Capítulo único.

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O coração dele batia depressa assim como as asas de um pássaro.

Aquele tipo de sensação ocorria sempre que Will sabia estar fazendo algo errado. Algo perigoso. A adrenalina pulsava com força em suas veias, bombeando seu sangue com fúria pelas veias.

O Graham mordeu o lábio com força enquanto dirigia. Sua respiração estava acelerada. O agente olhava de modo ansioso pelos retrovisores do carro, verificando se não estava sendo seguido.

Não podia cometer nenhum erro. Não naquele momento. Ou poderia colocar tudo em risco. E ele não queria aquilo. Não mesmo. Não podia ficar separado de seu amante.

Entrou em uma rua deserta. Escura. Apenas o som do motor rugido se fazia presente naquele ambiente hostil e frio. As sombras cercavam tudo ao seu redor, prendendo as coisas em suas garras frias.

Will queria pisar mais fundo no acelerador. Porém, controlou os sentimentos. Faltava pouco para finalmente chegar ao esconderijo de Hannibal. Então, poderia ficar com o Lecter sem problemas.

Hannibal era criminoso. Aquilo era verdade. Era perigoso. Mas, o Graham gostava daquilo mesmo que fosse imprudente. E tudo por que o outro o entendia melhor do que ninguém. Via-o com todos seus tons cinzas e pretos. Via sua escuridão e a encarava sem medo.

O homem sorriu para si. E então, viu a pequena e isolada casa no fim da rua. O agente diminuiu gradativamente a velocidade do carro e estacionou o veículo em frente à construção branca e discreta. Desligou o motor e suas mãos tremeram de excitação. Suas pernas também ficaram trêmulas.

Will saiu do carro e pegou a cópia da chave. Abriu a porta devagar, sentindo o calor que emanava de dentro do ambiente. Havia cheiro de produtos de limpeza no ar. O homem foi caminhando.

Havia uma pequena luz acesa. Bem no fim do corredor. O quarto de Hannibal. Seu espaço de confinamento pessoal, que era apenas invadido por seu amante. O único que podia entrar em sua bagunça. E em sua vida de modo completo.

Bateu à porta, mesmo sabendo que não era necessário fazê-lo. Força do hábito talvez. Educação também. Will costumava ser um homem cortês por natureza.
- Pode entrar. - O homem sentado à cama respondeu, desviando os olhos do livro que lia, olhando o menor com evidente interesse.

- Oi. - Os lábios do Graham se curvaram para cima em um sorriso largo.

- Demorou a chegar. - Hannibal deixou o livro de lado, colocando-o em sua mesinha de cabeceira.

- Estava tentando me livrar do Jack. - Will tirou os sapatos devagar, deixando-os perto da porta. Depois, livrou-se de sua camisa. E das calças.- Sabe como ele sempre dá um jeito de me prender no trabalho.

- Ele está me dando nos nervos. - Hannibal suspirou pesado, parecendo tentar controlar sua raiva. - Ainda mais por estar te roubando de mim.

- Ah. Acredite, ele não está me roubando. E a sorte nossa é que o Jack não suspeita de nada. - O agente se deitou ao lado de Hannibal, sentindo o calor do corpo alheio.

Hannibal assentiu devagar e passou um dos braços ao redor do menor, puxando-o para mais perto de si. Jack não podia tirar aquele momento de ambos. Nada podia.

- Eu sei. Mesmo assim, eu me preocupo com você, pequeno anjo. - O Lecter cheirou os cabelos macios de Will. Tinham o perfume de maçã suculenta e tentadora.

- Gosto quando me chama assim. - O Graham apoiou a cabeça no ombro do mais velho, fechando os olhos.

- Sabe que você é mesmo o meu anjo. - Os lábios de Hannibal pressionaram a testa de Will com carinho.

- Não sei se sou mesmo um anjo, Hannibal. Estou quebrando muitas regras por você. - Will suspirou baixo e cheirou o pescoço do Lecter.

- Você pode ser um anjo que está caindo. - O Lecter riu baixo, afagando as costas do mais jovem bem devagar.

- E talvez meu demônio amado seja o culpado. - O corpo do menor ficou arrepiada por completo ao sentir os dedos quentes do maior.

- Isso é tão ruim assim? - Os dedos de Hannibal traçaram de modo habilidoso a linha da coluna do agente.

- Não. Você é a minha maçã do Éden. Sei que vou ser expulso do Paraíso por cair na sua tentação. Mas, cairei feliz. - Will beijou suavemente o pescoço do maior, provocando-o de modo sutil.

O Lecter se virou devagar na direção do Graham e tocou seu rosto angelical e pálido. Will era tão belo quanto o céu. E aquilo chegava a doer. Ele era seu anjo de luz. E Hannibal sabia que era o demônio feito de trevas. O amor dos dois era proibido. Mas, queriam provar daquele pecado.

- Não sabe o que faz comigo quando fala assim. - Hannibal afagou o rosto do menor devagar, fazendo-o ofegar de prazer.

- Acho que tenho uma vaga ideia. - Will passou a ponta do nariz pela bochecha de Hannibal, sentindo o cheiro de sua pele.

- Mesmo? - A mão do Lecter afagou a cintura do Graham. O homem sorriu de lado, gostando de sentir a respiração quente do outro contra seu rosto.

- Sim. E não sei se devo me culpar por isso. - Will se mexeu devagar e sentou no colo do maior, olhando-o no fundo dos olhos, como se quisesse chegar à sua alma.

- Deve. Com certeza deve. - Hannibal se inclinou, beijando o centro do peitoral do Graham, fazendo-o estremecer de leve.

- Devo me desculpar? - Os dedos de Will se enroscaram nos fios macios do cabelo de Hannibal.

- Acho que seria apropriado. - O Lecter subiu os lábios devagar pelo corpo do agente e ele mordeu o ombro do menor sem fazer força. Não queria aquele lindo corpo sendo machucado.

- Então, só feche os olhos, meu querido Lúcifer. - A voz de Will soou baixa e rouca. Ele riu do apelido que dera ao Lecter. Uma brincadeira particular.

- Se eu sou Lúcifer, você é meu Arcanjo. - Os dentes do maior rasparam lentamente na curva do pescoço do Graham, provocando.

Will gemeu baixo e aquele som era pecaminoso. Uma música gostosa para os ouvidos de Hannibal. Alguém tão tenro quanto o Graham deveria ser proibido de existir. O simples fato de ele respirar já parecia ser o suficiente para fazer o mundo do Lecter entrar em confusão.

- Só me beije. - O agente suplicou como uma criança ansiosa.

Hannibal sorriu, mordiscando o lóbulo da orelha de Will devagar e chupou sem pressa. Ele era bom em deixar o menor ansioso, implorando por mais. O Lecter sabia como tomar o controle e deixar o Graham de joelhos, corado.

- Quer que eu o beije? Então diga isso mais uma vez. - Hannibal sussurrou contra o pé do ouvido de Will, fazendo-o estremecer novamente.

- Eu quero que me beije. - Will não conseguia pensar direito enquanto o Lecter beijava todo seu rosto de modo quase possessivo. O maior era o próprio pecado da luxúria na cama.

Hannibal não hesitou. Ele apenas puxou o rosto de Will em direção ao seu e uniu seus lábios em um beijo voraz, fazendo ambos se entregarem a seus desejos mais profanos e obscuros.

Will arranhou a nuca de  Hannibal devagar. Ele sentia que estava cruzando o fogo do inferno e se sentia disposto a ficar todo queimado por aquilo. Seu corpo se encaixava de modo perfeito ao do Lecter, como uma peça de quebra-cabeça.

O maior sentia que havia faíscas entre ambos. As mãos de Hannibal desceram lentamente pela lateral do corpo do agente, fazendo Will ficar ainda mais entregue do que antes. Ele sempre abria o corpo e a alma para o Lecter, ficando todo exposto.

- Você é meu. - Hannibal sussurrou, arranhando os braços de Will devagar.

- Sabe que sou. - O moreno mordeu o lábio inferior do loiro.

Hannibal se virou devagar na cama, ficando por cima de Will e o olhou. Ele ficava lindo daquele jeito, por baixo dele, com as faces coradas e os lábios entre abertos. O moreno era mais do que o Lecter sabia que realmente merecia ter.
Will passou as pernas ao redor da cintura de Hannibal e arranhou suas costas, deixando marcas ali. Marcas próprias para que o Lecter pensasse nele quando ficasse só e se lembrasse de como a cama estava bagunçada e os lençóis esparramados.

- Você é o pior tipo de demônio que existe. Pois sabe como me hipnotizar. - Will esfregou a ponta do nariz na de Hannibal devagar.

Hannibal riu e tirou a roupa de Will devagar e arrancou o próprio roupão. Ele se inclinou e segurou as pernas do moreno e o beijou sem pressa mais uma vez. Os lábios do Graham mereciam ser apreciados como um bom vinho velho.
O beijo era suave. Sem pressa. Os lábios de um já conheciam bem os labirintos dos lábios do outro. Eram velhos amigos. Suas línguas pareciam dançar. Suas respirações se cruzavam devagar.

Will sentiu a pulsação acelerar. Ele e Hannibal suavam de leve. O maior afagou a perna do menor de modo gentil, como um músico tocando um instrumento delicado, depois, passou os lábios pelo queixo dele.

- Eu te amo. - O moreno soltou em meio a um suspiro.

- Eu também te amo. - Hannibal sabia que Will havia derrubado os muros que haviam em torno de seu coração para sempre.

O Lecter entrou de modo suave em seu amante, encaixando-se de modo completo nele. E estar dentro do Graham era como estar voltando para casa. Hannibal gostava de seu aperto quente e familiar. E do modo como o agente se mexia por debaixo dele, chamando docemente por seu nome.

Will revirava os olhos a cada investida profunda, perdido em seu torpor de prazer, sendo levado aos céus. Ele beijava Hannibal enquanto seus corpos se moviam de modo lento e sensual.
O suor de ambos se impregnavam. Eles sussurravam coisas um para o outro enquanto faziam amor lento e cheio de sentimentos. Estavam conectados de modo íntimo e pela alma também.

Às vezes, ambos trocavam olhares profundos e sorrisos cúmplices ao se amarem. E Hannibal colou a testa na de Will quando finalmente chegou ao ápice e o encheu com seu sêmen.
Will também ficou muito satisfeito e assim que chegou ao clímax, era por Hannibal que gritou à plenos pulmões, fechando os olhos e tombando a cabeça para trás devagar.

E quando Hannibal puxou Will para seus braços e o abraçou, o Graham pousou a cabeça em seu peitoral, ouvindo as batidas ritmadas de seu coração. Aquele som era bem conhecido pelo agente, assim como o beijo de boa noite que veio em seguida e pelo sussurro de "tenha bons sonhos".

E na escuridão do quarto, aninhado no Lecter, Will tinha a plena certeza de que era mesmo um anjo que estava caindo pelo demônio...

Anjo que está caindo.Onde histórias criam vida. Descubra agora