cap.1

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- Pare com isso! Está assustando a Milly!

Bagunça de cacos no chão, flores  murchas por todos os lados. Uma garotinha no pé da escada colocando as mãos nos ouvidos, com um olhar assutada.

- Eu já disse que eu não quero essa pirralha aqui em casa! Manda aquela vagabunda da sua irmã vim buscar ela!- ele cambaleia para lá e para cá, tira seu casaco negro e o joga no chão- você sabe, você sabe que temos assuntos a resolver...

- Que assunto? Está ficando louco!

A menina de olhos cor de mel assustou quando ele derrubou o abajur no chão. Caroline fechou os olhos, tentando manter a calma, ao abri-los respirou fundo, caminhou até sua sobrinha a tirando do pé da escada e colocando a menina em seu colo, se virou para ele, Alexander, o homem que a 6 anos atrás era completamente diferente desse que estava em sua frente, Caroline caminhou até a saída em passos firmes.

-Onde você vai? Eu disse que nós não terminarmos!

- Eu já! Espero quando eu voltar amanhã, você já tenha desocupado meu apartamento!

-Seu? Seu?- ele riu, sarcástico- esse apartamento é meu, assim como você e tudo o que tem nele!

Caroline agarrou sua sobrinha com força e mordeu a língua, respirando fundo ela virou para ele, olhando bem no fundo daqueles olhos cor de chumbo, cabelos louros bagunçados e uma barba para fazer.

- Esse apartamento é meu, como tudo o que mobilhei, mas se quiser fique com ele, posso muito bem tê-lo de volta quando eu entrar em um processo contra você!

- Desgraçada!

Caroline virou os calcanhares e bateu a porta, caminhou até o elevador com sua sobrinha nos braços e apertou o botão para chamar o elevador, fechou os olhos, respirando com dificuldade e só despertou quando o Bip do elevador a despertou.
Essa foi a gota d'água para ela, já aguentará demais dele, suportou as noites de embriaguez e os xingamentos para com ela, e também com suas irmãs.
Já não bastava ter que sair de sua própria casa para deixa-lo com um teto sobre a cabeça.

Não

Isso já era demais. Seis anos no mesmo inferno, onde ele chega bêbado, quebra as coisas e no outro dia diz que vai mudar.
Caroline já havia desistido dele a muito tempo, dedicou sua vida a um casamento fracassado, se casou aos 22 com um homem de 33. Ele prometeu cuidar e a amar, respeitar e estar ao lado dela em qualquer momento.
No entanto, onde ele estava quando ela teve um aborto espontâneo?
Ela mau pode acreditar quando ele apareceu no outro dia cheio de chupões e fedendo a cachaça.
Mas ele fez o mesmo drama, dizendo que mudaria para melhor, que desse mais uma chance a ele.

Foi por ele, sempre foi por ele que ela não pediu o divórcio, mas desta vez seria diferente, não, ela não aturaria mais isso dele.

Caroline deitou sua sobrinha no banco traseiro de seu carro e bateu sua porta, respirando fundo, ela deslizou pelas ruas de Seattle, seus dedos batendo no volante. Seu celular acendeu mostrando notificações de seu trabalho e o horário 2:45 AM.
Mas não estava nenhum pouco cansada, parou em uma vaga de estacionamento em um shopping e encostou sua cabeça sobre o banco, fechando os olhos, tentando conter suas lágrimas.
Sim, agora com 28 anos Caroline já não acreditava mais no amor, não acreditava mais nos filmes de romance dos anos 80 e 90. Não acreditava mais nas canções de Celine Dion e nem nos livros de romance.
E tudo por ele, por causa dele.

[...]

No outro lado, em uma cama, está um homem só, deitado, de olhos bem abertos sobre o quarto escuro, seus ouvidos bem atentos, sua respiração pesada. Olhou para o relógio ao seu lado 2:45 AM, o trinco do quarto mexeu lentamente, ele fechou os olhos e escutou, os passos abafados sobre o chão do quarto, um cheiro de bebida, cigarro e shampoo, escutou quando o interruptor do banheiro foi ligado e a porta encostou lentamente, ele abriu os olhos e esperou, escutou quando um som de digitar ecoou do banheiro, quando a porta abriu, ele fechou os olhos, o lado da cama afundou lentamente, ela virou de costas e apagou, em um sono profundo.
Michael abriu os olhos, virou sua cabeça para a esquerda vendo os cabelos negros meio úmidos, sentou na cama, seus cabelos curtos chegando perto de seus olhos examinaram o corpo daquela mulher ao seu lado.
Uma descarada, Michael já desconfiava a um tempo que ela o dopava com remédios em seu chá, e só descobriu quando abriu um dos remédios dela e desconfiou do formato que não tinha nada parecido com os da internet.

Ele levantou, abriu a porta do quarto e em passos silenciosos como um gato desceu as escadas de sua casa, os vidros iluminando a sala escura, ele procurou até que encontrou um casaco jogado no sofá, agarrando a peça sentiu um cheiro diferente, um cheiro que não era o dele.
Procurou sobre os bolsos da jaqueta e encontrou lá, um cartão de um Motel.
Michael jogou a jaqueta no sofá e ficou imóvel sobre a sala, fechando os olhos com força.
Ele já havia descido demais por ela, chegou a mandar mensagens de morte para o desgraçado, mas sabia que não adiantaria ficar fazendo um papel tão baixo. Esse não era o estilo dele.

Michael caminhou até seu escritório, de lá tirou uma pasta, com todas as fotografias de sua esposa com o amante, fotos tão vulgares.
Michael caminhou até a bancada da cozinha e espalhou as fotografias sobre o balcão de mármore junto aos papéis do divórcio.

Ele não seria mais feito de trouxa por mais 7 anos.

-Continua

In The DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora