Josephine

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Em uma tarde, alguns dias atrás, Josephine estava entediada. Ela havia terminado um livro muito bom sobre viagem no tempo e ficou sentada por alguns minutos pensando em como seria legal se realmente fosse verdade. Nesse momento, pensou ela, estaria tomando chá com alguns amigos em algum lugar muito legal e cheio de dinossauros, o que era certamente um perigo, já que os dinossauros poderiam comer pessoas.

Ela estava entediada e sentada na cama em seu quarto, quando notou uma luz saindo do seu baú de brinquedos, e foi verificar o que havia de errado, já que era um móvel muito novo.

Ao abrir o baú, ela ficou encantada com todas as cores e com o vento fresco que sentiu e mais do que depressa, entrou, tendo o cuidado de deixar a tampa do baú bem aberta para evitar que se fechasse.

Saiu em um campo verde, com uma estrada bonita com cercas-vivas verdes e cheia de flores. Parecia ser o começo da primavera e tudo parecia muito lindo e muito convidativo para explorar.

Ela notou, ao caminhar alguns metros, que havia algumas casinhas redondas, e bem simpáticas, de onde algumas cabeças olhavam e acenavam. Ela retribuiu o aceno e foi ter com eles. Descobriu que eram muito amistosos e que estavam preocupados, pois seu rei havia desaparecido a alguns dias e eles precisavam muito da ajuda, então eles pediram ao Mago da Montanha um feitiço pra fazer com que alguma porta no mundo dos homens se abrisse pra chegar um salvador, ou salvadora, como eles fizeram questão de corrigir.

Josephine ficou muito emocionada, mas não sabia se era emoção de medo ou de alegria, porque ela nunca havia participado de uma aventura antes, mas concordou, contando que voltasse antes do chá da tarde. Todos concordaram, então ela seguiu viagem para o Reino dos Ladrões de Morangos. Ela estava levando um mapa, uma pequena espada e uma cestinha com frutas para a viagem. Ela foi alertada que no momento em que encontrasse o senhor do Reino dos Ladrões de Morango, teria que que ser rápida, porque ele era astuto e perigoso.

Nos primeiros momentos da viagem, ela caminhou animada, pensando que mundinho bonito aquele que havia dentro do seu baú. Depois de algum tempo ela ficou cansada, sentou e comeu da cesta. Mais um tempo depois, ela perguntou porque as meninas tem que calçar sapatos tão apertados quando poderiam caminhar descalças sentindo a grama e a terra no caminho. Ela tirou os tirou, guardou na cestinha e viu que estava caminhando muito melhor agora.

Depois de algum tempo caminhando, Josephine viu um arco de nuvens que ocultava uma parte do caminho, não de uma forma que dá medo, de uma forma que dá curiosidade na gente. Ela foi explorar e descobriu que havia um lindo passarinho preso na teia de uma aranha muito grande e muito feia, com grandes pinças que davam medo e ela iria devorar o passarinho! Josephine correu e, com sua espada, cortou a teia em volta do passarinho e, juntos, saíram muito rápido daquele arco de nuvens, que nada mais era do que um truque da aranha para parecer que ali era um lugar bacana de querer ficar.

O passarinho, cujo nome era Xavier, ficou muito agradecido e decidiu que continuaria viagem com a nossa querida aventureira e juntos partiram, agora mais animados, pois tinham a companhia um do outro.

O Xavier contava muitas histórias daquela terrinha verde e bonita, e Josephine ficou muito encantada com esse novo amigo, mas estava um pouco preocupada, porque estavam chegando ao Reino dos Ladrões de Morangos. Xavier falou sobre esse reino e Josephine ficou sabendo que eles eram malvados e que a muito tempo roubavam morangos da terra de onde o rei fora capturado, porque eram os mais doces e mais bonitos de todo o mundo do baú de brinquedos. Josephine olhou adiante, e conseguiu ver as montanhas pontudas e as árvores grandes que era tudo o que havia naquele estranho lugar. Ficou com um pouquinho de medo, mas Xavier disse que a protegeria, caso fosse preciso. Ela confiou nele e, juntos, terminaram de caminhar e ficaram de frente com uma grande porta feita de madeira e que continha estranhos escritos, que eles preferiam não saber o que diziam.

Josephine bateu na porta com sua pequena mão e na mesma hora a porta se abriu e ela pode ver todos os ninhos que havia no reino, porque pasmem, O Reino dos Ladrões de Morangos era povoado de passarinhos cor de areia de praia, com pintinhas coloridas em todo o corpo. Mas eram perigosos, de acordo com os habitantes do Reino do Rei Sequestrado, e Josephine, portanto, achou muito estranho quando eles foram muito simpáticos e ofereceram toda a cortesia possível para ela e Xavier.

Quando ouviu o outro lado de toda a história, Josephine descobriu que os ladrõezinhos de morangos eram pássaros que não tinham mal dentro de si, só estavam famintos, porque o rei sequestrado roubou todas as sementes de morangos que tinham e fugiu. Demorou para que eles o encontrassem novamente, reivindicando suas sementes, mas o rei não queria devolver e pior, disse para os habitantes que os pássaros eram perigosos e que deveriam combate-los. Muitos anos passaram depois disso e os pássaros foram obrigados a fugir para aquela terra triste e sem sementes, porque não havia como mudar a opinião do rei, quando um dia, um dos pássaros mais valentes dali, resolveu que traria o rei a qualquer custo, porque eles precisavam fazer um acordo e chegar a um entendimento.

Josephine olhou para o rei, que estava muito vermelho de vergonha, porque aquela era toda a verdade, e ele admitiu ser muito egoísta e que queria as sementes para ele, mas estava com problemas, porque as sementes tinham acabado e só haviam as plantações de morangos, que poderia acabar e o que seria dele e de seu reino se isso acontecesse?

Naquele momento, Josephine que era uma menina muito esperta, explicou para o rei que todos os morangos que eles colhiam tinham sementes e que ele poderia plantá-las novamente na terra e obter sempre mais gostosos e suculentos morangos. Ela não acreditava que o rei não sabia disso porque, oras, ele era um rei e deveria saber das coisas para governar um povo e ele admitiu, vermelho mais uma vez, que não gostava muito da biblioteca do reino então tinha pedido para tranca-la. Isso mudaria, já que ele prometeu que abriria ela novamente para os habitantes também se tornarem pessoas inteligentes.

Os pássaros e o rei chegaram a um acordo sobre os morangos e sobre tudo, então os pássaros deixaram aquela terra triste e foram viver no reino, dividindo a coroa e cuidando muito bem de todos os que moravam ali. Levou um tempo pra todo mundo confiar um no outro, mas é claro, que como esta é uma história otimista e cheia de esperança, eles passaram a ser muito gentis e amáveis e tanto as pessoinhas das casas redondas quantos os pássaros fizeram daquele mundo do baú um lugar ótimo para viver.

Josephine e Xavier ficaram muito amigos e a hora de se despedirem foi muito triste, porque queriam muito que aquela amizade durasse pra sempre, mas Josephine cresceria e a imaginação acabaria sendo um local perdido dentro dela e Xavier não poderia impedir que isso acontecesse, mas esperava que não. Eles choraram ao se despedir e Xavier deu para Josephine um cordão com um lindo medalhão, que ela colocou no pescoço e prometeu que jamais tiraria, mesmo que fosse grande e que a imaginação se perdesse dentro dela. Xavier ficou feliz e prometeu que faria Josephine se lembrar dele nos momentos certos e que sempre cuidaria dela, da maneira dos pássaros. Foi um segredo entre eles e Josephine estava mais animada quando ao final tiveram de dizer adeus.

Chegaram ao local onde o baú estava aberto e Josephine viu seu quarto do outro lado. Ela subiu os pequenos degraus até alcançar a porta e, meio chorando, meio sorrindo, disse adeus para todos os seus novos amigos.

Ela caiu do outro lado, porque não previu que sairia tão rápido dali. Deitou na cama e ficou olhando para o teto, absorvendo tudo o que havia acontecido. Um tempo depois sua mãe veio até a porta e a chamou. Quando Josephine não apareceu, ela entrou no quarto e a encontrou da maneira que descrevemos um pouco acima e sentado ao seu lado, acariciou seus cabelos e escutou enquanto Josephine contava a inacreditável história, menos a parte do medalhão, que ela sabia que era um segredo e que no momento certo ela contaria.

Suamãe saiu do quarto e Josephine a acompanhou, não sem antes tocar seu preciosomedalhão e sorrir, porque contava os minutos para rever Xavier, mesmo que issodemorasse, mas é outra história e ainda não pode ser contada.

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