Como ser uma prostituta.

O começo de tudo.

Acordo pela tarde, nunca tive o costume de acordar cedo e como de costume vou direto para a cozinha. Minha mãe não está em casa, provavelmente está em algum bar ou esquina e meu padrasto no trabalho, graças a Deus, para a minha felicidade ele chega às seis horas, horário em que eu já estou na faculdade.
Felizmente hoje é sexta feira, amanhã não haverá aula, Sabrina estava esperando por esse final de semana como uma louca, a ideia é ir para a plataforma, um baile não tão próximo do nosso bairro, a empolgação dela me diz que vai ser tudo.
Dou risada lembrando de quando nos conhecemos, época de colegial, eu sempre fui uma garota muito isolada e mesmo assim, meu nome estava em quase todas as brigas, Sabrina por outro lado, era a "rainha da escola", a garota branca de cabelos lisos que todos queriam, ninguém mexia com ela. Um belo dia, uma professora que me odiava com todas as suas forças, decidiu me colocar no grupo do trabalho de Sabrina, na esperança de talvez  nós duas sairmos no tapa, a gente nunca se deu muito bem, ela me chamava de gótica maluca e eu a chamava de projeto de puta barata, no final de tudo, a professora tomou no cu bonito, eu e Sabrina tiramos todas as pessoas do nosso grupo, fizemos o trabalho sozinhas e no fim de semana, ela me levou para o meu primeiro baile, não tem como se esquecer, conhecer coisas novas no mundo sempre foi minha praia. Eu até hoje consigo ver a cara da professora, ela espumava pela boca toda vez que via eu e Sabrina juntas, uma dupla inseparável, insensíveis, invencíveis.
Entre ii e pensamentos, eu fiz todo que havia para fazer em casa, tomei um banho relaxante escutando minha playlist do meu cantor preferido Giveon. 16:30 e estou pronta, mando uma mensagem para Sabrina:

-Ei Sam! Tô indo ai! Já está pronta né?!

Pego minha mochila, que particularmente hoje está combinando com o meu look despojado, seguro minhas chaves, digo tchau para minha gata, trancando a porta de casa, meu celular vibra.

- Estou quase pronta. Amiga, precisamos conversar, quando você chegar aqui eu te explico, só vem!

Mando um 'Ok' e vou à pé até sua casa.
Depois de uma caminhada com menos de três minutos, eu chego, toco a campainha e chamo o nome de Sam no portão, só para ter certeza de que fui ouvida, não demora muito até que eu escuto seus passos vindo, ela abre o portão com um sorriso espontâneo, no rosto, um detalhe engraçado, só um delineado feito, eu dou risada;

- Eu nem me surpreendo mais haha... Me diz que é só esse delineado que você tem pra fazer...?

Eu gesticulo apontando para sua roupa, que estava ótima, mas se tratando de Sam, nunca se sabe. Ela fecha o portão e gruda no meu braço, me puxando para dentro de sua casa.

- Sim Bia... É só o delineado que eu vou tentar fazer, se você ficar reclamando muito eu vou trocar de roupa também!

Ela me olha com um sorriso zombeteiro, eu a olho de volta, e quando nossos olhos se encontram nós duas caímos na risada. Eu respondo:

- Só vai logo porra! Eu não quero realmente saber se você vai demorar, eu quero saber o que você quer me falar!

Sabrina me olha com uma cara de "Amiga, aqui não..." acompanhada de uma voz baixa:

- Quando a gente sair eu te conto, melhor quando a gente chegar no ponto, não quero que ninguém daqui escute.

Eu aceno com a cabeça e espero pacientemente. Nós conversamos um pouco sobre coisas aleatórias até a hora que chegamos no ponto de ônibus, logo quando nos sentamos eu já pergunto: