🎞 𝗳𝗶𝗴𝗵𝘁

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                                                rupi kaur

O quê pode ser mais forte que o coração da gente
Que se quebra em tantas partes, e ainda bate

[...]

— Só vou te dar os fones se prestar atenção em mim! Sua intenção sempre vai ser me dar trabalho?– dizia a mãe de Minnie — Não tem pena de mim?

— Quando você quis ser mãe significa que estava disposta a cumprir suas obrigações como tal! Você ter escolhido ser mãe significava cumpri-las com a responsabilidade de que foi uma escolha sua, não foi por acaso, a senhora mesma disse.– dizia calmamente se segurando para não xingar qualquer palavra de baixo calão possível — Então não venha me culpar, se você está arrependida da sua própria escolha, mãe.– aumentou o tom

— Você nunca diz nada á mim, o quê acha que eu sou?– gritava alto o suficiente para que os vizinhos pudessem ouvir sua voz — Pois não parece que considera-me sua mãe, Nicha.

— Eu nunca digo nada, mãe?– vociferou contra seu rosto, segurando as lágrimas de estresse que insistiam em cair logo-logo — É isso que acha? Não parecia, quando não obtia paciência o suficiente pra me explicar o que era a porra de um ciclo menstrual!

Um tapa forte acertou-lhe o rosto, a garota virou devido ao impacto, levou sua mão até a bochecha tocando o local que ardia, e surgia uma vermelhidão.

— Não use esse vocabulário comigo, garota! Eu sou a sua mãe.– apontou o dedo para Minnie olhando-a nos olhos

Foi audível um resmungo vindo da sala, Minnie assustou se ao ver a figura do pai, nada contente, com os braços cruzados

— Está envergonhada porque seu pai chegou e ouviu tudo? Responda, Yontararak!

Ela olhou nos olhos da mãe, e riu histericamente. Seu jeito sinico não se escondia até nesses momentos de raiva. Começou a rir fraco, o que causou confusão e raiva na mãe.

— Não há nada que eu não tenha me acostumado, vocês são uns péssimos pais! – disse correndo para o quarto em seguida, escutando gritos dos dois adultos que uma hora tratava-se da filha, outra hora começavam a brigar entre si mesmos.

Encostou-se na parede e se arrastou até o chão, permitindo que as lágrimas grossas descessem pelo seus olhos, molhando sua bochecha vermelha devido ao tapa forte. Tampava os ouvidos no intuito de que o barulho dos gritos de seus pais fossem menos audíveis.

Naquela noite e naquele momento estava sendo controlada como um robô. Falava e reagia às coisas no modo automático, torcendo para que o tempo passasse rápido, porque a única coisa que conscientemente ao ouvir tudo aquilo, pensava era"eu quero morrer".

Eu quero morrer! Eu quero morrer Eu quero morrer!

Esmurrava as paredes, puxava seus cabelos, gritava nos travesseiros, nada livrava-lhe de sua imensa dor, a morte no momento parecia a melhor opção. Com sua vista já embaçada e mãos trêmulas, pode-se ouvir a voz da mãe.

— Querida.. Me escute, tudo que estamos fazendo, é porque amamos você, saia desse quarto, permita-nos sermos pai, mãe e filha.

Conseguiu escutar, mas nada disse apenas bufou. Deitou-se na cama, desligou o interruptor, e tentou dormir. Apesar de falhar miserávelmente pois logo mais lágrimas caíram sobre seu rosto, a única com a qual sabia que precisava, era Miyeon. Precisava de seu toque, do seu carinho, do seu cheiro, da sua presença. O mais bizarro era que tinha se tornado totalmente dependente a Cho Miyeon, sabia que precisava dela mais que nunca. Queria neste exato momento poder abraça-lá ouvi-la sussurar que tudo ficaria bem, deitar ao seu lado sendo abraçada pela mesma, e se sentir totalmente protegida, como as princesas nos filmes encantados, quando o príncipe garante as proteger de qualquer coisa de ruim nesse mundo inteiro. A única diferença, era que seu príncipe, na verdade era uma princesa, na qual era nomeada Cho Miyeon.

Lembrou-se do dia em que fazia frio, e Miyeon emprestou-lhe o seu casaco azul, era um veludo macío acompanhado de seu doce aroma fixado na roupa. Estava guardado até hoje em seu guarda-roupas, e sem hesitar pegou a peça vestindo-se como no dia em que foi emprestada.

Era mais uma briga com sua mãe e com seu pai interferindo em meio ao conflito. Minnie tivera pesadelos incomuns e perturbadores para sua mente frágil, de apenas uma garota que precisava de proteção, que pudera ser uma garota forte e independente, tinha seus momentos de vulnerabilidade.

Miyeon chegava perto da mais nova, na cama apertada do quarto da garota. E sussurava em seu ouvido palavras de consolo, dizendo que ficaria tudo bem. Segurou sua pequena mão, diante da sua que parecia bem maior, então entrelaçando seus dedos suspirou pesadamente, acariciando seus cabelos, dizendo que as coisas se resolveriam e ficaria tudo bem.

O cheiro permanecia no casaco, Minnie se lembrava de cada toque e sensação que Miyeon fazia a garota sentir. Lembrou-se das palavras calmas que dizia durante a noite, de sua respiração e seu hálito de menta a poucos centímetros perto de seu rosto, limpando suas lágrimas com o polegar, sabia que tudo ficaria bem enquanto estivesse com ela. Tudo estava seguro pois Minnie estava em seus braços, e definitivamente era o lugar mais seguro que a garota ja permaneceu durante sua vida inteira.

Sorriu ao lembrar da garota dizendo que a amava, dizendo que enquanto ela estivesse aqui, nada ou ninguém poderia machucar Minnie. Era como se tudo se iluminasse, as flores murchas se tornarem belas flores coloridas e alegres, a agitação e a ansiedade se transformassem em paz e calma. Tudo era seguro ao lado de Cho Miyeon, daria tudo para senti-la, sentir seu toque, queria poder gritar neste exato momento que amava Cho Miyeon mais que tudo. Se não fossem plenas uma da manhã, iria para a casa de Miyeon, tacar pedras em sua janela, vendo a mais velha a receber de bom grado, assim como foi na vez em que Miyeon fugiu da festa, mas o horário no relógio mostrava nove e cinquenta, não tão tarde para pular a janela do grande amor, huh?

Ouviu o barulho do carro do pai se ligando, ele estava prestes a ir embora de sua casa, depois dos gritos, o mínimo que fez foi ir até a janela, e encara-lo sair, e assim que a viu, o pai deixou um sorriso fraco nos lábios e acenou com a mão, Minnie ainda chateada apenas assentiu e fechou as cortinas, certificando-se que nada iria atrapalhar sua maldita noite de sono, que agora se tornaria muito pior, devido a sensação de solidão, e a saudade de Miyeon.

— Eu preciso de você, Miy– sussurou para si mesma, enquanto se aconchegava em seu casaco.

06:29 AM

Minnie diria, que acordar esse horário era ridículo, dizia isso a Miyeon que todas as vezes acordava ridiculamente cedo, mas pagou com a língua quando se viu vestida em seu casaco, andando pela rua deserta, enquanto fazia frio, indo até a casa da namorada. Será que gostaria da sua visita?

[...]

— Você está bem? O quê houve? Por que acordou tão cedo? Está doente?— perguntava tão rapidamente que Minnie não conseguia lhe acompanhar com uma cara de confusa, colocou a mão sobre sua testa com a intenção de medir sua temperatura.

— Se me deixar responder ao menos uma de suas perguntas, eu te explico— respondeu rindo fraco da mais velha.

— Problemas com os pais, denovo?— disse em tom triste e Minnie assentiu, logo recebeu um abraço carinhoso da namorada — Estou aqui contigo viu? Sabe disso, não sabe, Min?

— Uhm, eu sei disso— se aconchegava no abraço cada vez mais, sentindo seu cheiro doce, abraçando seu pescoço enquanto a mais velha acariciava seus cabelos.

— Eu te amo, Min.

— Eu também te amo, meu anjo— respondeu não contendo o sorriso bobo nos lábios.

~

apenas queria dar os devidos créditos ao/a criador(a) da imagem na multimídia.

 𝘁𝗲𝗲𝗻 | 2mi ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora