A Protegida (5)

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Yaman tentava pensar racionalmente enquanto dirigia feito louco pela cidade em trapos, entrou em ruas escuras, foi para o subúrbio, lugar onde sabia que ninguém os encontraria fácil, aquele local estava sob o comando de traficantes, eram hostis, recebiam com chumbo grosso estranhos curiosos, conseguiu seu passe livre pra ir e vir, quando salvou um soldado na guerra que veio a saber depois, era irmão do chefe daquele lugar.
Foi direto pro seu apartamento, é, ele tinha um apê lá, escolheu morar ali porque não queria visitas, nem ver ninguém, e sabia que lá, ninguém iria atrás dele.

Parou o carro, desceu rápido e puxou Seher pelas mãos, não tinha elevador, subiu dois lances de escadas, chegando no apartamento a primeira coisa que fez foi ligar para alguém, entre a ligação e a batida na porta não demorou nem dez minutos, um homem alto e forte deu um abraço em Yaman.

- E aí irmão, no que posso ajudar?
- Pega essa chave, e aquele carro que tá lá embaixo, e some com ele pra mim, abandona bem longe daqui.
- É pra já irmão.

O homem não questionou, e apesar de Yaman não ser envolvido em nada do que acontecia por ali, havia conquistado o respeito de todos, e podia contar com aqueles homens como verdadeiros soldados caso precisasse.
Fechou a porta e se virou pra Seher, ela estava em pé, com olhos arregalados e assustada.
- Acabou! Acabou ouviu, aquele imbecil nunca mais vai te ver.
- Não não, meu pai, meu pai....
- O que tem seu pai Seher?
- Eles vão matar, vão matá-lo...o que eu fiz, eu não devia ter vindo, meu Deus, tenho que voltar ou vão matá-lo.
- Calma, ninguém vai matar ninguém.
- Você não sabe, ele disse, disse....
- Seher, calma, toma aqui... liga pro seu pai.

Seher pegou o telefone das mãos de Yaman emocionada, se sentia livre não por estar somente fora daquele lugar, mais simplesmente porque podia usar o telefone.
Tremia enquanto ligava, não demorou até seu pai atender.

- Filha, que bom que ligou já estava com saudade, como você tá querida?
- Pai, me escuta por favor, eu preciso que...

Seher perdeu o fôlego quando ouviu barulhos estranhos e uma voz, tinha alguém perto de seu pai, será que era tarde, será que enganaram ele pra entrar em casa, ficou ainda mais aflita.
- Quem tá aí pai? Quem é?
- Seher, o que foi filha? Porque tá gritando?
- Não tem tempo pai, por favor diz quem tá aí?
- Oras, não reconhece mais a voz do meu parceiro Arif?! Você já esqueceu como ele é, assim que soube que eu estava sozinho em casa, veio me buscar pra sairmos pescar.
- Aaai... graças a Deus!!
- Agora me diz o porque tá assim filha? Você tá com algum probelma?
- Não, tá tudo bem pai, eu só tô um pouco esgotada, estressada...muito trabalho.
- Querida você não pode só trabalhar, tem que descansar também.
- Eu sei, eu vou...pai, me deixa falar com o tio Arif, eu...tô com saudade dele.
- Tá bom querida, vou passar pra ele.

Arif era como se fosse um tio de coração pra Seher, amigo de seu pai a tantos anos, já fazia parte da famíla. Era um policial aposentado, e foi exatamente por isso que Seher escolheu falar com ele nesse momento, não queria despejar toda aquela sujeira de repente em cima de seu pai, morria de medo dele não aguentar tanta emoção, e de passar mal...ia contar tudo sim, mais apenas depois que já estivesse sã e salva, e a seu lado. Além do mais tinha que pedir ajuda ao Arif para que não levasse seu pai de volta pra casa, já foi um verdadeiro milagre seu pai estar fora de casa, bem agora que Akin com certeza iria querer puni-lá fazendo mal a ele.

- Oi minha querida, que saudade de você minha pequena, seu pai disse que você esta realizando os seus sonhos, fico tão feliz por você.
- Eu preciso falar algo sério, mais você não pode deixar o pai perceber tá bom?! Só diz sim, se entendeu.

Uma pausa e...
- Sim querida, sim.
- Não posso explicar tudo agora, mais pra resumir, não tem trabalho dos sonhos aqui, foi um golpe, fui traficada, eu estava presa em um cabaré...você sabe pra que...mais eu escapei, tô tendo ajuda de algumas autoridades, e preciso que você não deixe meu pai voltar pra casa, vão matar ele se o encontrar.
- Ahãn, entendo...querida eu preciso que você me dê mais detalhes, fiquei curioso, onde você está indo pra trabalhar agora? Algum lugar turístico? Esta com sua chefe...Qual mesmo o nome dela?
- Eu tô em segurança, Yaman é um ex tenente do exército, foi ele que me salvou desse pesadelo...olha, você tem que prestar atenção se alguém tá seguindo vocês, disseram que estavam vigiando meu pai... por favor não o deixe voltar pra casa até eu dizer que é seguro.
- Claro querida, com certeza, não demore a dar notícias heim...ou então seu velho amigo aqui vai por a polícia do país todo atrás de você. - Arif falou em tom de brincadeira, deu gargalhadas, mais Seher entendeu o recado.

A protegida (01)Onde histórias criam vida. Descubra agora