Êxtase

20. Galope de Sangue

Assim que começamos a andar tirei de meu pulso um elástico, me equilibrei no cavalo e comecei a fazer uma trança lateral, mas a desmanchei logo em seguida porque corria o risco da mecha branca aparecer, então simplesmente amarrei meu cabelo para baixo por ser o mais seguro.

E enquanto fazia isso percebi que era difícil ter um olho coberto, em razão que minha visão periférica era prejudicada e se futuramente eu não estiver adaptada não irei conseguir saber a movimentação do lado direito. 

“Se concentra porra.”

Ralhou Less, me fazendo voltar atenção a estrada, dado que estávamos passando pela cidade antiga e alguns titãs vinham para nos atacar, mas esses eram rapidamente parados pela equipe de cobertura. Soldados sobressalentes que ficaram responsáveis em nos ajudar até os limites dessa cidade, para depois disso estarmos por conta própria no território dos titãs.

Ouço Eren perguntar alguma coisa a Oluo, mas não presto muita atenção porque uma dúvida invade minha cabeça.

Onde está o merda do Tristan? Será que ficou atrás da formação? Não... ele tinha que estar onde a tenente Hange e o Mike estão, lá na frente, um pouco atrás de Erwin, e ninguém perguntou dele ou coisa do tipo...

“Não acha que está pensando muito nele?”

Pergunta em tom provocativo.

“Vai dar o cu vai.”

“Parei, agora preste atenção.”

Aconselha assim que entramos no território dos titãs e o comandante Erwin estendendo o braço gritando:

— Entre em formação de exploração de longo alcance!

Todos começam a mudar suas posições, menos o nosso grupo que ficava na retaguarda ao centro em prontidão, na 5° linha.

“Em um meio círculo virado para a frente, os outros vão se espalhar sem se perder de vista e irão estender as linhas de comunicação e alcance de exploração da forma mais ampla possível.”

Cada mínimo barulho sem ser o casco dos cavalos me deixa um pouco aflita. Eu não tinha medo dos titãs, estava temendo pelas vidas dos meus amigos.

Um estouro acontece, o que significa que alguma pessoa da 1° linha, os quais nós chamávamos de batedores, cumpriu seu papel. A função deles era bem simples, consistia em atirar um sinalizador de fumaça vermelha quando se deparasse com um titã para os outros que o vissem fizessem a mesma coisa, assim o comandante poderia saber a posição dos titãs e sinalizar a direção da rota de toda a formação e poder prosseguir o destino evitando os mesmos.

Um pequeno espaço de tempo passa e nenhum outro sinalizador é disparado, o que não é um bom sinal. Estamos numa zona inimiga, é mais do que provável que tenha vários titãs circundando os arredores, nem que seja de esguelha. Definitivamente alguma coisa tá errada.

— Eren — chamo receosa, olhando de soslaio para trás.

— Eu sei — concorda.

Não precisei nem falar, os dois pensavam a mesma coisa: tinha um titã anormal na jogada. E recebemos a confirmação segundos depois, com a fumaça de um sinalizador preto cortando o céu.

— Merda — resmungo assim que vejo.

— Os outros dão conta — garante Petra, que está ao meu lado esquerdo.

Less dá um risada histérica e fica repetindo alvoroçada "puta que pariu", até que comenta:

“Não é um anormal...”