Sangue do Dragão - Capitulo Único

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Rhaenyra Targaryen, até então a Princesa de Dragonstone e Herdeira do Trono de Ferro, foi ao encontro de seu pai, respondendo ao seu chamado. Esperou paciente enquanto ele selava o pergaminho com o sigilo de sua casa e entregava-o ao mensageiro.

- Entregue diretamente nas mãos do príncipe Daemon. – orientou

- Sim, Vossa Graça.

Reverenciando-os, o mensageiro partiu seguido por todos os demais homens da sala.

Rhaenyra permaneceu em pé, com seu costumeiro elegante entrelaçar de dedos. O pai a encarou, incerto de como conversar. Há muito tempo ele não sabia mais como falar com a própria filha.

A tensão presente na sala era densa e poderia ser facilmente cortada por uma adaga. Mas a princesa, curiosa pelo o que escutou, logo a cortou. Afinal, ela queria saber o que pai teria para falar com o tio.

- Tio Daemon?

- Estou enviando uma mensagem para ele... – explicou Viserys, surpreendo-a. - O socorro esta a caminho de Stepstones.

- Ele pediu por esta ajuda? – perguntou incrédula.

- Ele morreria em breve. Mas o rei dele não permitirá isso.

A princesa se negava a acreditar nas palavras dele. Como seu pai, um rei, podia ser tão obtuso? Por mais que a natureza gentil de Viserys muitas vezes nublasse suas decisões, como ele poderia não conhecer o próprio irmão?

Daemon Targaryen tinha o fogo do dragão em cada gota de seu sangue. Era impulsivo, explosivo, rebelde... Ele queimaria toda a esquadria real antes de permitir que seu irmão rei, como o mesmo frisara, o ajudasse naquela empreitada.

Aquela era a guerra dele, fosse por honra, por gloria, por capricho ou por atenção. Ele iniciou e ele terminaria. Mas Rhaenyra deixaria que o pai entendesse sozinho. Há muito tempo ela percebeu que aquela corte não era mais a mesma e o seu silencio era seu triunfo.

- Não concorda com a minha decisão? – questionou ao observar a expressão da filha. Ele pensou que aquilo a deixaria feliz. Apesar dos pesares, ele sabia que ela amava Damon profundamente.

Rhaenyra sentou-se e respondeu ao seu pai.

- O que eu penso não influencia muito nas suas decisões, Vossa Graça. – replicou - Isso eu duramente já aprendi.

Viserys da Casa Targaryen, o primeiro de seu nome, rei dos Ândalos, Roinares e dos Primeiros homens, Senhor dos Sete Reinos e Protetor do Território, era rei há mais de uma década. Nesse período, viu-se em diversas situações complexas e deveras irritantes... mas nenhuma deles se comparavam a que se encontrava atualmente. Rhaenyra era mais dócil e compreensiva anos atrás.

Ser rei era extremamente cansativo... Como dissera uma vez, Daemon jamais teria paciência. Ele próprio muitas vezes orava para que acabassem com aquele suplicio... Imaginava como teria sido sua vida se a princesa Rhaenys, a rainha que nunca foi, como gostavam de dizer, tivesse sido a escolhida para carregar aquele fardo. Sua doce Aemma não teria sido tão cobrada por filho homem, sendo assim, talvez ela ainda estivesse viva.

Desde que ela partiu, a vida daquela família, outrora quase perfeita, virara um caos.

Irmãos romperam laços, filha foi jogada na cova dos leões, a cobrança por um novo casamento e enfim, a sucessão masculina por qual todos ansiavam. Só os deuses sabem o quão doloroso foi colocar aquele fardo em cima dos ombros delicados de sua filha. Não era aquele o futuro que ele sonhou para ela.

Rhaenyra nunca mais foi a mesma. Perder a mãe foi algo extremamente doloroso, e somado a perda do tio que ela tanto amava, algo dentro dela se partiu. Era visível em seu olhar, em sua postura, em sua voz. Ela estava totalmente quebrada.

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