Capítulo único.

413 38 0
                                    

A neve continuava a cair sem cessar do lado de fora do consultório.
Os flocos gordos, brancos e gélidos tomavam conta da paisagem, tornando-a uma grande pintura. As árvores estavam cheias de neve em seus galhos. O céu encontrava-se carregado de nuvens cinza chumbo. Ventos uivavam como velhos coiotes. O inverno estava mais rigoroso do que nunca, parecendo disposto a castigar Maryland.
Baltimore estava sofrendo com aquelas nevascas e Will não havia conseguido sair do consultório de Hannibal ainda, pois dirigir naquele momento seria um ato de insanidade. O Graham poderia sofrer um grave acidente nas ruas congeladas e escorregadias. Então, a melhor opção era permanecer quente e abrigado até a tempestade cessar e aquilo iria demorar um bocado pelo visto.
As janelas do consultório estavam fechadas e a lareira se achava acesa. O fogo queimava intensamente, lambendo a lenha e lançando sombras no chão polido. Will estava sentado próximo ao fogo, tentando se manter aquecido enquanto o doutor Lecter preparava um pouco e chá para ambos. O clima ali não era nada ruim e Will genuinamente apreciava a companhia do mais velho.
Hannibal era seu psiquiatra. Ambos se conheciam bem demais. Will fazia consultas há cerca de dois anos e meio e não era pelo fato de ele ser um homens trans, mas, sim por conta de seu trabalho como agente do FBI e de sua grande empatia. E o moreno também era muito tímido. Jack que lhe dissera para começar a ir ao doutor Lecter, já que o mais velho era o melhor psiquiatra da região.
Will confiava inteiramente em Hannibal. Sentia que poderia contar tudo e qualquer coisa ao maior. E os dois tinham se tornado amigos para além das paredes do consultório. Então, Will não tinha mais nenhuma timidez em relação ao Lecter. E Hannibal era uma das poucas pessoas que conseguiam contemplar tudo que Will poderia oferecer a alguém.
- Espero que o chá tenha ficado do seu agrado. – Hannibal falou, aproximando-se do menor, oferecendo-lhe a xícara.
- Tenho certeza de que está maravilhoso. Obrigado. – O moreno sorriu de modo simpático, pegando a xícara.
Hanibal meneou a cabeça de leve e se sentou perto do agente. Eles ficaram em silêncio enquanto apreciavam a bebida doce e quente. A pele clara e macia de Will parecia brilhar sob a luz do fogo. Ele era bonito e Hannibal tinha completa consciência daquilo. Era impossível não apreciar todo o esplendor daquele jovem homem. Somente um tolo não cederia aos encantos do Graham.
- O chá estava mesmo ótimo. – Will falou assim que terminou sua bebida, pousando a xícara em uma mesa que havia perto da lareira. – Há algo em que não seja bom?
- Há muitas coisas em que não sou bom, mas, eu me orgulho particularmente de minha habilidade na cozinha. – Um sorriso cruzou os lábios do Lecter. – Mas, acho que já sabe disso.
- Ah, eu sei bem. É realmente formidável na cozinha. – O Graham sorriu de volta. – Espero poder apreciar um jantar seu mais vezes.
- Será um prazer poder ter sua companhia em breve. E prometo te surpreender como sempre. – O Lecter estava flertando. Aquilo era óbvio somente para os dois, já que ambos sempre eram discretos ao se lançarem um para o outro, brincando entre si.
- Sei que não irá me desapontar. – O moreno se aproximou um pouco mais do fogo.
- Ainda sente frio? – Hannibal pareceu se preocupar no mesmo instante.
Will assentiu lentamente e o Lecter se aproximou mais de si, tomando-lhe as mãos nas suas. O coração do Graham pareceu errar as batidas. Ele olhou no fundo dos olhos do mais velho, vendo os reflexos das chamas em suas íris. Hannibal também era formidável e inesquecível. A paixão naquele momento só pareceu consumir ainda mais o coração de Will. As pupilas do agente se dilataram e um rubor adorável tomou conta de seu rosto.
- Sente-se bem? – Hannibal perguntou sem soltar as mãos do outro.
- Sim. Estou bem, obrigado. É muito atencioso. – Will mal conseguia respirar agora. Havia uma tormenta nascendo em seu íntimo.
- Minhas mais puras atenções são sempre suas, Will. – Aquilo era nada mais do que uma confissão velada de amor. – Você me tem como ninguém mais.
Will não conseguiu responder, pois sentia que nenhuma palavra existente poderia expressar tudo aquilo que ele sentia. Hannibal apertou um pouco mais as mãos do menor e quando ambos se deram por si, estavam se beijando de modo caloroso. As mãos de Hannibal soltaram as do Graham e seguraram seu rosto com delicadeza, mas com firmeza também. Os olhos deles estavam fechados.
Naquele instante, nenhum dos dois queria parar. Já não podiam reprimir todo o desejo, toda a luxúria crescente. Will havia sonhado com aquele beijo e Hannibal, idem. Os lábios deles se encaixavam como duas peças de um quebra-cabeça, como velhos amigos. A mente do Graham estava anuviada. Quando se afastaram, ambos estavam sem fôlego e o Graham tinha os lábios entreabertos.
- Permita-me te aquecer esta noite, Will. – Hannibal sussurrou com a mesma devoção de um amente.
Will meneou a cabeça, incapaz de achar sua voz. Ele permitiu que o mais velho o despisse, expondo-o de modo completo. Suas roupas estavam agora espalhadas pelo chão e o Graham estava deitado no tapete, com o peitoral subindo e descendo depressa. Hannibal tocou em sua bochecha, afagando-a com o dedão. Will estava ainda mais belo do que nunca.
- Confia em mim? – O Lecter perguntou, ficando entre as pernas do menor.
Will assentiu novamente. Hannibal o beijou nos lábios mais uma vez e tirou as próprias roupas. Ele se inclinou de novo e beijou todo o rosto do mais jovem, parecendo gravar todos seus detalhes. O Graham suspirava em êxtase e aquilo soava como música aos ouvidos do Lecter. O psiquiatra passou os lábios pelos ombros de Will e por seu pescoço, distribuindo mordidas e chupões por aquela área, deixando marcas vermelhas em sua pele alva.
O moreno arranhou as costas do mais velho, deixando marcas nele também. Hannibal cheirou o pescoço do Graham e sorriu, beijando o ponto atrás de sua orelha e depois, mordeu o lóbulo desta, chupando de modo suave. Will estremeceu enquanto um arrepio profundo subia por toda sua espinha.
Hannibal segurou seu próprio membro e penetrou aos poucos em Will, sentindo sua intimidade apertá-lo enquanto o recebia aos poucos. O agente arfou, rolando os olhos em prazer e o Lecter começou a estimular o clitóris do mais jovem com o dedão, fazendo-o gemer arrastado.
Will segurou nos ombros do maior enquanto o Lecter entrava e saía dele em ritmo constante, ainda estimulando seu clitóris. O Graham arqueou as costas, apertando mais a cintura do mais velho com suas pernas, quase colando seu corpo totalmente ao do outro.
Hannibal começou a aumentar a força e a velocidade com que saía de Will. O suor brotava na testa de ambos. O moreno arranhou o abdome do Lecter e tombou a cabeça para trás, amando a sensação de ser preenchido pelo mais velho. E nenhum dos homens parecia disposto a acabar com aquilo tão cedo.
No fim das contas, Will realmente estava se sentindo muito mais aquecido do que nunca.

Aquecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora