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O sol brilhava escaldante, trazendo umidade e cor para o ambiente envolto em seu calor. Os campos verdejavam lustrosos e as árvores balançavam com uma leve brisa, suas folhas verdes se espalhando pelo chão, formando um cobertor de uma grande clareira. Os raios solares incidiam quase que perpendicularmente sobre a área sem cobertura, um holofote natural para destacar a bela cena que se desenrolava naquele início de tarde.
Cabelos loiros dourados dançavam pelo jardim, acompanhando os saltos incessantes de sua dona. O vestido azul que a jovem criança vestia misturava-se com as flores e os arbustos, fazendo-a parecer componente essencial da vida pitoresca e singela da floresta. A cada pulo que dava, um sorriso florescia em seu rosto e pensamentos fantasiosos inalcançáveis cintilavam em seus olhos âmbar.

As árvores balançaram em sua direção quando o vento convergiu em sua pequena figura, compelindo-a a soltar um risinho doce e genuíno. A brisa a impulsionou a voar, seus cachos flutuando para cima. Suas asas batendo forte para pegar impulso. Era uma visão fantástica, digna de milhares de obras de arte. As asas grandes e translúcidas serviam como um prisma, absorvendo os raios solares e refletindo-os como um arco-íris em seu encalço. Eram as maiores e mais brilhantes de sua geração, sinalizando o quão poderosa aquela pequena fada poderia se tornar.

— Meu pequeno Sol, venha para mais perto.

Ao escutar o comando, a menina desceu rapidamente, pousando com desequilíbrio no chão. O cabelo antes arrumado agora mostrava-se um emaranhado de folhas e nós, permeado com uma luz dourada forte. Uma luz gerada pelo poder da própria jovem, que agora fazia estrelas brilhantes a seguirem a cada passo.

— Vovó, olhe para as minhas luzes! Olhe, olhe! — a menina cantarolou para a senhora sentada em um toco de madeira e o brilho, em resposta, formou uma leve coroa de estrelas em volta de suas madeixas douradas.

A senhora olhou-a com carinho e pesar, emoções difíceis para uma criança perceber. Era orgulho e medo ao mesmo tempo, uma necessidade inata de sobreviver.

— É o nosso ghrian sídhe, a benção da família Dara, meu pequeno Sol. — a avó sorriu, trazendo aquela alma livre e selvagem para mais perto com alguns gestos — Nosso maior segredo, assim como essas suas lindas asas, meu amor.

— Eu... eu sei, vovó. — a menina fez um biquinho, as grandes asas translúcidas desaparecendo como fumaça de suas costas — Mas as vezes é difícil esconder.

A criança ajoelhou-se na grama, sentindo-a fazer cócegas nas suas pernas. Com suas mãos, afofou o vestido verde musgo da senhora, decorando-o com mais flores e com algumas das estrelas de seu cabelo.

— Por que temos que manter em segredo coisas tão lindas, vovó?

— A luz é a benção que Danu ofereceu à nosso clã, visto que somos parte de seu povo. Ela nos garantiu prosperidade durante muitos séculos. — a idosa fez carfuné na pequena fada — E as asas são algo exclusivo dos Tuatha Dé Danann, mas como elas revelam sua quantidade de poder, podem acabar sendo usadas contra você.

— Como assim?

— Quando você se tornar um grande Sol, você entenderá o que estou falando. — a senhora soltou um sorriso melancólico, como se esperasse que tal idade nunca chegasse para sua pequena netinha — Por enquanto, que tal agradecermos à Danu pelo nosso poder e por nossas vidas?

Um sorriso grande dominou o rosto bronzeado da criança, que rapidamente correu pelo jardim, procurando todo o chão atrás de elementos específicos, cada um significando algo importante para a vida de Seres da Luz como ela. A idosa riu observando sua neta rodopiando afobada pelo grande jardim, as estrelas de seu ghrian sídhe em seu encalço. Seus olhos e sua luz brilharam forte quando arrancou um pequeno dente-de-leão do chão, caminhando cuidadosamente de volta para o toco onde a avó sentava. Tirou de dentro de seu vestido azul um colar rudimentar, com uma âmbar pequena presa na ponta.

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⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

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dara | y. jungwonOnde histórias criam vida. Descubra agora