Nosso Querido Lua (Akaza x Rengoku)

Cap 1

Acabo de me vestir com minhas roupas de dormir.

Não me foi designada nenhuma missão e eu preciso me recuperar da minha última luta, da qual eu não teria saído vivo se Tanjiro não tivesse cortado o braço do Lua Superior 3 a tempo e distraído-o até quase amanhecer, embora o demônio tenha conseguido escapar.

Apago a luz, me deito, e depois de algum tempo finalmente durmo. Porém meu sono não dura muito tempo, pois acordo sentindo que alguém me observa.

Embora eu ainda esteja me recuperando, preciso me manter atento à possibilidade de ser um oni, ainda mais por eu não estar em algum lugar confiável, mas sim num hotel barato.

Tento manter a calma enquanto ouço seus passos lentamente chegando cada vez mais perto. O indivíduo para ao meu lado e se ajoelha delicadamente.

-Boa noite, Kyōjurō. -Sussurra calorosamente aquela voz familiar. Era o Lua Superior 3, Akaza.

Akaza: -É lamentável o seu estado de saúde, se você fosse um demônio já estaria curado. É uma pena.

Tento não demonstrar minha raiva e medo. Devo seguir fingindo estar dormindo para não começar uma batalha desnecessária. O oni passa alguns segundos calado mas logo volta com seu monólogo.

Akaza: -Você é tão lindo dormindo, Kyōjurō. Na verdade, você é lindo de qualquer jeito. -Ele acaricia levemente minha bochecha com seu dedo indicador enquanto fala.

Me esforço para manter a calma e não deixar ele perceber que estou acordado.

Akaza: -Eu amo muito você, Kyōjurō... Você é tão forte, tão corajoso, e tem um coração enorme. A sua voz é tão gostosa de se ouvir, e sua risada é a coisa mais preciosa do mundo... -Ele para de me acariciar.

O que tá acontecendo aqui?! Há alguns dias atrás nós estávamos prontos para matarmos um ao outro, e agora ele está se declarando pra mim?! Ele é masoquista por acaso??? Ou só não bate bem da cabeça?

Akaza: -Isso seria muito menos estranho se você parasse de fingir que está dormindo, eu tô me sentindo muito errado.

Meu coração erra algumas batidas. Então ele sabia que eu tava acordado esse tempo todo mas simplesmente fez uma declaração de amor ao invés de terminar de me matar?!

Abro meus olhos e olho diretamente para o oni. Permaneço imóvel porém já me preparando para fugir caso ele tentasse algo.

Akaza: -Obrigado, meu amor. ~ -Ele agradece quase cantarolando. -Ah, perdão! Posso te chamar assim?

Rengoku: -Não. O que você tá fazendo aqui?

Akaza: -Só vim ver se você tá bem. Não quero que você morra.

Rengoku: -Então por que tentou me matar?

Akaza: -Aquilo era só uma leve pressãozinha pra você virar um oni e se regenerar.

Eu me sento de frente para Akaza.

Rengoku: -Por que quer tanto que eu vire um demônio?

Ele olha para o chão em silêncio por alguns segundos, em seguida suspira fundo e olha no fundo de meus olhos.

Akaza: -Depois de tantas décadas, se não séculos, eu fui me esquecendo dos meus ideais, fui me esquecendo de quem eu era. Você me lembrou pelo o que eu lutava, pois eu era igual a você. Foi por isso que eu me apaixonei por você, Kyōjurō, você me libertou! Pode ser um motivo egoísta, mas eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado, morrer ao seu lado, mas isso nunca seria possível se você não se tornasse um oni, já que não tem como eu voltar a ser humano.

Duas lágrimas escorrem pelo seu rosto enquanto ele se empolga e fala cada vez mais alto até chegar ao ponto de quase gritar.

Ele era como eu? Eu... libertei ele? Realmente é uma motivação egoísta, mas ainda assim é tão triste...

Akaza: -Dito isso: Rengoku Kyōjurō, mesmo eu sendo um oni e você um pilar, você aceita se casar comigo? -Ele propõe com um tom de medo e insegurança em sua voz, apesar de sua notável determinação, enquanto segura minha mão.

Fico sem reação à proposta, eu esperava tudo menos isso. Ele ficou louco? Um pilar e um Lua Superior?!

Rengoku: -Não. -Respondo em alto e bom som.

Ele solta minha mão e sua determinação vai embora junto a esperança, dando lugar a decepção.

Akaza: -A-ah... Entendo...

Ele levanta sua mão trêmula para tentar tocar meu rosto mas desiste. O oni se levanta e vai em direção à porta, dando uma última olhada em minha direção antes de ir embora.