reino. Queria xingá-la como a desgraçada que era. E queria, acima de tudo, abraçá-la. Cortou rapidamente a distância entre eles apenas para envolvê-la em seus braços.

― Daemon. ― seu nome nos lábios dela, era como a resposta de uma pergunta que nunca tinha feito.

Era uma confirmação. Uma revelação.

Sentiu-a se aconchegar em seu abraço, ajustando os braços para laçá-lo pelo pescoço, aprofundando o contato. Apertava-a na cintura curvilinea, e não estava preparado para as sensações que ela causou dentro dele ao fazê-lo inclinar a cabeça até a curvatura de seu pescoço. Inspirou o cheiro dela, alguma fragrância que trouxe de Lys especialmente para ela. 

Algo foi destruído e moldado no interior dele naquele momento. Daemon podia ser cruel e impiedoso. Podia ser tudo o que era acusado de ser, e era. Mas debaixo daquela armadura negra com o estandarte do dragão de três cabeças num campo escuro, ele nutria coisas inimagináveis por ela. Era Fogo e Sangue, tal qual o lema de sua Casa.

― Rhaenyra… ― a voz grave e potente sequer vacilou ao clamar o nome dela.

Inebriado pelos fios longos e prateados ao afundar seu rosto no pescoço dela, embalado pela sensação de acalento ao se sentir, pela primeira vez, em casa

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